Lei dos mercados digitais obriga Apple a alterar o que torna os iPhones e iPads únicos. Nada será como antes
A Lei dos Mercados Digitais vai obrigar a Apple a alterar algumas funcionalidades muito características da marca.
Há muito que a UE se queixa de que a Apple complica a liberdade dos utilizadores de escolherem os browsers e outras aplicações predefinidas, tal como se queixa das dificuldades de desinstalar as aplicações pré-instaladas da própria Apple nos iPhones e iPads.
Embora a UE não tenha especificado exactamente as alterações que pretende que a Apple faça, a empresa tecnológica tem seis meses para “proporcionar uma interoperabilidade livre e eficaz aos programadores e às empresas terceiras”.
Em caso de incumprimento, a UE pode aplicar à gigante americana uma coima que pode ir até 10% do seu volume de negócios total a nível mundial ou até 20% em caso de infracções repetidas.
Não é segredo para ninguém que, nos últimos anos, a União Europeia (UE) tem sido o flagelo das empresas tecnológicas, limitando-as e impedindo-as de se descontrolarem, colocando o desenvolvimento de novas tecnologias à frente da segurança e dos direitos dos utilizadores.
A grande razão para isso, e o que permitiu à UE fazê-lo, foi a entrada em vigor da Lei dos Mercados Digitais (DMA), que, em termos gerais, é um regulamento concebido para garantir mercados digitais mais abertos e competitivos, com o objectivo de limitar o poder das grandes plataformas tecnológicas.
Como era de esperar, as empresas não estão nada satisfeitas com esta lei e, por exemplo, já avisaram que ou a Europa reduz estas limitações ou perderão o comboio da Inteligência Artificial.
Sem dúvida que uma das empresas que mais conflitos tem tido com a UE é a Apple, que no ano passado teve de alterar os iPhones para que estes viessem com uma porta de carregamento tipo C, evitando que os utilizadores tivessem de comprar um carregador específico (e separado) para o seu smartphone.
Ou mais recentemente, com a chegada do iOS 18 e da Apple Intelligence (a IA da Apple), os europeus ficaram impossibilitados de testar estas novas funcionalidades devido ao veto da UE ao funcionamento desta tecnologia, o que coloca em risco a segurança e a privacidade dos seus utilizadores.
Os produtos da Apple sempre foram muito exclusivos e, em grande parte, apenas os produtos, aplicações e serviços autorizados pela Apple podem ser integrados no seu software.
Mas com a interoperabilidade, qualquer programador poderá criar uma aplicação para um iPhone, mas também para um telemóvel Android ou Huawei, eliminando o aspecto que tornava os produtos da empresa únicos.