Kodak: Da lente do sucesso ao lado negro da falência

A Kodak, uma marca que acompanhou gerações em momentos icónicos da vida, desde férias de verão até Natais com neve, viveu um auge impressionante antes de passar por uma falência que parecia inimaginável.

Fundada em 1892 por George Eastman e Henry A. Strong, a Kodak foi pioneira na fotografia, com a famosa câmara Kodak box de foco fixo, lançada em 1888. Ao longo do tempo, a empresa consolidou-se como a gigante da fotografia tradicional.

No entanto, a sua trajetória foi marcada por uma importante inflexão nos anos 70. Em 1975, o engenheiro da Kodak Steven Sasson criou a primeira câmara digital portátil, mas a sua invenção foi guardada em segredo. A empresa, preocupada com o impacto disruptivo do digital no seu lucrativo negócio de filmes fotográficos, optou por manter o foco nas câmaras tradicionais. Esse atraso estratégico revelou-se fatal, pois, nos anos seguintes, a concorrência, especialmente a Fujifilm, começou a dominar o mercado, enquanto a Kodak resistia a mudanças, conta o ‘Unilad Tech’.

No auge do seu sucesso, em 1996, a Kodak atingiu uma avaliação de 29 mil milhões de euros. No entanto, a falta de uma transição rápida para a fotografia digital começou a minar a sua liderança. A empresa adotou o digital apenas no final dos anos 90, enfrentando já uma feroz concorrência, com as margens de lucro das câmaras digitais a serem extremamente baixas e com vendas a preços muito baixos, principalmente no mercado asiático.

Em 2009, a Kodak anunciou o fim de uma era: o encerramento de 74 anos de venda do famoso filme Kodachrome, uma das suas maiores inovações. No mesmo ano, a empresa enfrentou uma grave crise financeira, que a levou a vender o lucrativo Kodak Health Group. Processos judiciais contra a Apple e uma queda acentuada nas vendas culminaram num pedido de falência no início de 2012.

A Kodak, no entanto, não desapareceu completamente. Após emergir da falência em 2013, a empresa reposicionou a sua marca para outras áreas, como a indústria cinematográfica, onde se tornou a principal fornecedora de filmes nos EUA.

A transição para a era digital foi sua grande falha, e, embora tenha tentado se reinventar, não foi o suficiente para salvar a gigante da fotografia de um destino que muitos já haviam previsto.

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