Jornal Público entra em processo de rescisões amigáveis
O jornal Público, que está em processo de reestruturação, abriu um programa de rescisões amigáveis que ficará em vigor até dia 6 de janeiro. O programa foi anunciado na passada quinta-feira (28 de novembro) à redação pelos administradores Cristina Soares e João Amaral, segundo confirmou fonte do Público à Marketeer.
O programa permitirá aos trabalhadores saírem da empresa com uma compensação de um salário e meio por ano de trabalho, tendo a Marketeer a informação de que vários trabalhadores já se voluntariaram.
O plano de reestruturação tem como foco cada vez mais o universo digital, a começar pelo reforço da equipa – respondendo assim aos novos hábitos de consumo dos leitores – mas a edição em papel mantém-se, adianta a mesma fonte.
Recorde-se que em setembro, a Comissão de Trabalhadores (CT) do Público e a administração do jornal reuniram-se, tendo a administradora sido questionada sobre os rumores de um possível processo de reestruturação da empresa – que agora se confirma.
De acordo com a administradora Cristina Soares, citada num comunicado da CT a que a Lusa teve acesso nesse mês, não havia qualquer decisão tomada, mas estava a analisar “no seu processo de reflexão da estratégia” e “a quebra de receitas na edição impressa” era um fator na equação.
Nessa altura, Cristina Soares disse à CT que a empresa estava “focada no futuro do Público e em desenhar uma estratégia com foco no digital e na sua sustentabilidade”.
O processo surge na sequência de um relatório do Financial Times (FT) com recomendações sobre os caminhos a seguir. Em julho, através de um comunicado da CT a que Lusa também teve acesso, a administradora adiantava que o estudo do FT refletia sobre o lado da receita e da despesa e indicava, desde logo, que iria “ser preciso fazer diferente”.
Refira-se que as receitas com papel sofreram uma queda de 500 mil euros no primeiro semestre, segundo o comunicado da CT de julho, tendo a administradora referido não ter como “acautelar um impacto de um milhão de euros”.
A isto soma-se um “colapso da publicidade na parte digital” e um “cansaço dos leitores com a leitura de notícias”, referiu na altura. Apesar de as assinaturas do Público terem estabilizado, a administradora assumia ser “cada vez é mais difícil angariar novos assinantes”.
Acresce que o preço da publicidade “está em declínio com o aumento do peso do programático”, o que afeta o setor a nível internacional.
Para uma média de 47.707 assinantes [dados da Associação Portuguesa para o Controlo da Tiragem e Circulação (APCT)], a administradora dizia, no comunicado da CT de setembro, que estes números eram relativos a junho e que, agora, “o número de assinantes está novamente a decrescer”.