Mercado global de bens desportivos deverá ultrapassar os 500 mil milhões de euros em 2027

O mercado global de artigos e equipamentos desportivos deverá crescer 7% anualmente nos próximos quatro anos, atingindo os 512 mil milhões de euros em 2027, de acordo com as conclusões do relatório “Sporting Goods 2024: Time to Move” da McKinsey & Company e da World Federation of the Sporting Goods Industry (WFSGI).

O relatório aponta cinco tendências que marcarão a indústria este ano e que vão desde o impulso no crescimento digital à aceleração da sustentabilidade, evolução para o social commerce, reconfiguração dos canais de distribuição e o imperativo de criar estratégias na cadeia de abastecimento.

De acordo com a análise, em 2023 a indústria global de bens desportivos seguiu em linha com a recuperação de vendas já registada em 2022, tendo gerado receitas na ordem dos 396 mil milhões de euros. O crescimento da receita ao longo do ano foi de 6%, em comparação com os 2% verificados em 2022. No entanto, as empresas de artigos desportivos continuam a enfrentar os desafios macroeconómicos, a forte concorrência e o aumento dos níveis de inatividade física em todo o mundo.

Apesar disso, muitos executivos afirmam estar mais optimistas do que nos últimos anos. Uma das razões para esta perspectiva mais positiva é o facto de as preferências dos consumidores estarem a evoluir. Cada vez mais pessoas escolhem desportos mais rápidos, que exigem menos compromissos e são mais sociais – corrida, pickleball, padel e off-course golf estão a registar níveis crescentes de participação. Por outro lado, o desporto nunca foi tão popular entre os grupos demográficos mais velhos, criando um mercado em que a participação é tão importante como o desempenho.

E o futuro?

Se olharmos para o futuro, os players mais bem-sucedidos serão aqueles com capacidade para inovar, para dar resposta às mudanças nas exigências dos consumidores e com capacidade para gerirem a complexidade da cadeia de distribuição face aos desafios actuais, enquanto aproveitam as oportunidades de mercados e ecossistemas emergentes. Através de esforços nestas áreas e de uma forte concentração na execução, a indústria estará bem posicionada para continuar a sua trajetória positiva.

Nesse sentido, os cinco temas-chave que estarão em destaque nas agendas dos executivos do setor em 2024 são:

  1. Mixed Markets – As empresas devem encontrar uma fórmula vencedora e a estratégia de canal correcta, no meio de um crescimento desigual nos maiores mercados mundiais e de um desempenho cada vez mais polarizado. Os líderes estão preocupação com a inflação e o excesso de inventário, bem como com a atracção de talento e o imperativo urgente de se tornarem mais sustentáveis.
  2. Mudança nas preferências dos consumidores e oportunidades geracionais – Os desportos sociais e a crescente participação das gerações mais velhas oferecem oportunidades. A confiança do consumidor permanece contida, no entanto, o sector de artigos desportivos mostrou que pode ser resiliente, com muitas empresas relativamente imunes à mudança para produtos mais baratos. A lealdade à marca está a diminuir e os comportamentos do consumidor também estão a mudar, preterindo os desportos organizados pelas opções mais acessíveis. Essa mudança apresenta novas oportunidades de crescimento, especialmente em segmentos como o padel (+159% de crescimento de 2019 a 2022) e o off-course golf (+57% de crescimento de 2019 a 2022), que demonstraram um aumento de popularidade.
  3. Planeamento, planeamento, planeamento – A gestão de stocks continua a ser um desafio urgente, à medida que as empresas lidam com o seu excesso e volatilidade. O aumento do custo de vida complica ainda mais as perspectivas, obrigando as empresas a reavaliar os seus processos de planeamento. A chave para estarem preparadas reside no planeamento empresarial integrado, que pode melhorar significativamente a coordenação e reduzir o número de surpresas. No entanto, uma implementação eficaz exige novas abordagens de liderança e alinhamentos interfuncionais, bem como inputs e outputs padronizados. As empresas podem combiná-los com análise avançada e Inteligência Artificial ou Machine Learning para garantir um planeamento e uma previsão de extremo a extremo mais precisos.
  4. Dos objectivos de sustentabilidade às acções – Embora muitas empresas estejam a fazer progressos, outras ainda estão a dar os primeiros passos. Por exemplo, os consumidores valorizam cada vez mais os produtos que utilizam materiais orgânicos ou sustentáveis – e estão muitas vezes dispostos a pagar mais por eles.
  5. Jogar o jogo do ecossistema desportivo – O futuro consiste em oferecer mais do que uma única ideia. Depois de algumas empresas terem adoptado modelos de negócio directos ao consumidor, no ano passado assistiu-se a uma renovada atenção às parcerias grossistas, que reflectem a percepção de que os consumidores gostam de fazer compras num ambiente multimarca. Isto deve-se ao facto de os avanços tecnológicos e as tendências de saúde estarem a conduzir a uma mudança na procura dos consumidores de produtos individuais para soluções abrangentes centradas na saúde e na actividade.
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