Mulheres na linha da frente?

M.ª João Vieira Pinto
Directora de Redacção Marketeer

Quando um ano começa, é sempre tendência sonhar novos projectos. Até aqui tudo bem! Na Marketeer não somos excepção e por isso também temos uma gaveta cheia de ideias que queremos materializar. Continua tudo bem.

Uma delas é um podcast que arranca já este mês e que vai partilhar histórias de marcas, contadas por quem as faz. Ou seja, aparentemente, tudo bem ainda. A questão que aqui trago hoje só se levanta quando começo a organizar a agenda com as empresas, as marcas, protagonistas e suas vidas. Mais de 90% escreve-se no masculino.

É verdade que a lista de mulheres na linha da frente é crescente. CEO, presidentes, administradoras, directoras… o número tem engordado e não é só uma questão de quotas, mas de mérito e saber. Se bem que eu, que já fui contra elas, deixei de o ser quando percebi que, em fóruns concretos, é das poucas vias para que um nome eventualmente começado por Maria consiga assento para si!

Só que o que está aqui em causa não é um tema de liderança. A questão é risco. Quando se acredita de tal forma numa ideia que se põe muito ou tudo nos pratos da balança para que a mesma ganhe forma. Quando se faz contas e mesmo contra obstáculos e críticas se segue em frente. Quando não se tem medo. Quando o que mais importa é o que sonhamos. E, aqui, as mulheres perdem em toda a linha. Por questões de outra carreira, a familiar. Porque continuam a perfilar velhas máximas. Porque quando um em casa arrisca, o outro tem que segurar. Que ideias, ah essas existem e de um valor incomensurável. Ou os mesmos fazedores e criadores de marcas também não quereriam ter essas mulheres bem perto, como elemento perfeito para que tudo funcione e pouco falhe. No final, apenas me pergunto: chegará o dia em que tudo isto dará a volta?

PS: Para a realidade aqui retratada, apenas olhei a Portugal!

Editorial publicado na revista Marketeer n.º 342 de Janeiro de 2025

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