KPMG: Compromisso com impacto ambiental, social e de governança

O mais recente inquérito da KPMG sobre reporte em sustentabilidade e ESG, divulgado no início de Dezembro, evidencia um aumento significativo na publicação de dados e metas relacionadas com a redução de carbono por parte das empresas. Em 2024, 91% das organizações do índice N100 em Portugal divulgaram relatórios de sustentabilidade, superando a média europeia e representando uma subida face aos 85% registados em 2022.

O estudo, realizado de dois em dois anos desde 1993, analisa relatórios de 58 países, abrangendo as 100 (N100) e 250 (G250) maiores empresas do mundo. Inclui mais de 180 mil itens de dados e apresenta tendências como a crescente adopção de relatórios de sustentabilidade, a utilização de normas como a GRI e o alinhamento com o TCFD para riscos climáticos.

Em Portugal, 68% das empresas já seguem a taxonomia da UE, e 24% utilizam os padrões ESRS, antecipando a entrada em vigor da directiva europeia CSRD. Adicionalmente, metade das maiores empresas globais adopta avaliações de dupla materialidade, um passo importante para o cumprimento das novas exigências regulatórias.

O estudo sublinha que o compromisso com práticas ambientais, sociais e de governação tem vindo a intensificar-se, impulsionado também pela crescente atenção dos investidores a dados não financeiros. A análise destaca ainda progressos no reporte de biodiversidade e o aumento da preparação para as novas regulamentações previstas para 2025.

GERAR IMPACTO

O “Our Impact Plan”, da KPMG, apresenta-se como uma resposta às necessidades globais de combate às alterações climáticas, promoção da igualdade e apoio às comunidades. Esta estratégia vai além de objectivos financeiros, colocando em destaque a responsabilidade social da empresa e a criação de valor sustentável para os seus stakeholders.

A nível ambiental, a KPMG compromete-se a atingir emissões líquidas zero de carbono até 2030, uma meta ambiciosa que inclui a redução das emissões directas e indirectas, assim como a adopção de energia 100% renovável em todas as operações.

Com cerca de 2000 colaboradores em Portugal, a KPMG aposta na sua capacidade de influência para promover práticas mais sustentáveis entre os seus clientes e na sociedade. Isabel Brito, directora de Comunicação e Corporate Affairs na KPMG Portugal, sublinha que esta dimensão de serviços profissionais oferece à KPMG uma vantagem única: «Temos conhecimento técnico e humano que nos permite trabalhar como catalisadores e influenciadores, quer no contexto da sustentabilidade, quer na responsabilidade social.»

A responsável acrescenta que, para a KPMG, a sustentabilidade ambiental é um dos pilares principais da estratégia. Desde 2019, o edifício da KPMG em Lisboa passou a ser certificado com a LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), o que trouxe um avanço significativo em termos de eficiência energética e gestão inteligente dos sistemas. Esta mudança proporcionou não apenas um aumento de eficiência, mas também foi uma maneira de abordar de forma mais eficaz a pegada ecológica da empresa, principalmente considerando que a maior parte dessa pegada se deve às infra-estruturas. Isabel Brito refere ainda que a KPMG tem adoptado várias iniciativas, como a utilização de electricidade verde, que têm contribuído para a redução do impacto ambiental da empresa.

Outro ponto importante, ainda no âmbito da sustentabilidade ambiental, é o impacto que a pandemia teve nas viagens de trabalho, uma das maiores fontes de emissões de carbono da KPMG. Com a mudança para modelos de trabalho mais híbridos e eficientes, a empresa conseguiu reduzir significativamente as viagens, mantendo, contudo, a eficácia nas operações, dado o seu modelo de actuação em 24 geografias diferentes.

No eixo social, a KPMG aposta em iniciativas que visam a inclusão e o desenvolvimento das comunidades. O plano contempla esforços para aumentar a diversidade e a inclusão nos seus quadros, promovendo a igualdade de género, a representatividade e o combate a todas as formas de discriminação.

Além disso, a empresa investe na capacitação de jovens e na formação contínua dos seus colaboradores, de forma a preparar profissionais para os desafios futuros. Estas iniciativas incluem programas de educação para o desenvolvimento de competências digitais e projectos que visam a inclusão de grupos desfavorecidos no mercado de trabalho.

Isabel Brito refere o papel da Geração Z na KPMG, que tem demonstrado um forte envolvimento em causas ambientais e sociais. A responsável notou que a empresa tem acompanhado este movimento, promovendo uma cultura de voluntariado e responsabilidade social que é apoiada activamente pelos colaboradores mais jovens. Assim, para a KPMG, o voluntariado empresarial não é apenas um custo, mas uma mais-valia, porque oferece flexibilidade aos colaboradores e a possibilidade de contribuir com o que realmente os motiva. «Temos oito horas de voluntariado disponíveis para os nossos colaboradores, onde podem escolher como querem contribuir, dentro das áreas que mais lhes interessam.»

Além disso, Isabel Brito refere que a KPMG se tem envolvido em diversos projectos de responsabilidade social, sublinhando a importância de iniciativas que misturam gerações e que envolvem as equipas de forma significativa. Um desses exemplos é o projecto com a WWF, focado na preservação dos golfinhos do Tejo.

A responsável referiu ainda a ferramenta interna KPMG Social, que facilita o envolvimento dos colaboradores em acções de voluntariado, permitindo-lhes escolher as organizações com as quais querem colaborar. Esta ferramenta foi tão bem-sucedida que a empresa ganhou um prémio interno mundial pela sua criação. Para Isabel Brito, «a grande vantagem da KPMG é ter a capacidade de, com a nossa rede global, executar projectos de responsabilidade social em grande escala».

Outro pilar fundamental do “Our Impact Plan” é a ética e a governança. A KPMG compromete-se a reforçar a transparência e a responsabilidade em todas as suas práticas, desde o cumprimento rigoroso das normas regulatórias até à promoção de uma cultura empresarial íntegra e responsável.

Através destas acções, a KPMG procura demonstrar que o sucesso empresarial pode e deve estar alinhado com o desenvolvimento sustentável. O “Our Impact Plan” é não apenas uma resposta às exigências dos mercados e da sociedade, mas também um reflexo dos valores fundamentais que orientam a actividade da empresa.

A sustentabilidade, para a KPMG, vai muito além da componente ambiental, envolvendo também aspectos económicos e de governança. Isabel Brito destaca que o pilar de governação assume um peso significativo na estratégia da empresa, tanto a nível interno como no apoio a clientes. «Sustentabilidade não é só ambiental, é muito mais ampla. Não há sustentabilidade de negócios ou economia sem governance», afirmou.

Esta perspectiva reflecte-se na actuação da KPMG, que, enquanto organização de auditoria e consultoria, desempenha um papel relevante no reforço da transparência e da prestação de contas no tecido empresarial. Para Isabel Brito, «o trabalho dos reguladores e dos auditores tem um impacto significativo, não só nas grandes empresas, mas em todo o tecido económico».

O foco na governação é essencial, principalmente num contexto em que as exigências de reporting ESG estão a aumentar. Isabel Brito sublinhou a importância de as empresas utilizarem as métricas de sustentabilidade não apenas para cumprir legislação, mas como uma ferramenta para medir progresso e orientar estratégias de melhoria. «O reporting não deve ser apenas uma obrigação legal; deve servir como um balizador, ajudando as empresas a alinhar-se com objectivos claros e a medir o impacto dos seus esforços», explicou.

PRIORIDADE ESTRATÉGICA

A relevância da sustentabilidade na estratégia da KPMG é reforçada pelos dados do mais recente relatório CEO Outlook 2024, que reúne perspectivas de líderes empresariais a nível global. Este estudo revela que os CEO estão cada vez mais conscientes da importância de integrar práticas sustentáveis nos seus modelos de negócio, não apenas como uma resposta a exigências regulamentares, mas como um motor de crescimento e competitividade.

Entre as principais conclusões do relatório, destaca-se que a sustentabilidade deixou de ser encarada como uma opção para as empresas e passou a ser uma prioridade estratégica. Uma das tendências identificadas é a crescente pressão para que as organizações alinhem as suas operações e metas financeiras com objectivos ambientais, sociais e de governação (ESG). Para os CEO, este alinhamento é fundamental para atrair investidores, satisfazer clientes e cumprir os requisitos regulatórios que estão a tornar-se mais rigorosos.

Embora os líderes empresariais reconheçam a importância da sustentabilidade, o relatório também identifica desafios significativos. Entre eles estão os elevados custos associados à transição para operações mais sustentáveis e a complexidade de gerir cadeias de abastecimento alinhadas com princípios ESG. Apesar disso, os CEO continuam optimistas em relação às oportunidades que a sustentabilidade pode proporcionar, desde a inovação de produtos até à conquista de novos mercados.

» Isabel Brito, directora de Comunicação e Corporate Affairs na KPMG Portugal

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Sustentabilidade e responsabilidade social”, publicado na edição de Dezembro (n.º 341) da Marketeer.

Artigos relacionados