Mangione não se suicidou, Nadal não ‘saiu do armário’ nem Netanyahu foi preso: Apple vai atualizar a sua IA após divulgar notícias falsas

Luigi Mangione suicidou-se na prisão com um tiro, mas ainda está vivo. Luke Littler já era o vencedor do campeonato do mundo de dardos, mas ainda estava nas meias-finais, ou que “o tenista brasileiro” Rafael Nadal que saiu do armário como um homem gay foram algumas das notícias publicadas e divulgadas, erradamente, pela Apple.

Nas últimas semanas, o serviço generativo de inteligência artificial da Apple espalhou estas manchetes falsas e imprecisas através do seu sistema de notícias. Toda esta desinformação foi também atribuída à BBC. Os media britânicos tiveram de negar as histórias e culparam a empresa da maçã pelos erros. A tecnológica, que não tem feito muitos esclarecimentos sobre o assunto, disse que está a trabalhar numa mudança de sistema para “especificar melhor” quando as notificações de notícias que chegam aos iPhones são resumos gerados pelo sistema Apple Intelligence.

“A BBC News é o meio de comunicação mais fiável do mundo. É essencial para nós que o nosso público possa confiar em qualquer informação publicada em nosso nome e que inclua notificações”, disse um porta-voz da corporação. E acrescentou que a BBC está em contacto com a Apple desde o início de dezembro – quando o problema começou – “para levantar esta preocupação e resolver a situação”.

A resposta da empresa de Cupertino foi breve: “As funções do Apple Intelligence estão em versão beta e estamos a melhorar continuamente com a ajuda do feedback dos utilizadores”.

Este não é o primeiro erro que a nova ferramenta generativa da Apple comete desde que começou a ser implementada em telefones com sistema operativo iOS 18.1 ou superior, em meados de dezembro.

A 21 de novembro, um jornalista da ProPublica carregou nas suas redes sociais uma captura de ecrã na qual é possível ver uma notificação do The New York Times a informar que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, tinha sido detido.

A 19 de dezembro, a organização jornalística Repórteres Sem Fronteiras (RSF) levantou formalmente uma petição que pedia à Apple que removesse os seus resumos de notícias baseados em inteligência artificial. Vincent Berthier, responsável pelo gabinete de tecnologia e jornalismo da RSF, declarou na altura que “a produção automatizada de informações falsas atribuídas a um meio de comunicação é um golpe para a sua credibilidade”. Isto, acrescentou, representa “um perigo para o direito do público de receber informações fiáveis ​​sobre assuntos atuais”.

A Apple produz títulos personalizados, baseados no interesse do utilizador e fazendo associações entre informações publicadas por diferentes meios de comunicação, o que poderá explicar erros no seu software gerador.

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