Marcas de luxo apostam em produtos mais acessíveis para atrair a classe média

Após anos de aumentos significativos nos preços, marcas de luxo como Chanel, Prada e Dior estão agora a redirecionar esforços para oferecer produtos mais acessíveis, na tentativa de conquistar consumidores da classe média. Este movimento responde à crescente pressão económica e ao abrandamento da procura por artigos de alto valor, especialmente nos Estados Unidos e na China.

Exemplos dessa abordagem incluem a Gucci, que lançou itens lifestyle como caixas de notas adesivas por 200 dólares, e a Louis Vuitton, que aumentou em 9% a proporção de produtos de pequeno couro abaixo dos 500 euros. Já a Burberry aposta na reorganização das lojas para destacar produtos de entrada, como cachecóis de caxemira.

Essas estratégias visam reconquistar consumidores mais sensíveis ao preço, que têm reduzido o consumo de luxo. Segundo analistas, a inflação e o aumento das despesas em experiências são fatores que contribuíram para a queda de 60 milhões no número de consumidores globais de luxo em 2023.

Embora a qualidade permaneça alta, os preços mais baixos levantam preocupações sobre o impacto nas margens de lucro e na exclusividade das marcas. Jean-Jacques Guiony, diretor financeiro do grupo LVMH, alertou para os riscos de comprometer a aura de exclusividade ao introduzir produtos demasiado acessíveis. “Penso que seria um erro”, declarou aos analistas em outubro, sublinhando a importância de não alterar totalmente a oferta com uma ‘visão a muito curto prazo’.

Apesar das dúvidas e riscos, a aposta em categorias mais amplas e preços diversificados é vista como uma estratégia essencial para manter relevância junto ao público e enfrentar um cenário macroeconómico desafiador.

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