LAAF: a feira que é mais do que antiguidades arranca hoje com a 20.ª edição
Arranca hoje a 20.ª edição da LAAF – Lisbon Art & Antiques Fair, evento dedicado a trazer à capital arte e antiguidades, mas não só. Fazem parte do leque de objectos que marcam presença nos stands exemplares de pintura, escultura, mobiliário, pratas, joalharia e design, que vão do período renascentista ao contemporâneo, passando pelo século XVII e XVIII.
Assumindo-se como “uma mostra de milhares de obras de arte e antiguidades de uma perspectiva plural de curadoria superior”, a LAAF leva à Cordoaria Nacional, que este ano conta com a utilização das duas alas, nove dias de visitas guiadas, exposições temáticas, concertos, lançamentos de livros, revistas e ainda as “Conversas Sobre a Arte”.
Este conjunto de debates, que acontecem pela quarta vez, apresenta-se como um espaço para discutir e reflectir os 30 anos que separam o início da Associação Portuguesa dos Antiquários (APA), entidade organizadora da LAAF, e os dias de hoje, assim como questões relacionadas com o antiquariato e arte contemporânea em Portugal. De acordo com Isabel Lopes da Silva, directora da LAAF, esta vertente «enriquece a feira, torna-a mais dinâmica e chama mais gente».
As conversas terão lugar de 8 a 12 de Maio – nos dias úteis em que a feira se realiza – das 18h30 às 20h, e incluem a presença de nomes relacionados com a área, como Alberto Caetano (arquitecto), Alexandre Melo (professor e crítico de arte), Catarina Portas (jornalista e empresária), Cristina Guerra (galerista), Delfim Sardo (professor e crítico de arte), João Botelho (realizador), Manuel Murteira (presidente da APA de 1995 a 1999, de 2003 a 2004 e de 2009 a 2012), Tomás Branquinho da Fonseca (antiquário) e Vasco Santos (psicanalista e editor), entre outros.
Uma história que começa em 1995
Foi a meio da década de 1990 que se realizou a primeira edição da LAAF e que tomou como casa a Cordoaria Nacional. Na altura, nada mais era do quem um armazém sem aproveitamento, mas a organização da LAAF viu ali o potencial para albergar algumas das peças mais incríveis do mundo que sobreviveram ao passar do tempo. Este, que é o único encontro dedicado ao sector em Portugal, começou por decorrer em formato bienal, prolongando-se assim até 2011.
Foi a partir de 2012 que a Feira de Arte e Antiguidades adoptou o nome Lisbon Art and Antiques Fair, como forma de divulgar internacionalmente o certame, ocupando anualmente o espaço que já lhe servia de abrigo desde a estreia. O público que acorria à feira foi também evoluindo com o passar dos anos, muito graças à maior oferta de peças.
«Não temos só antiquários, temos galerias de arte, jóias, azulejos, tapetes… É uma feira mais variada, o que atrai mais público. Os clientes estrangeiros estão mais presentes e procuram muito o artista português», salienta em entrevista à Marketeer Francisco Pereira Coutinho, da Comissão Organizadora.
As peças que os milhares de visitantes poderão ver passam por uma “criteriosa avaliação” realizada por um comité de peritos especializados em diversas áreas que seleccionam as obras com base na qualidade, a principal característica do processo de seleção de quem participa ou não.
«Começa-se pelos associados. Não é qualquer antiquário ou galerista que pode ser associado. Tem a ver com a qualidade e a idoneidade da empresa ou pessoa», explica Isabel Lopes da Silva. «Depois, existe uma peritagem feita na véspera da inauguração por dezenas de profissionais ligados a várias áreas. O que acharem que não está bem ou é retirado ou é feita uma alteração da qualificação da peça, por exemplo, no que diz respeito à época a que remonta.»
Além de ver e conhecer, quem passa pela LAAF tem ainda a oportunidade de adquirir o que está exposto, fazendo deste evento uma espécie de “museu” transversal que oferece a possibilidade de os visitantes levarem peças únicas, “de valor histórico e cultural incalculável”, para as suas casas.
Quanto ao futuro, a internacionalização deste conceito até agora único no País não está nos planos, já que quase todas as capitais ocidentais têm a sua própria feira de arte e antiguidade e o objectivo é trazer cá os visitantes estrangeiros. Lisboa continuará também a ser a localização primordial para o que a LAAF faz, sendo que os responsáveis já a tentaram levar ao Porto, mas não conseguiram reunir as condições para avançar.
Quem não é fã da área ou visita a feira pela primeira vez o que pode esperar? «Um dos nossos handicaps é que as pessoas associam o nosso evento a uma feira de antiguidades e há muito agente que não gosta da temática. Mas não, não é uma feira de antiguidades. É uma feira de várias artes, arte contemporânea, decoração, design. Sabendo que é uma feira variada e não só de antiguidades, as pessoas apareceriam em maior número», remata Francisco Pereira Coutinho.
Texto de Beatriz Caetano