O centenário Piolho é casa de muitas histórias que ganham vida nesta ilustração do Duas Faces

O Piolho é o nome pelo qual é conhecido um café centenário localizado no coração do Porto, mas na verdade a sua denominação oficial é Âncora D’Ouro. Ainda assim, não importa quantos anos passem ou quantas gerações entrem neste espaço recheado de história – o Piolho continua e continuará a ser o Piolho.

E é precisamente por fazer parte das memórias e da vida de tantos clientes – que já se tornaram mais do que isso – que aqueles ao leme deste espaço quiseram ter algo tangente para que quem por ali passa possa levar consigo uma recordação do momento vivido.

Surgiu assim a ideia de criar uma ilustração que mostrasse a panóplia de pessoas que todos os dias saltita pelo Piolho – sejam os estudantes, “porque fazem parte da casa”, a Dona Ermelinda, comerciante do bolhão que ali tomava a sua meia de leite, ou o avô e o neto, “que representam as muitas gerações que fazem esta casa”. O importante, garantem os sócios-gerentes, era transmitir o “ambiente especial” do café e a sua longevidade, que o torna parte vital da cidade Invicta.

Encarregado dessa importante missão ficou o estúdio de design gráfico Duas Faces, liderado por Sérgio Duarte e Ana Monteiro. E o que poderia parecer uma grande responsabilidade – que o é –, acabou por ser facilitado pelo facto de a própria dupla de criativos também pertencer aos alicerces que vão suportando o crescente erguer do Piolho e de chamar ao café “casa”.

Qual foi o mote para a criação da ilustração do Café Piolho?

A ideia sempre foi ilustrar o ambiente que se vive neste espaço de restauração centenário, um ex-libris da cidade do Porto, que não se rendeu à pressão do turismo de que a cidade tem vindo a ser alvo.

O Piolho é casa de muitas histórias, escritores, estudantes, jornalistas, e pessoas comuns que passam por aqui todos os dias e procuram um “café” na sua essência. E nós, como frequentadores do Piolho desde o nosso tempo de estudantes até aos dias de hoje, só tivemos de enumerar essas histórias, sendo que algumas delas são inspiradas nas nossas histórias. O processo acabou por ser facilitado por este facto: o Piolho não é um espaço novo para nós que fizemos este trabalho; o Piolho também é a nossa casa!

Quais foram as indicações dadas pelos responsáveis do Café para este trabalho e como é que a Duas Faces as trabalhou?

«Vocês conhecem o espaço, são frequentadores, conhecem o ambiente. Tentem contar a história do café.»

Acabou por ser um trabalho simples, porque somos frequentadores do espaço. Enumerámos as histórias e a Cristiana Rodrigues, a ilustradora, com o seu traço único, fez o resto.

De que forma encaram os vários prémios recebidos por este trabalho? (Grand Prix em Ilustração na Prémios Lusófonos da Criatividade e Silver Awards nos Graphis Design Awards)

Emocionalmente, este trabalho diz-nos muito, mas podemos sempre ser traídos pelo ego. Os prémios apenas comprovam que há algo de especial na solução encontrada.

Na verdade, o mais gratificante é observar os clientes do Piolho, locais ou turistas, quando se sentam a uma mesa e olham para a ilustração. Divertem-se com a imagem, comentam e reconhecem as situações representadas. E perceber que, muitos deles dobram o individual e levam consigo esta recordação… Isto sim é maravilhoso, não estávamos mesmo à espera!

Este trabalho para o histórico café foca-se unicamente na ilustração ou inclui outros aspectos de rebranding?

Sabíamos que, se a ilustração resultasse, poderíamos expandir a linguagem a outras peças de comunicação da marca, como acabou por acontecer com os canais digitais e também com os postais que fazem parte da linha de merchandising que está a ser criada.

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