Marketer recém-licenciado e a roda do hamster
Por Rita Montezuma, Performance Marketing Specialist na Inokem – Biotech Solutions
A metáfora “roda do hamster” é normalmente utilizada para descrever uma situação em que alguém se encontra numa rotina repetitiva e sem sentido, sem conseguir alcançar um objectivo significativo ou progredir na sua carreira. Esta comparação é feita baseada no comportamento do hamster que quando dentro da sua roda na gaiola permanece no mesmo lugar.
E infelizmente é esta a realidade sobre o mercado de trabalho na área do marketing em Portugal. As empresas cada vez mais exigem aos jovens experiência e conhecimentos de diversas ferramentas e tecnologias, como WordPress, SEO, Google e Facebook Ads.
Apesar de já não estar na universidade, tenho acompanhado a estrutura curricular e, na realidade, algumas das faculdades e politécnicos não preparam os alunos devidamente para a realidade do marketing. Muitas instituições ainda se encontram no século passado e não estão minimamente alinhadas com as exigências e as mudanças rápidas do marketing digital.
Existe uma falta de actualização, ênfase na teoria em detrimento da prática. Algumas ainda se focam na teoria do marketing e acabam por não proporcionar experiências práticas ou contacto com ferramentas e com as plataformas reais. Embora algumas ferramentas sejam pagas, podiam ser concedidas algumas licenças para os alunos experimentarem e adquirirem competências.
Muitas instituições têm a carga curricular completamente desactualizada, muitos cursos de marketing são abrangentes e acabam por não ter cadeiras como SEO, Paid Ads, Email marketing, e-Commerce. E sem essas competências é impossível encontrar emprego na área do Marketing.
As próprias Universidades e Instituições deviam promover o marketing de uma maneira diferente, até mesmo para cativar novos alunos e neste momento existem poucas a fazer isso, ou até mesmo em darem alguma vida aos gabinetes de saídas profissionais. Promoverem estágios, fazerem mais parcerias com empresas para os estudantes terem uma experiência laboral e conhecerem o mercado e as empresas existentes.
E como é que ganham experiência se ninguém lhes dá oportunidade? Fica na roda do hamster sem saída.
E assim perdemos os jovens que preferem ir para fora do país e lançarem-se em trabalho remoto ou freelancer, porque o esforço é o mesmo e o benefício é maior e não exigem número de anos de experiência.