Musa: Livre e solta, a cerveja de todos!
Pode procurar no dicionário, mas de certeza que não vai encontrar a palavra “livreza” em sítio nenhum. No entanto, é esta a expressão que se tem ouvido nos últimos dias quando se fala da Musa, a cerveja artesanal que já celebra sete anos de vida com um refrescamento da imagem. A intenção é mostrar a forma de estar e o estado de espírito da marca. «Livre, descomprometida, leve, solta e aberta a todos», garante Bárbara Simões, directora de Marketing da Musa.
De acordo com a profissional, a marca é livre para experimentar e surpreender, «seguindo a sua própria vontade e quebrando com a ditadura da pilsner». A expressão “livreza” – utilizada abertamente pela Musa – «corporiza também uma certa liberdade de ser, de estar, de expressar, de intervir e de criar, mantendo uma abertura de espírito, um carácter de espontaneidade e inspiração constantes», revela.
A responsável sublinha também o papel colaborativo da marca, que se assume, cada vez mais, «como uma plataforma fundamental para a reunião de artistas emergentes e consagrados de diferentes linguagens e geografias». Com esta forma de rebranding, a Musa deu carta branca a oito nomes de áreas completamente distintas – que vão desde a ilustração ao design gráfico, passando pela pintura e pela street art – para reinterpretarem a imagem das oito headliners da empresa. Assim, «AkaCorleone fez renascer a “Born in the IPA”, Amargo dedicou-se a dar rock à “Red Zeppelin”, André da Loba dançou a “Twist and Stout”, Bráulio Amado dedicou-se à “Blondie Ale”, D’Uma Ova à “Peste e Sidra”, Inês Machado à “Frank APA”, Mantraste à “Psycho Pilsner” e, finalmente, Mariana Malhão à “Saison O’Connor”», refere.
TARGETS ESPECÍFICOS, DESAFIOS E PARCERIAS
Desde o início que a Musa tem o objectivo de «democratizar a cerveja artesanal em Portugal», dado que se caracteriza como «uma marca de cerveja para todos e não só para alguns». Por este motivo, a directora afirma que a empresa não tem interesse em «restringir targets, nem delimitar em demasia os seus públicos-alvo». Ainda assim, se tivesse de escolher um determinado target, a marca apontava para «as pessoas mais jovens de espírito, descontraídas, descomprometidas e que tenham um grande sentido de humor».
No que concerne à oferta actual da empresa, Bárbara Simões realça que a cerveja artesanal permite fazer «uma quantidade infinita de cervejas». Ainda assim, a própria reforça que existe um portefólio fixo, com headliners específicos, como a “Blondie Ale”, “Frank APA”, “Born in the IPA”, “Psycho Pilsner”, “Red Zeppelin”, “Saison O’Connor”, “Twist and Stout” e “Peste & Sidra”. Para além disso, são disponibilizadas cervejas lab, specials e collabs, com destaque para a “Erva Prince” e a “Hey Ho Saison”».
Sobre eventuais parcerias para o futuro, a profissional garante que a marca «está de braços abertos para receber quem lhes bate à porta», ao mesmo tempo em que deixa abertura para bater à porta de outras empresas. «Não há nada que nos dê mais prazer do que uma boa colaboração e parceria, quer seja com produtores de vinho, cerveja, pão ou chocolate. Beber conhecimento e inspiração na casa dos outros é mesmo a nossa cena.» Segundo a própria, as marcas vencedoras não são aquelas que actuam sozinhas, de costas voltadas, mas aquelas que se relacionam umas com as outras.
ESPAÇOS DE MARCA PRÓPRIA E ESTRATÉGIA DE COMUNICAÇÃO
A Musa possui, neste momento, quatro espaços de marca própria. O primeiro foi inaugurado em Marvila, em 2017; o segundo na Bica, em 2019; o terceiro no Porto, em 2021; e o último em Colares, já durante este ano. «Os bares têm a nossa cara, ouvem a nossa música, bebem a nossa cerveja, comem os nossos petiscos e sorriem com as nossas pessoas. São, sem dúvida, a nossa melhor e maior plataforma de comunicação. A verdadeira experiência da marca vive-se aqui», defende.
Ao nível do merchandising da marca, a responsável diz que tem sido feito um investimento por parte da Musa, do qual já é possível ver alguns resultados interessantes. «Qualquer marca quer atingir o status de love brand e nós não somos diferentes. Apesar de não termos um produto para as massas, sentimos que os nossos clientes são bastante fiéis e identificam-se com a marca e, por isso, gostam de a levar ao peito e vestir a camisola.»
Porém, a estratégia de comunicação da Musa vai muito para além dos produtos de merchandising. Segundo a directora de Marketing, «o bar é um local onde o contacto com o produto é simples e directo, e onde a empresa consegue, de forma eficiente, controlar a maneira como a cerveja é consumida». Mais, estes espaços físicos «permitem perceber a imagem que os consumidores têm da marca, ao mesmo tempo em que têm a função de ser espaços agradáveis para conquistar e fidelizar os clientes».
As redes sociais online são um dos canais mais utilizados pela Musa para chegar ao público e, segundo Bárbara Simões, são essenciais para a «notoriedade e a percepção da marca», seja através da promoção dos bares ou a partir da divulgação dos respectivos eventos da organização. «A nossa estratégia passa por uma voz activa, fresca e irreverente, que inspira quem nos vê a pegar numa cerveja e a experimentar coisas diferentes», salienta.
Para além dos bares e das redes sociais online, o website da Musa sofreu recentemente uma reformulação estratégica no sentido de estar em consonância, não só com a imagem da marca, mas também com as necessidades e expectativas dos consumidores. A empresa especialista em cervejas artesanais simplificou o processo de compra, para que seja concluído em menos clicks, limpou algumas páginas e criou uma plataforma que permite conectar a marca com o consumidor de forma cada vez mais directa.
PLANETA, CONSUMO CONSCIENTE E OBJECTIVOS
Enquanto responsável de marketing de uma marca tão irreverente, a profissional refere que há um enorme compromisso quando se trata de questões de sustentabilidade. Além das medidas internas, revela que um dos grandes objectivos da empresa passa por transitar parte do actual portefólio para latas. «Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, as latas são significativamente melhores para o planeta do que as garrafas descartáveis, já que a pegada de uma cerveja enlatada é aproximadamente 35% menor do que uma cerveja engarrafada», justifica.
A Musa reforça, também, que existe «uma grande preocupação com o consumo responsável de álcool», mas admite que este ainda «é um tema difícil» para a organização. Para inverter a situação, Bárbara Simões garante que o maior peso da balança está no lado do Governo, da União Europeia (UE) e das grandes marcas, que têm um papel determinante para a tomada de decisão sobre medidas que visem a adopção de um consumo consciente, responsável e moderado de álcool. «A nossa voz ainda não é suficientemente grossa para ser ouvida e fazer a diferença num tema tão grande como a sustentabilidade», deixa o alerta.
Por último, sobre as estratégias e as iniciativas planeadas para eventos futuros, a directora de Marketing realça que «a Musa tem Rock & Roll no nome e na atitude», revelando, em seguida, que a marca pretende associar-se a festivais de música de pequena e média dimensão. «Desde sempre que estamos ligados a artistas de pequena e média dimensão. São os nossos embaixadores e é com eles e por eles que tantas vezes trabalhamos», conclui.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Marketing de Cervejas”, publicado na edição de Agosto (n.º 325) da Marketeer.