Não alinhe pela mediana, pf!
M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer
Sou de estatura média, ou baixa. Aliás, a mais baixa da família! Mas nunca gostei de alinhar por ela. Mediania é adjectivo que não me cola. O mais do mesmo, o “está bom assim porquê mudar”, o deixar correr os dias de forma igual, altera-me feições. O mediano nunca deixará de o ser. Ficará sempre abaixo da copa das árvores. Nesta imensa floresta global, só se manterá na sombra, sem relevo. Por isso, gosto de fazer e procurar a diferença. Nas pessoas, nos lugares, na vida. Porque a diferença enriquece.
Portugal continua a sofrer desta entropia. Foi vírus que se propagou e ainda não teve remédio certeiro, apesar de haver já uma mão-cheia de fazedores, gestores, criadores, a tentar tratar dele e puxar para cima tudo o resto. “Rabo de Peixe”, a tal série portuguesa que durante semanas se manteve no top da Netflix, é apenas um dos espelhos do trabalho feito por gente que não quer, lá está, fazer mais do mesmo! Aliás, “Rabo de Peixe” só vem pôr mais a nu aquilo que há uns anos já sabíamos: somos acima da média na produção, no audiovisual, na criação de conteúdos.
Portugal nunca foi tão procurado para a realização de filmes, documentários, séries ou campanhas, e os nossos profissionais nunca foram tão procurados e galardoados. De resto, o último festival de Cannes é só mais um palco que o comprova: nove leões.
Se podíamos ser mais? Tão mais! Há mesmo quem defenda que temos tudo para nos afirmarmos como a Hollywood da Europa. Claro que, para isso, serão precisos apoios e incentivos. Mas, e antes de tudo, querer fazer melhor! Augusto Fraga, co-autor e realizador de “Rabo de Peixe”, acredita que «não há nada que nos falte», e que a série é uma porta que se abriu e importa atravessar, por mais!
É neste País que acredito, é este saber-fazer que abraço. Porque só assim chegaremos acima da copa das árvores!
Editorial publicado na revista Marketeer n.º 324 de Julho de 2023