Marketing, felicidade, diversidade e inclusão
Por Susana Coerver, Susana Coerver, co-fundadora do projecto na área da saúde mental Kindology
Várias vezes a felicidade tem sido tema de campanhas publicitárias, seja em gelados, refrigerantes ou chocolates, mas temos vindo a assistir a uma outra abordagem como na iniciativa recente da McDonald’s no Reino Unido, que removeu o sorriso das caixas do Happy Meal durante a semana da consciência para a saúde mental, e curiosamente em 2019 o Burger King já tinha feito algo semelhante com a campanha “Real Meals” em que associava cada refeição “real Meal” ao estado emocional que as pessoas estivessem a sentir no momento como “blue Meal”, ou “pissed meal” e são exemplos de como a sociedade está a começar a questionar a pressão pela felicidade constante e a de alguma forma reconhecer a importância da saúde mental.
Apesar destas campanhas e de falarmos cada vez mais sobre saúde mental, ainda perpetuamos conceitos em que a ideia de felicidade aparece apresentada como um estado constante e inabalável. Esta pressão é alimentada por diversas fontes, como livros de auto-ajuda, gurus, formações, podcasts e até mesmo cargos como os Happiness Officers em empresas.
Mas o que é a felicidade?
É um estado emocional complexo e multifacetado, que varia de pessoa para pessoa e depende de diversos factores, como a genética, fisiologia, experiências de vida e contexto social. É fundamental entendermos e repudiarmos estes conceitos de fórmula mágica para a felicidade e que cada indivíduo tem o direito de sentir e expressar suas emoções de forma autêntica, sem a pressão de estar sempre feliz.
Pouco se fala disto, mas é importante referir que a genética e a fisiologia desempenham um papel crucial na nossa capacidade de sentir e expressar felicidade. Estudos mostram que cerca de 50% da nossa felicidade é determinada por factores genéticos, o que significa que algumas pessoas são naturalmente mais predispostas a sentir emoções positivas do que outras. Além disso, a fisiologia do nosso corpo, como os níveis de neurotransmissores e hormonas, também influenciam o nosso estado emocional. E sim, há pessoas que geneticamente tendem a ver o lado negativo das coisas e a nossa sociedade de alguma forma não as está a acolher.
Portanto, é essencial respeitarmos as diferenças individuais e entendermos que nem todos experimentam o mundo da mesma forma. A pressão para estar sempre feliz pode ser prejudicial para aqueles que não se encaixam nesse padrão, levando a sentimentos de inadequação, frustração e até mesmo problemas de saúde mental.
Em vez de buscar uma felicidade idealizada e inalcançável, devemos focar em construir uma vida significativa e gratificante, cultivando relacionamentos saudáveis, encontrando actividades que nos tragam prazer e propósito, e aprender a lidar com as emoções de forma saudável. Ao respeitarmos as diferenças individuais e reconhecermos a complexidade da felicidade, podemos criar um ambiente mais acolhedor e compreensivo para todos.
Por isso vivam mais iniciativas em que acolhemos e incluímos todas a diversidade de emoções e não apenas a felicidade, ou este conceito e palavra correm o risco de enfrentar problemas de saúde mental.