Let’s Get Phygital: a revolução que equilibra humanos e tecnologia

Por Luis Monção, director de Indústria e Consumo da Minsait Portugal

A palavra phygital surge com a fusão das palavras, em inglês, physical e digital, representando assim a integração entre o mundo físico e o mundo digital. No nosso dia-a-dia já nos deparamos com diversas situações em que as marcas integram o conceito de phygital nas suas estratégias operacionais, desde as lojas físicas com caixas de pagamento automáticas, ou um cliente ter a possibilidade de consultar, em tempo real através de uma aplicação móvel, se uma loja conta com um determinado produto em stock, isto para mencionar apenas alguns dos  exemplos mais conhecidos desta tecnologia.

É certo que a pandemia veio claramente acentuar esta necessidade e urgência das empresas em conseguirem fundir o espaço físico com o mundo digital para benefício dos consumidores e das suas vendas. Mas como olham as empresas e a Indústria para este fenómeno? Já é real e está a ser adoptado? A resposta é afirmativa.

A denominada 4.ª revolução Industrial tem como foco a melhoria da eficiência e produtividade dos processos, com recurso a tecnologia. Para tal, existem quatro pilares fundamentais para que o conceito de phygital se torne numa realidade: automatização, conectividade, inteligência operativa e sustentabilidade. Sabendo que um dos principais desafios do sector industrial é a existência de um ambiente de produção com requisitos tecnológicos específicos centrados nas operações físicas e na execução de processos tecnicamente especializados, é importante compreender como o phygital pode beneficiar o tecido industrial no nosso país.

Para responder a estas necessidades específicas, nos últimos tempos têm surgido um conjunto de tecnologias designadas por Tecnologias Operacionais, ou domínio OT. Estas tecnologias vêm complementar as soluções tecnológicas que designamos de Tecnologias de Informação, ou domínio das TI,  que respondem a processos de negócio empresariais, comerciais, de planeamento ou financeiros, no domínio das operações de produção que suportam geralmente processos transacionais, que não se realizam em tempo real.

Acredito que é na convergência destas duas tecnologias que se encontra a resposta para os grandes desafios com que a Indústria se depara actualmente, viabilizando-se assim a implementação da Indústria 4.0. Para os mais visionários, o conceito de Indústria 5.0 já é real, e a convergência TI-OT é um facilitador ou bloqueador fundamental, que a médio prazo será um elemento diferenciador de competitividade neste sector.

A grande diferença, para quem já defende a existência do movimento da Indústria 5.0, é o facto de a tecnologia ser sobretudo utilizada para realização de tarefas mais repetitivas e mecânicas, havendo um maior foco no equilíbrio e alinhamento entre os humanos e os sistemas e tecnologias mais inteligentes. As pessoas podem assim explorar o lado mais criativo das suas funções, trabalhando em soluções mais personalizadas para cada tipo de problema.

Tecnologias emergentes como a Inteligência Artificial Generativa estão a potenciar este movimento e começam agora a ser utilizadas pelas empresas na automatização industrial, com benefícios claros como a optimização do tempo de produção, redução de custos e aumento da satisfação do cliente. Paralelamente, cresce também a preocupação com a sustentabilidade, com as empresas a tornarem-se parte da solução e não do problema ambiental do planeta, com a redução da pegada carbónica através da implementação de várias medidas e o respeito pelos limites de produção do planeta.

O tecido industrial português já está ciente das oportunidades que este novo cenário representa para os negócios, adaptando as suas estratégias de negócio de forma a beneficiar das vantagens desta convergência, mas ainda há um longo caminho a percorrer e muito por explorar.

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