Jotelulu: A plataforma que quer ajudar as empresas portuguesas a migrarem para a nuvem
A startup espanhola Jotelulu acaba de chegar ao mercado português para apoiar as PMEs nacionais na transição para serviços na cloud.
A empresa desenvolveu uma plataforma digital que permite a qualquer empresa de TI (Tecnologias de Informação) tornar-se uma fornecedora de serviços de cloud, podendo depois vender esses serviços sob a sua própria marca e definir a estratégia de pricing. A Jotelulu posiciona-se assim como uma plataforma de cloud de marca branca.
Em entrevista à Marketeer, David Amorín, CEO da Jotelulu, aborda a estratégia da empresa no mercado português e a importância que a tecnologia cloud assume no contexto pandémico.
Actualmente com presença em Espanha e em Portugal, a Jotelulu serve mais de 7.000 trabalhadores em cerca de 1.700 organizações.
O que motivou a expansão da Jotelulu para o mercado português e com que objetivo?
O mercado português é muito semelhante ao espanhol, em termos de dimensão do tecido empresarial e das necessidades de digitalização das empresas – 95,4% do tecido espanhol é constituído por empresas com menos de 10 empregados e, em Portugal, as PMEs representam 99,9% do total das empresas no País.
Por todas estas semelhanças, quando chegou a altura de expandir a nossa plataforma de cloud de marca branca para novos mercados vimos Portugal como um país atractivo, devido ao seu potencial. Regista-se ainda, neste mercado, um claro crescimento da procura de cloud, que embora concentrado nos grandes players (AWS, MS Azure, entre outros), representa uma grande oportunidade. A nossa solução é diferente e sabemos que podemos trazer muito valor para as empresas de TI.
Relativamente ao nosso objectivo, chegamos a Portugal com a mesma missão que temos em Espanha: ajudar as empresas de TI a transformarem-se em fornecedores de serviços cloud e democratizar esta tecnologia junto das PMEs portuguesas. Queremos continuar a crescer e abrir o nosso escritório, tal como em Madrid, mas ainda precisamos de perceber se existe tracção, como em Espanha.
Até ao final do ano, provavelmente teremos uma equipa de 15 trabalhadores, nas áreas de vendas/marketing e tecnologia. Nos próximos meses, entraremos também no mundo das comunicações através do serviço de Central Telefónica Virtual (VoIP).
Como descreve a solução desenvolvida pela Jotelulu e que tipo de vantagens apresenta para as PME portuguesas?
Gostamos de dizer que funcionamos como um “supermercado de serviços de marca branca de cloud”, exclusivamente para empresas de TI. A Jotelulu é uma plataforma concebida para que pequenas empresas de TI comercializem serviços de cloud com a sua própria marca e preços e com um serviço de apoio técnico rápido e de qualidade – algo que acreditamos ainda não existir no mercado português.
Deste modo, oferecemos um serviço vasto e completo, capaz de acompanhar a empresa de TI ao longo de todo o ciclo de vida dos serviços de Marketing na nuvem. Criamos funcionalidades centradas na criação e automatização de orçamentos e contratos para ajudar as equipas de vendas, facilitamos a gestão e centralização de serviços de apoio a todo o pessoal técnico e desenvolvemos funcionalidades específicas para racionalizar a facturação e ajudar o departamento administrativo e financeiro.
Se queremos realmente que as pequenas empresas portuguesas se instalem na nuvem e comecem a beneficiar da mobilidade, colaboração e flexibilidade que esta tecnologia traz, a única maneira é apoiando as empresas de TI, pois só elas têm a proximidade e capilaridade para chegar às micro e pequenas empresas.
E como pode esta ferramenta ajudar as empresas portuguesas a melhorarem as suas estratégias de Marketing?
Actualmente, a típica pequena empresa de TI tem muito pouco tempo, sendo que a área do Marketing em muitos casos é esquecida. Na Jotelulu, sabemos isto e é por isso que criámos algumas funcionalidades específicas em formato de marca branca para que os nossos parceiros possam começar a trabalhar nesta área: campanhas de e-mail marketing, propostas de melhoria na web, estratégias de Comunicação, possíveis colaborações e parcerias, entre outras.
Embora não sejamos realmente especialistas em Marketing, conhecemos o mercado e temos muito feedback dos nossos parceiros (empresas de IT), o que nos permite criar pequenas ferramentas com estratégias que sabemos que funcionam.
Em Portugal, quantas empresas de TI já subscreveram o serviço “white label cloud” e qual é o seu perfil médio? E qual tem sido a estratégia de para convencer mais clientes?
Acabámos de lançar a plataforma em Portugal, mas o interesse e a aceitação têm sido espectaculares. Em pouco mais de um mês, conseguimos coisas que pensávamos impossíveis antes de chegarmos.
Relativamente ao perfil dos nossos clientes, tratam-se de empresas de TI. No entanto, existem certos nichos dentro das empresas de TI onde a Jotelulu se encaixa particularmente bem. Empresas com o seu próprio software, integradores de ERP (tais como Primavera, Sage ou Arsoft) ou empresas de consultoria e apoio informático são as que, sem dúvida, tiram o máximo partido da nossa platafoma.
Em termos de estratégia, acreditamos que a confiança, transparência e segurança são a base da nossa relação com os nossos clientes. É por isso que todas as nossas comunicações estão concentradas em comunicar o que fazemos, como o fazemos e porque o fazemos. É importante transmitir que fazemos as coisas de forma diferente, mas que levamos tudo o que fazemos muito a sério.
Qual o modelo de negócio da Jotelulu?
A Jotelulu é uma plataforma B2B2B. Fornecemos às empresas de TI uma ferramenta que lhes permite vender serviços de cloud às PME de forma mais simples, centralizada e acompanhada. Para a empresa de TI, a utilização da plataforma é gratuita, só são cobrados se venderem serviços a terceiros. Este modelo permite que a empresa de TI seja a protagonista e a equipa de apoio da Jotelulu está sempre disponível para ajudar.
Como avalia o grau de digitalização das PME portuguesas, especialmente desde o início da Covid-19? Qual é, e qual vai ser no futuro, o papel dos serviços de nuvem ao longo deste processo?
Na tendência actual, e muito por consequência da pandemia, as pequenas empresas estão a afastar-se do modelo on-premise, ou seja, estão a afastar-se do investimento em hardware localizado nos seus escritórios, para migrarem para um modelo baseado na nuvem.
Neste sentido, o papel dos serviços de nuvem é aumentar a mobilidade das empresas e este é um factor de ajuste à nova realidade pós-pandemia. O ambiente de trabalho remoto, o armazenamento ou a central telefónica virtual (telefonia IP) permitem executar as mesmas funções, mas a partir de qualquer lugar e de qualquer dispositivo. Este aspecto oferece grande flexibilidade à empresa e tem permitido lidar muito mais facilmente com a pandemia e com o contexto actual de trabalho remoto.
Texto de Daniel Almeida