Live Nation fala em “investimento substancial” e mais concertos após ‘luz verde’ para aquisição do Meo Arena

A norte-americana Live Nation vai fazer um “investimento substancial” na compra do Meo Arena, em Lisboa, e quer ter um calendário “com mais e melhores espetáculos”, disse hoje à Lusa o responsável pela empresa na Europa, John Reid.

“Portugal é um mercado de música fantástico e Lisboa é uma cidade muito vibrante e não estávamos ainda no mercado e estamos contentes. (…) É um investimento substancial. Não estávamos no mercado, por isso valeu a pena. Não a qualquer preço, mas compensa estar em Lisboa e no mercado português”, afirmou.

John Reid, que supervisiona as operações da Live Nation na região da Europa, falava à agência Lusa no dia em que a Autoridade da Concorrência (AdC) deu ‘luz verde’ à empresa norte-americana para comprar “uma participação de controlo indireto” na promotora Ritmos & Blues e ainda da Arena Atlântico, que gere o Meo Arena, e “respetivas subsidiárias”.

A Live Nation Entertainment apresenta-se como “a maior empresa de entretenimento ao vivo do mundo” e opera em várias frentes nesta indústria, na produção de espetáculos, promoção de artistas, exploração de salas e venda de bilhetes.

Segundo a AdC, em Portugal, a Live Nation “encontra-se ativa na promoção do festival Rock in Rio Lisboa”, através da sua subsidiária Better World, “e detém, ainda, uma participação no festival Rolling Loud”, que aconteceu em Portimão.

A empresa norte-americana passará a deter uma “participação maioritária” no Meo Arena e entra ainda no negócio da produção e promoção local através da Ritmos & Blues.

Sobre a entrada da empresa em Portugal, John Reid falou de uma “oportunidade única”, sublinhando a presença em Lisboa.

“É uma cidade vibrante, que está ao rubro. Sempre foi internacional, mas está mais internacional do que nunca, os artistas adoram ir a Lisboa, é um edifício grande. Queremos que mais artistas internacionais queiram tocar lá”, disse.

Reid acrescentou que a Live Nation poderá ainda investir em artistas portugueses.

“Podemos fazer um trabalho para a música portuguesa como o que fazemos, por exemplo, com a música latina em todo o mundo, ou com a k-pop. Metade do nosso trabalho é exportarmos talentos locais também, não é só trazer artistas, é também investir em talentos portugueses locais”, afirmou.

Também em entrevista à agência Lusa, o diretor de operações da Live Nation na Europa, Paul Antonio, afirmou que vai ser gasto “algum dinheiro” em obras de renovação e modernização da sala de espetáculos, sem que seja preciso encerrá-la.

“E vamos tentar trazer mais conteúdo para o edifício. Juntando isto tudo, esperamos criar um calendário cheio e vibrante que chegue aos fãs em Portugal, à economia em Lisboa”, disse, considerado que a sala de espetáculos é “um edifício icónico”.

O Meo Arena foi construído na zona oriental de Lisboa no âmbito da Expo’98 – foi batizado de Pavilhão Atlântico -, tem uma capacidade máxima de 20.000 pessoas e está apta a acolher congressos, feiras e espetáculos culturais e desportivos.

A título de exemplo, esta arena tem sido um dos palcos da Web Summit, já acolheu a cerimónia dos prémios europeus de música da MTV, a final do Festival da Eurovisão e centenas de espetáculos de nomes como Madonna, Bob Dylan, Leonard Cohen, Metallica, Beyoncé, Lady Gaga, Xutos & Pontapés, Carlos do Carmo, do humorista Ricky Gervais, de André Rieu e do Cirque du Soleil.

“Precisamos de ter mais espetáculos. Gastámos muito dinheiro, como já deu para perceber. A nossa agenda é: ‘Mais e melhores espetáculos’”, resumiu John Reid, sem desvendar o valor de investimento previsto nesta aquisição.

Quando questionado sobre o impacto da Live Nation no mercado português, Reid quer crer que “deve ser bom para Lisboa e Portugal”.

“Vamos fazer mais negócios aí, o que significa mais artistas, mais trabalho para a economia local, para empresas de palco, de promoção. Todos podem beneficiar. Há uma cadeia de valor que beneficia, pessoas a quem damos trabalho, etc.”, enumerou.

Sobre a subida do preço de bilhetes dos espetáculos nos últimos anos, John Reid lembrou que “quem define os preços dos bilhetes são os músicos e as suas equipas”.

“Os preços têm subido ao longo dos últimos anos, sem dúvida, por causa da inflação, dos custos deste negócio, mas os espetáculos estão melhores do que nunca. Incomparável há dez ou cinco anos. Tentamos que os artistas fiquem com a maior parte do dinheiro”, disse.

Em comunicado, a Live Nation referiu que o acordo de aquisição da Arena Atlântico, que gere o Meo Arena, e “respetivas subsidiárias” – o que inclui o sistema de bilhética Blueticket – deverá “ser concluído no final de 2024 ou início de 2025”.

Esta operação da Live Nation já tinha sido anunciada em abril de 2023, mas foi alvo de uma “investigação aprofundada” pela AdC, porque a aquisição “poderia resultar em entraves significativos à concorrência efetiva no mercado nacional ou numa parte substancial deste”, refere aquela autoridade em comunicado.

De acordo com a AdC, a Live Nation apresentou várias garantias para esta aquisição, nomeadamente “o acesso de todos os promotores à MEO Arena com base em condições justas, razoáveis e não discriminatórias”, “na redução imediata dos preços de acesso à Arena” e “no congelamento dos preços para os próximos 5 anos”.

Em 2012, o governo de então anunciou que pretendia vender o Pavilhão Atlântico e a empresa que detinha a sua concessão, no âmbito da reestruturação do setor empresarial do Estado.

Olivia Rodrigo, Madonna, Troye Sivan, Blink-182, Karol G, Thirty Seconds to Mars, Melanie Martinez, Tate McRae, Harry Styles, The Driver Era, Jacob Collier, The Weeknd, Travis Scott, Coldplay, Ricky Gervai foram alguns dos concertos Live Nation em Portugal em 2023 e 2024.

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