Maturidade digital versão 2022

Por Pedro Barbosa, CEO da Wise Pirates

O marketing digital é um ecossistema em constante evolução e disrupção, sobretudo desde que data & tech passaram a estar no epicentro do seu desenvolvimento. Hoje, o papel do marketer exige, além de conhecimento em marketing, um skillset que inclui criatividade, capacidade analítica, entendimento de automação, maturidade na construção de métricas, entendimento profundo do negócio e capacidade técnica e tecnológica a níveis cada vez mais desafiantes.

Por outro lado, se o marketing está no centro do digital e cada vez mais influencia todas as dimensões do negócio (e não apenas os canais digitais), há outros vectores relevantes do digital que necessitam de ser trabalhados de outra forma. As empresas são frequentemente atiradas a soluções de marketing sem um assessment de maturidade digital completo e sem conhecerem a matriz de necessidades no triângulo entre tecnologia, processos e mindset, com data no epicentro do mesmo.

Demasiadas organizações iniciam a transformação digital com acções independentes entre si, como formação em marketing digital, gestão de redes sociais e loja online, sem integrar verdadeiramente todos os canais, e sem pensar em Human Experience para garantir a verdadeira centralidade do cliente. Mas será que consideram o CRM (Customer Relationship Management) ou CDP (Customer Data Platform) a sua principal tecnologia? A maioria dos negócios ainda não tem estes sistemas tecnológicos e continua a ter o ERP (Enterprise Resource Planning) como o motor, demonstrando que são os produtos e as suas vendas a preocupação principal, não privilegiando a experiência e o cliente.

Neste ano de 2022, existem alguns temas que ganham mais destaque e que são já tendências para as quais as empresas devem começar a gravitar, caso ainda não tenham começado a trabalhar nelas juntos das suas equipas: o foco cada vez maior em abordagens data-driven para definição de estratégias e tomada de decisões; a integração de inteligência artificial (IA) e first-party data na estratégia de marketing; a pesquisa por voz; o social selling como evolução do social media; a aposta forte em SEO como parte integrante da estratégia e não como uma táctica ad-hoc e também os desafios que surgem cada vez mais em relação à privacidade dos utilizadores e à inteligência na automação, que exige maturidade a arquitectura e no flow de dados.

Para além de todas estas tendências, surge agora o Metaverse, que tanto tem sido falado, e que vai moldar a forma como as pessoas interagem entre si e com as marcas no mundo digital. A este, juntam-se na web os NFT, como activos digitais de nova geração. O futuro próximo exige projectos capazes de identificar quais os processos que necessitam no seu percurso de maturidade digital e como podem rapidamente preparar-se para esta realidade, onde boutiques digitais especializadas na ligação entre a web actual e a web futura façam verdadeiramente a diferença.

Para fazer face às necessidades de evolução permanente com uma lógica sistematizada, que considere os elementos críticos da digitalização e prepare as equipas para a nova transformação, que em três a quatro anos inundará as empresas de necessidades de conhecimento em blockchain – NFT e inteligência artificial -, é crucial criar uma estratégia end-to-end de maturidade e um consequente roadmap de acções para os próximos 12 a 36 meses com acções, milestones e métricas.

É neste contexto de transição entre duas gerações web que o Decentralized Commerce criará um conjunto de novas ameaças e oportunidades, momento ideal para as empresas evoluírem para uma realidade em que o digital estará pela primeira vez no epicentro de tudo, sempre com o cliente como prioridade única.

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