NFT’s são a nova proposta de criptoativos que está a revolucionar o mercado digital

Todos os anos, as feiras reúnem obras de artistas. Porém, a pandemia de COVID-19, para além de ter potenciado o distanciamento social, provocou também um apogeu de novas tendências, a maior parte delas inseridas no meio digital. São cada vez mais os artistas que recorrem ao digital para expor, publicitar e, claro, vender os seus trabalhos. Mas as novidades não param por aqui. Nos últimos meses, outro conceito tem vindo a agitar, sobretudo, o mercado de arte, estando a penetrar agora também no mundo dos jogos e das apostas. Falamos dos NFT’s, sigla que significa, “Non-fungible Token”, ou seja, traduzindo para português, “Token não-fungível”.

Mas o que são, então, os NFT’s?

Os NFT’s são ficheiros digitais – com estatuto de propriedade digital -, criados a partir da tecnologia de “blockchain”, que correspondem a imagens. Isto é, são “peças” digitais únicas que podem ser eternizadas e podem ser utilizadas para representar itens como fotos, vídeos ou outros tipos de arquivos digitais como os encontrados em sites de tecnologia. O acesso a qualquer cópia do arquivo original, não é restrito ao comprador do NFT. Embora as cópias desses itens digitais estejam disponíveis para qualquer pessoa, estes ficheiros são rastreados em “blockchains” para fornecer ao proprietário uma prova de propriedade separada dos direitos autorais. Apesar de funcionarem como criptográficos como as Bitcoin, não são permutáveis, mas sim detidas por uma única pessoa. Algo que garante, assim, a autenticidade da obra, mesmo no ambiente digital. Cada NFT pode representar um ativo subjacente diferente e, portanto, pode apresentar vários valores. O processo de transação criptográfica garante a autenticação de cada arquivo digital, fornecendo uma assinatura digital que é usada para rastrear a propriedade do NFT.

NFT’s em mundos virtuais – arte, jogos e apostas

De acordo com uma análise da Bloomberg, a comercialização dos NFT’s é já uma tendência em crescimento. Recentemente, o mercado da arte digital movimentou cerca de 2,5 mil milhões de euros. Foi ainda nos últimos meses que a marca de roupa de luxo Louis Vuitton se direccionou para este mundo, a par com os jogos online. A Louis Vuitton lançou um jogo de vídeo online, onde os jogadores podem colecionar 30 NFT’s gratuitamente, à medida que acompanham o percurso da mascote da marca, a Vivienne, até Paris. O “Louis: The Game” inclui 10 NFT’s da autoria de Beeple, o artista que viu, num leilão que decorreu em março deste ano, o seu trabalho vendido por cerca de 60 milhões de euros. Também várias outras empresas desta indústria, como é o caso da Gucci, informaram a Vogue Business da sua intenção de lançarem os seus próprios NFT’s.

Os ficheiros já se uniram ao Poker, numa iniciativa do World Poker Tour, onde estes criaram os seus próprios NFT’s. De facto, o potencial dos NFT’s é tal que, segundo a Bloomberg, há “day traders” que estão a apostar “tudo em avatares gerados em computador, deixando para trás as negociações especulativas”, tais como as criptomoedas. Alguns analistas consideram até mesmo o aumento do interesse pelos NFT’s como uma prova de que os investidores estão a transitar das ações para os colecionáveis digitais.

Em Portugal, a marca do sucesso desta “nova linguagem” já é visível. Prova disso são os 2,2 milhões de euros que a “startup” portuguesa Exclusible recebeu para lançar uma plataforma de NFT’s. Será uma questão de tempo até as criptomoedas ficarem obsoletas? Os NFT’s usar-se-ão em sites de apostas online? A seu tempo, o mercado o dirá.

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