Mais verde e sustentável. Izidoro diz que o «futuro depende dos consumidores»
A Izidoro tem estado mais activa em termos de comunicação, seja para dar a conhecer as mudanças que levou a cabo em termos de imagem e posicionamento, seja para apresentar o trabalho desenvolvido no âmbito da estratégia de sustentabilidade ambiental. Segundo Marco Andrade, director de Marketing da Izidoro/Grupo Montalva, a economia circular sempre foi uma preocupação, mas ganhou maior visibilidade no último ano e meio.
«A nossa aposta neste eixo não deriva apenas do consumidor estar mais atento, mas sim pelo facto de estar no ADN da Izidoro enquanto pilar no desenvolvimento do seu negócio», esclarece o responsável. Em entrevista à Marketeer, sublinha que «sendo a Izidoro uma marca centenária 100% portuguesa, especialista em proteína, que tem vindo a fazer a sua evolução juntamente com os portugueses», está permanentemente atenta «às alterações dos hábitos de consumo e à importância de inovar para alimentar o presente e o futuro».
O actual plano de sustentabilidade ambiental foi traçado em 2017 e abrange diferentes áreas da organização, que gere toda a cadeia de valor desde a criação animal até à comercialização dos seus produtos. Reduzir a pegada ecológica e promover a reciclagem são dois dos pilares deste plano, traduzidos na prática através de iniciativas como: implementação de painéis fotovoltaicos em quatro unidades industriais, introdução de embalagens com menos 70% plástico (eco skin), latas 100% recicláveis e com 58% de matéria-prima reciclada ou lançamento de uma gama vegetariana à base de proteína de ervilha e soja.
No caso da gama Veggie Lovers, a Izidoro pretende diminuir o impacto ambiental por via da diversificação da matéria-prima principal, ao mesmo tempo que promove uma dieta mais equilibrada. Marco Andrade lembra que a marca foi pioneira, em 2009, com o lançamento das primeiras salsichas vegetarianas e que, também por isso, tem «um sólido know-how na área de inovação e desenvolvimento de produtos de proteína vegetal», levando a que a criação da nova sub-marca surgisse de forma natural em função dos hábitos de consumo.
Além disso, a marca «reforça também códigos de sustentabilidade e de incentivo à reciclagem em todas as suas latas e frascos e apela ao consumidor para dar continuidade a este ciclo e depositar as mesmas nos respectivos ecopontos, promovendo, assim, a sua circularidade».
Acompanhe a entrevista a Marco Andrade, que revela ainda os planos da marca: «Há mais de uma década que a Izidoro tem produtos à base de proteína animal e vegetal, mas o futuro depende dos consumidores.»
Enquanto marca, o que muda com esta aposta mais visível na sustentabilidade? Este investimento representa também um reposicionamento?
O reposicionamento e o rebranding da marca Izidoro em 2019 já reflectem a política ambiental do grupo. Enquanto produtor português, líder na indústria agro-alimentar, sentimos a necessidade e a responsabilidade de reforçar esta aposta. A estratégia de reposicionamento, que culminou numa nova identidade visual, transmite uma nova narrativa, assente nos eixos fundamentais da marca: inovação, qualidade, sabor e sustentabilidade social e ambiental, e apresenta uma roupagem mais contemporânea, transparente, personificada e optimista.
Esta é uma marca centenária, de origem familiar, que foi evoluindo de forma a manter-se relevante para os consumidores, evoluindo com eles e para eles. Recentemente, fomos considerados a marca preferida dos portugueses em conservas de carne (estudo: Multidados) e, estando a competir com marcas de multinacionais e/ou marcas próprias, esta distinção faz-nos sentir que estamos no caminho certo e que os portugueses reconhecem o nosso esforço.
Como é que conseguem equilibrar o lado centenário e tradicional da Izidoro com esta preocupação com o ambiente e com opções alimentares diferentes?
Esse legado centenário é a base do conhecimento adquirido que temos a trabalhar produtos alimentares em Portugal desde a sua origem – e um ponto que reforça o valor da marca junto dos consumidores. É a vontade de inovar e de responder aos novos desafios que leva a Izidoro para a frente. O que diferencia a Izidoro das restantes marcas é a experiência de décadas em todas as fases da cadeia de valor, a vontade de evoluir nos padrões da produção e de desenvolver produtos nutricionalmente mais equilibrados, que permitam aos consumidores beneficiar do que de melhor se faz na área de alimentação.
Seria possível que a Izidoro viesse a ser, um dia, apenas uma marca de proteína vegetal?
O propósito da marca Izidoro é criar produtos alimentares para refeições e snacks, com o melhor sabor e qualidade desde a origem, promovendo a sustentabilidade ambiental e social, e adequados às motivações de consumo dos portugueses. Há mais de uma década que a Izidoro tem produtos à base de proteína animal e vegetal, mas o futuro depende dos consumidores. Tendo em conta os estudos de mercado internacionais, estimamos que o mercado de alimentação plant based registe um crescimento substancial, mas é a população flexitariana que mais cresce.
Quais são os planos em termos de novos lançamentos?
Em 2021, e apesar do contexto desafiante do último ano e meio, a Izidoro está a fazer uma grande aposta no reforço da oferta de produtos 100% de origem vegetal. Estamos a alargar a gama Veggie Lovers Izidoro para a categoria de produtos frescos, com as novas referências Bife Vegan, Hambúrgueres Vegan, Almôndegas Vegan e, mais recentemente, os Nuggets e Picado Vegan.
Além do pioneiro formato de Bife Vegan, acrescentaria outras caraterísticas transversais a todos os produtos, nomeadamente o sabor dirigido ao nosso paladar português, o equilíbrio nutricional, com alto teor em proteína e fibra e baixo teor em gorduras saturadas, açúcares e calorias e a certificação pela v-Label de todos os produtos.
Queremos levar as soluções de origem vegetal a todos os consumidores, desde os veganos aos que procuram uma alimentação mais variada e flexível. Temos previsto lançar ainda este ano mais duas referências Veggie Lovers Izidoro.
Na proteína animal, temos ainda em fase de chegada ao mercado soluções mais convenientes e mais amigas do ambiente, como é o caso da gama de Receitas Simples e das Tapas Damatta em embalagens eco sustentáveis, mas também teremos novidades em breve com o lançamento de produtos de charcutaria fortificados na nossa gama Bem Estar.
Pretendem explorar também outras áreas e tendências? Superalimentos, insectos…
Somos uma empresa nacional, que se orgulha de ter a componente de investigação e desenvolvimento de produto em Portugal. Trabalhamos desde a criação animal à produção e comercialização dos nossos produtos, e por isso estamos muito atentos às tendências de inovação a nível mundial.
Existem tendências, como as que refere, que estamos a explorar, e até já realizámos alguns testes com bons resultados, pelo que podemos dizer que estão no nosso pipeline de inovação.
Como é que podem envolver os consumidores neste processo?
Estamos muito atentos à opinião dos nossos consumidores, seja de uma forma mais informal, percebendo os inputs que nos vão dando pelas redes sociais e outros canais de contacto, seja mais formalmente, realizando estudos de consumidor, que vão desde a avaliação de novos conceitos, identificação da customer journey de alguns produtos, até ao comportamento do shopper em diferentes categorias.
Para quantos países estão a exportar actualmente e como tem sido esta evolução? Como difere a visão em relação à sustentabilidade?
Exportamos para mais de 35 países diferentes em quatro continentes. Os hábitos de consumo e estilos de vida são reflexo das diferentes culturas e o tema da sustentabilidade está em estágios diferentes nos diferentes continentes. Os países nórdicos, por exemplo, são muito exigentes em matéria de sustentabilidade, quer ao nível dos processos de fabrico quer em soluções de embalagem, pelo que a nossa oferta é também bastante diferenciada por mercado.
Texto de Filipa Almeida