Morte por ChatGPT

Por André Ferreira, consultor de Marketing

O Chat GPT é um sistema de inteligência artificial.

É capaz de criar código de programação, escrever textos de todo o tipo (incluindo livros), fazer verificações matemáticas, ter conversas filosóficas, e toda uma outra miríade de tarefas…

Após cinco dias de ter sido lançado, em Novembro de 2022, já tinha um milhão de utilizadores.

Em Junho de 2023, atingiu os cem milhões, e teve quase dois mil milhões de acessos.

Assustador, não é?

Mostra que o mundo está cada vez mais automatizado.

O que, por sua vez, levanta uma questão muito importante:

“Se tudo está mais automatizado… o que resta para nós fazermos?”

Acredito que apesar de assustador, este é um insight importante acerca do nosso futuro profissional.

Se as “tarefas” estão cada vez mais automatizadas, então o valor das mesmas é cada vez menor.

Todos os empregos que se foquem em operações (sobretudo operações repetidas) irão desaparecer, ou pelo menos tornar-se-ão cada vez menos relevantes.

Se os robôs são capazes de fazer melhor quaisquer tarefas repetidas, o nosso ponto diferenciador passa de “como fazemos” para “o que fazemos”.

A nossa diferenciação passa da competência para o meta-conhecimento.

Passa para a nossa capacidade de aprender e usar rapidamente ideias e informações novas de forma a chegar a soluções criativas.

Ou seja, se queremos vencer os robôs e os ChatGPTs da vida, precisamos de aprender a aprender melhor.

Como fazê-lo?

Um dos modelos mais populares sobre a forma como o ser humano aprende é o “cone de aprendizagem”.

Um modelo que relaciona a nossa capacidade de retenção com o nosso nível de envolvimento.

Em suma, diz-nos que retemos:

  • 5% das palestras que ouvimos
  • 10% do que lemos
  • 20% dos vídeos que vemos
  • 30% das demonstrações que fazemos parte
  • 50% do que discutimos com outros
  • 75% do que praticamos
  • 90% do que ensinamos

No entanto, a maior parte de nós não é professor e não tem a quem ensinar.

Por isso, o melhor que podemos fazer é praticar – interagir com o material à nossa disposição.

O que, na prática, se resume a ter ideias sobre as ideias com que entramos em contacto.

Pensar e interagir com ideias de forma deliberada e intencional origina questões, questões essas que usualmente desbloqueiam outros pensamentos relevantes e úteis para os problemas que temos em mãos.

Ou seja, ao pegar na nova informação e traduzi-la para as nossas próprias palavras, tornamo-la nossa.

Passa a ser parte das nossas ferramentas mentais.

É por isso que temos de ter ferramentas que nos ajudem a pensar, e a melhor que temos ao nosso dispor é simplesmente escrever.

Caneta, bloco, computador, etc., tudo serve.

Escrever formaliza os nossos pensamentos.

Obriga-nos a clarificar abstrações, usar palavras em vez de imagens ou sensações, e dá-nos uma vista de topo sobre as relações entre ideias – ajuda-nos a identificar erros de raciocínio.

Torna-se mais fácil perceber se os nossos argumentos são bons e se as decisões fazem realmente sentido – além de que se torna mais fácil partilhar as nossas ideias com outras pessoas.

Concluindo, para nos diferenciarmos no mercado de trabalho a criatividade e pensamento crítico são cada vez mais importantes.

Escrever é a melhor ferramenta que temos à nossa disposição para testarmos a qualidade das informações que recebemos e das ideias que temos.

Para ter sucesso no mercado de trabalho precisamos de pensar bem e para pensar bem precisamos de escrever.

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