Nike está “de volta” às origens e assinala viragem com regresso ao passado

Elliot Hill, o CEO da Nike, prometeu revitalizar a marca e trazer de volta sua essência, e já começa a dar os primeiros passos nesse sentido. O maior grupo do setor desportivo, sob a liderança de Hill desde outubro passado, está a resgatar a sua origem para se voltar a ligar aos consumidores, após um período desafiador sob a gestão de John Donahoe.

Na sua primeira teleconferência com analistas, Hill destacou que a empresa pretende “reinvestir nas suas marcas para criar histórias inspiradoras que se conectem emocionalmente com nossos consumidores durante momentos esportivos importantes e lançamentos de produtos críticos”. Como parte dessa estratégia, a Nike trouxe de volta a célebre campanha “Banned” da marca Jordan, com um novo anúncio publicitário protagonizado por Luka Dončić, Travis Scott e DJ Khaled.

A história por trás desta campanha remonta a 1985, quando a NBA proibiu Michael Jordan de usar os seus ténis pretos e vermelhos durante os jogos, alegando que estes violavam o código de vestuário da liga. A Nike, no entanto, pagava a multa de 5 mil dólares por jogo e aproveitou a polémica para lançar uma campanha publicitária que impulsionou as vendas do Air Jordan 1, tornando o modelo um fenómeno global.

A nova versão do anúncio regressa assim ao passando revisitando essa história ao som de “Another One Bites the Dust”, dos Queen. O vídeo começa com imagens do jovem Michael Jordan no anúncio original de 1985 e evolui para apresentar Lawrence H, um fictício funcionário do departamento financeiro da Nike.

A marca não se ficou apenas pelo anúncio, e criou perfis de Lawrence – a personagem fictícia – no Instagram (@thenikesuit) e no LinkedIn, onde se apresenta como um colaborador de longa data. Desta forma, a empresa garante mais autenticidade à campanha.

O anúncio brinca com a ideia de que, sem os Air Jordans, o basquetebol nunca se teria tornado um fenómeno global, DJ Khaled nunca teria dito “We the best”, Travis Scott nunca se teria tornado “La Flame” e o universo dos sneakerheads nunca existiria.

O impacto da Jordan Brand na cultura desportiva e pop é reforçado com frases como “a cor vermelha não seria legal” e “ninguém saberia aqueles números de letras” — uma referência à numeração romana usada nos modelos Air Jordan.

O CEO da Nike, que em dezembro de 2024 definiu a causa da crise existencial da Nike com a frase “perdemos a nossa obsessão pelo desporto”, colocou novamente o atleta no centro de cada decisão.

Com a nova campanha, a Nike reafirma o seu legado e reforça a mensagem de que “a grandeza não pode ser proibida”.