Machine learning e o fim das recomendações: YouTube revela medidas de combate à desinformação

A era digital trouxe consigo inúmeros benefícios, mas com ela vieram igualmente desafios. Da desinformação ao conteúdo impróprio ou perigoso, as plataformas que hoje milhares de milhões de pessoas em todo o mundo utilizam diariamente têm sobre si a responsabilidade de ajudar a gerir aquilo que chega aos internautas. O YouTube não é excepção e o seu CPO, Neal Mohan, revela agora as novas medidas que vão tomar para combater a desinformação.

Um dos principais desafios que se apresenta actualmente perante os meios digitais são as teorias da conspiração. Disseminados há muito tempo sobre o 11 de Setembro, a chegada à Lua ou a sugestão de a Terra ser plana, estes conteúdos “de longa data”, de acordo com o YouTube, deram origem a um arquivo através do qual a plataforma conseguiu treinar os seus sistemas de machine learning de forma a reduzir as recomendações destes vídeos e outros semelhantes.

Contudo, o aparecimento de desinformação sobre temas mais recentes, nomeadamente a pandemia e a rede 5G, leva a empresa a “ensinar” novas combinações de “classificadores, palavras-chave em idiomas adicionais e informações de analistas regionais para identificar narrativas que o classificador principal não capta”. Além disso, Neal Mohan afirma que os sistemas do YouTube ligam os espectadores a vídeos confiáveis ​​nos resultados da pesquisa e nas recomendações.

Outro desafio é a disseminação de vídeos com conteúdo duvidoso fora do YouTube – vídeos que não ultrapassam os limites das políticas de remoção, mas que não querem recomendar às pessoas. Como tal, removeram os sistemas de recomendação para reduzir “de forma considerável, abaixo de 1%, o consumo de conteúdo duvidoso com origem nas recomendações” da plataforma.

Além disso, não podemos esquecer que a informação não é interpretada de forma homogénea em todas as partes do mundo, em particular no que respeita às fontes que são consideradas confiáveis. A BBC, por exemplo, é vista como uma das fontes noticiosas mais legítimas em muitos países, contudo, o facto de ser um órgão de comunicação social público pode fazer com que seja visto como um veículo de propaganda estatal para outras nações.

Desta forma, a plataforma de vídeo da Google vai aumentar o número de pessoas nas equipas que entende as nuances regionais entrelaçadas na desinformação, além de estar a explorar um maior investimento em parcerias com especialistas e organizações não governamentais de  todo o mundo.

«No YouTube, iremos continuar a desenvolver o nosso trabalho para reduzir a desinformação prejudicial em todos os nossos produtos e políticas, ao mesmo tempo que permitimos que diversas vozes prosperem. Mais do que nunca, é urgente ampliar os nossos esforços em relação à segurança e ao bem-estar da nossa comunidade e espero mantê-los informados ao longo do tempo e deste caminho», comenta, em comunicado, Neal Mohan.

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