Neste ÀCosta há mar e mar, a apetecer ficar e voltar

Olivier da Costa é um irrequieto. Quando pensamos que já poderia ter criado tudo, afinal só foi quase tudo. E pode-se gostar ou não, mas o que é certo é que dos 52 conceitos que desenvolveu até à data, poucos foram os que não saíram ganhadores.

Isto tudo vem a propósito do seu mais recente ÀCosta, espaço aberto na Doca da Marinha, em Lisboa, desde há cerca de um ano, mas que Olivier só passou agora a gerir e lhe implementou sabor a mar. De resto, a própria marca é uma bela combinação entre o seu nome e toda a nossa costa de onde chegam, diariamente, os peixes e mariscos mais frescos.

Mas o ÀCosta, que se veste em tons de verde e se estende em jeito de varanda sobre o rio, quer ser mais ainda. Como diz o próprio, quer ser tributo à cultura e gastronomia portuguesas, pelo que Olivier decidiu repescar e trabalhar – juntamente com o chef Tiago Marujo – algumas receitas de família.

Numa carta que se diz de partiha e que pode ser apreciada ao longo de quase todo o dia, há recordações da avó Maria Luísa, do avô Augusto, ca tia Matilde ou do tio Jorge. Claro que criados sempre com o tempero de Olivier da Costa que a alguns pratos tradicionais junta toques de Mundo, das suas experiências e vivências, do que o cliente gosta e do que quem o visita lhe pede!

«É um conceito que penso desenvolver há muito tempo, com a chamada comida da avó. São vários os pratos que nos identificam como portugueses, como a açorda ou o peixe grelhado. Sempre quis trabalhar um conceito em que fosse possível ir buscar as raízes portuguesas que tão bem conhecemos», diz, enquanto recorda alguns momentos de infância que o fizeram, entre outros, trazer para a carta a mousse de chocolate com nougat e conguitos – «era sempre o que comia quando a minha avó, professora do Liceu Francês, saía das aulas e comprava em frente, para fazer em casa..»

Na carta há então muito peixe e marisco frescos, mas há também carne que, aqui, ninguém fica de fora!

Quanto à nossa viagem neste mar tranquilo e onde apeteceu ficar ao sabor das ondas, começou com as belas ostras de Setúbal que são daqueles que verdadeiramente nos envolvem em maresia. Seguimos mar fora com um delicioso carpaccio de vieiras, entregámo-nos de mergulho de cabeça nas navalhas grelhadas com manteiga de alho e ervas e fechámos estas primeiras braçadas com o ovo ÀCosta que se traduz em ceviche de camarão da costa com batata palha e ovo estrelado, tudo bem misturado e envolvido à nossa frente em jeito de ovos rotos… só que com sabor a mar, lá está.

Porto seguinte: os pratos principais. Aqui, não tivemos hipótese de escolha que Olivier quis que provássemos os best sellers ou os que os clientes mais têm pedido e repetido: as lulas grelhadas e o arroz negro com carabineiros. Obrigada por nos ter tirado o trabalho e sermos guiados pelo comandante do navio!

Diz que, em termos de aplauso, o bacalhau ÀCosta (2 pax), confitado, servido no pão com feijão verde, grelos, cebola e azeitona, o prego de atum, e o carabineiro ÀCosta, grelhado com molho beurre blanc também estão taco-a-taco!

E para quem não passa sem carne, há o chuleton minhoto maturado, a carne de porco à Alentejana, o bife tártaro, o Pica-Pau do lombo ou a presa de porco preto.

Para chegarmos a bom porto, nada como ir às sobremesas. Não é fácil é escolher entre a tal mousse de chocolate de comer à colher, o doce da casa declinado em gelado de iogurte grego, com bolacha maria e doce de ovos, ou o Pão de Ló de Ovar e o leite creme queimado.

A acompanhar está uma carta de vinhos com opções nacionais e internacionais, assim como uma carta de cocktails.

Ah, já lhe dissemos que o ÀCosta junta o pôr do sol de um final de dia com a descontração de um início de noite, com uma localização privilegiada na cidade.

E funciona de terça a domingo, a partir das 12.30 até às 00.30. É que se não quiser ir almoçar nem jantar, e passar lá a meio da tarde, também pode entrar e sentar-se que a carta de “petiscos” está pronta para ser servida fora de horas.

Boa viagem até esta costa!