Nos rios da negociação e da ética empresarial

Por Jorge Farromba, IT Project manager na TAP Air Portugal

Nas minhas aulas sobre negociação, comunicação e ética empresarial, tenho por norma não me focar somente em transmitir aquelas que são as boas práticas dos manuais, as técnicas ou algum do meu conhecimento. Tento, sobretudo, com exemplos reais, de empresas reais que estas tragam o seu contributo para as aulas.

E, dessas interacções, retiro aquele que parece ser um denominador comum em todas as intervenções.

Hoje em dia, as marcas optam por um posicionamento totalmente diferente face a anos ou décadas anteriores. Hoje, a marca “fala verdade” com o seu consumidor, ouve-o, negoceia com ele numa vertente win-win, num modelo de negociação de Harvard onde as partes não são adversárias, mas parceiras, onde as partes envolvidas saem ambas beneficiadas da negociação, num relacionamento que se pretende justo e duradouro.

E este modelo de negociação que pode ocorrer no sector do imobiliário, automóvel, num processo de recrutamento, numa gestão de um projecto, é de tal modo importante que somente as marcas que o utilizam têm sucesso no mercado, se destacam e são reconhecidas junto da opinião pública.

Verifico também que, neste tema, a ética é um pilar destas empresas. Estas possuem um código de ética implementado, rigorosamente cumprido e isso nota-se na abordagem dos seus colaboradores, na satisfação e orgulho com que nos falam da sua empresa, mas também no modo e na forma como nos transmitem a mensagem da empresa e de como como interagem com os vários públicos.

E o  que tem tudo isto a ver com o sector automóvel? Muito, diria tudo, mesmo!

Hoje, as marcas (no sector automóvel) vivem cada vez mais da lealdade do seu público. E este último não corresponde muitas vezes com lealdade à marca. Divorcia-se dela ao mínimo problema. Basta por vezes uma falha da marca, um pedido não solicitado ou mal explicado.

Daí a importância das marcas criarem relacionamentos duradouros com os seus públicos, desde o inicio da jornada do cliente (o momento em que inicia o contacto com a marca), mantendo uma negociação/comunicação (interacção) com este, justa, transparente, ética. E, seguramente neste particular, quando temos empresas éticas, temos profissionais éticos, embrenhados e empenhados em garantir o melhor para a marca que representam. E estas histórias que as marcas hoje nos transmitem assentam todas elas em princípios de equidade, sustentabilidade, ética, responsabilidade social, relacionamentos.

E serão estas as marcas que irão singrar presentemente no mercado, independentemente de ter bons produtos.

As técnicas e as regras a seguir são simples. A implementação é mais difícil. Mas para tal é necessário que o Board crie esta cultura na marca e, qual rio, esta “água” se dissemine em toda a organização.

E hoje temos verdadeiros exemplos de casos de sucesso no mercado automóvel.

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