Lemon Jelly: Criatividade com aroma a limão

Botas, sandálias e acessórios femininos plenos de cor e donos de um aroma a limão inconfundível. O universo Lemon Jelly vai muito para além destas características, é, igualmente, sinónimo de ecologia, veganismo e tecnologia. No ano em que celebra uma década, José Pinto, CEO da Lemon Jelly, fala-nos da história da marca, das boas práticas implementadas e das perspectivas para os próximos anos.

Como surgiu a Lemon Jelly e o conceito de sustentabilidade?

A Lemon Jelly foi desde o primeiro momento um projecto assente na sustentabilidade. Eu nasci no sector do calçado, mas também tenho formação em Marketing e uma enorme paixão pelas marcas. Em 1994, quando me juntei à indústria, senti esta escassez de marcas em Portugal, ou seja, o verdadeiro poder da marca e a importância que ela pode ter numa indústria. Somos manufactores, produzimos muito, mas nunca demos muito valor à criação de marcas. A Lemon Jelly nasce dessa vontade natural de querer desenvolver produtos com inovação, sustentável não só para a indústria, mas sobretudo para o País. Para além disso, eu sempre tive uma ligação emocional com a área dos produtos em plástico e, de alguma forma, tentei mudar o conceito e a percepção que temos desta matéria-prima, que muitas das vezes é vista como menos nobre. Acredito que a partir do plástico se consegue criar conceitos, edições limitadas, parcerias e, no fundo, valorizá-la de forma sustentável.

Esta associação à sustentabilidade é um factor de diferenciação reconhecido pelo público-alvo? Como o comunicam?

Nós, como seres humanos, somos fazedores de coisas, e tanto podemos fazer algo que ajude o planeta como o podemos prejudicar. Neste projecto, o que comunicamos ao nível da sustentabilidade serve para demonstrar que é possível trabalhar material como este, que muitas vezes é considerado prejudicial para o planeta. Nesse sentido, temos vindo a implementar boas práticas, como, por exemplo, não fazermos produtos de single use – que é, sem dúvida, a grande problemática – mas, sobretudo, explicar e provar que é possível conjugar estes materiais com outras matérias-primas, mais amigas do ambiente, e de forma correcta. De destacar que esta estratégia de desenvolvimento sustentável do negócio valeu a atribuição do selo PETA – um certificado concedido pela organização de direitos dos animais PETA (People for the Ethical Treatment of Animals).

A utilização de energias 100% renováveis na produção, a procura de soluções made in Portugal, não só na procura de desenvolvimento local, mas também no que toca a fornecedores e parceiros são outras das boas práticas adoptadas. Acreditamos na moda sustentável, num mundo em que o mercado da moda contribui para um planeta em evolução. Para além disso, o que também nos diferencia é a relevância que as pessoas têm para a marca, pois acredito que são elas a energia do negócio. Na Lemon Jelly queremos ser e dar o exemplo.

Quais os factores de diferenciação da Lemon Jelly face a outros concorrentes do sector?

O que acreditamos que é diferenciador na nossa marca é a forma como trabalhamos o produto e as tecnologias que utilizamos. Nós construímo-lo como um “lego”, ou seja, fazemos vários produtos a partir de um único. Para além de adicionar um conforto extra, com palmilhas com absorção de água, por exemplo, também utilizamos solas com materiais mais leves para dar outra tipologia de absorção de impacto. A introdução de um aroma também foi um elemento muito importante. A Lemon Jelly nasce com o cheiro (a limão, incorporado nos seus produtos), um dos sentidos mais importantes, e que causa toda uma experiência bastante agradável e diferenciadora ao consumidor. A estética é outro dos pontos a salientar, uma vez que a galocha Lemon Jelly deixa de ser a bota tradicional, e passa a ser um produto bastante versátil, com o qual se pode sair à noite, ir a uma festa, ou, simplesmente, para o dia-a-dia. Neste sentido, para além da sustentabilidade, da tecnologia, da criatividade, do conforto, das sensações que nos traz, é uma marca muito informal, muito positiva, uma marca que nos transporta para outro mundo, para a nossa infância também. Na Lemon Jelly, tentamos criar argumentos para que o consumidor utilize, com satisfação, este tipo de calçado.

Qual o balanço que fazem da vossa actividade nestes últimos anos?

Os 10 anos era um objectivo que pretendíamos claramente alcançar. Este é um projecto que nos desafiou totalmente, na medida em que foi o transformar de um conceito de indústria num conceito de marca. Felizmente, temos tido muitas vitórias ao longo deste trajecto, tanto pelo que construímos, como pelo que colocámos no mercado. Democratizámos a marca de alguma forma e, por isso, tem sido uma aventura fantástica conseguir transportar a Lemon Jelly para outros mercados que não Portugal. O nosso país era onde, naturalmente, gostaríamos de ter um peso e ter reconhecimento, mas também era um objectivo para nós começar a explorar novos mercados, sair para vários continentes. Ao longo destes 10 anos conseguimos encontrar parceiros que acreditam tanto, ou mais, que este projecto faz sentido.

De que forma trabalham para chegar aos mercados internacionais? E quais os países mais representativos?

Actualmente, estamos presentes na América do Norte, é um mercado muito importante em termos de volume de negócio, e também estamos na Europa, em países como a França, a Alemanha e a Holanda. Temos muitos mercados que compram a nossa marca. Como é que o fizemos? Uma parte, através de investimento em marketing e, nesta área, temos vindo a ser arrojados. Outra das estratégias passou por participar em muitos eventos e feiras internacionais. Temos de estar presentes nas melhores feiras, junto dos melhores players, para garantir que somos vistos. Por outro lado, fizemos o nosso trabalho também ao nível das nossas próprias plataformas. A partir da criação do nosso website (a nossa loja digital) e da gestão das nossas redes socais, com o intuito de sermos vistos e reconhecidos, aproximarmo-nos todos os dias do nosso público B2C. Com o investimento em pop ups no local de venda físico dos nossos parceiros, o que acontece também é o chamado “passar de boca em boca”, de clientes que vêem a marca, porque a encontraram numa loja em Paris, e têm interesse em levá-la para outro local de venda. Já chegámos longe, mas sabemos que ainda temos um longo caminho pela frente.

De que forma trabalham para melhorar a experiência dos consumidores nos canais digitais?

Primeiro, temos uma equipa extremamente dedicada e muito profissional, que procura dar um apoio à venda, não só na promoção dos produtos no nosso site, como em todas as plataformas com as quais trabalhamos. Tentamos apostar na experiência de compra, para garantir que não seja uma venda única. A rapidez, a qualidade de serviço, a gestão de reclamações, todos estes processos, e outros associados à promoção e ao marketing, melhoram a experiência dos nossos consumidores. Para além disso temos, igualmente, um backoffice munido de tecnologia de forma a garantir que a experiência do consumidor será a melhor. Também é de salientar a criação de outro tipo de estratégias, como edições especiais, activações que vamos fazendo, sempre com o objectivo de criar e melhorar a ligação com o consumidor.

A actual crise está a ser desafiante para o negócio?

Naturalmente que sim. Uma crise, quando surge, toca a todos. E, no fundo, nós estamos a vender um produto que não é essencial. Este é o momento em que o consumidor vai decidir por que é que vai comprar Lemon Jelly e não outra marca. É quando temos de usar, ainda mais, a nossa inteligência, a nossa capacidade criativa para valorizar a nossa oferta, ou seja, criar produtos relevantes que as pessoas necessitem. No fundo, não criar futilidades. É aqui que reside a grande diferença, daí a nossa inovação e criatividade como bases da marca.

Quais os planos de expansão da marca e os objectivos para este ano?

Este ano é de celebração. É um ano para relembrar todos os que estiveram connosco e agradecer por termos chegado até aqui. Neste momento, estamos a pensar nos próximos 10 anos e que passos podemos dar. O primeiro e mais relevante destes passos será, sempre, o de continuar a crescer internacionalmente, ou seja, não só conquistar novos mercados, mas, sobretudo, consolidar alguns deles. No que diz respeito ao desenvolvimento de produto, continuaremos a avaliar os melhores caminhos, perceber o que há para corrigir e melhorar, tal como inovações a fazer, outras tipologias de produtos que possam ajudar a complementar aquilo que já fazemos. Vamos estar empenhados em trabalhar o wholesale, porque gostaríamos de estar presentes nas melhores lojas do mundo. Para além disso, pretendemos continuar a apostar nas nossas plataformas digitais e no B2C.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empresas 100% Portuguesas”, publicado na edição de Abril (n.º 321) da Marketeer.

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