Jornal Público apresenta plano estratégico em Outubro ou Novembro

O plano estratégico do Público vai ser apresentado em Outubro, o mais tardar em Novembro, de acordo com a administradora Cristina Soares, citada num comunicado da Comissão de Trabalhadores (CT) a que a Lusa teve hoje acesso.

A CT do Público e a administração do jornal Público reuniram-se no dia 16 de Setembro, tendo a administradora sido questionada sobre os rumores de um possível processo de reestruturação da empresa, sendo que esta “não confirmou estar em curso um processo dessa natureza”, lê-se no documento.

“A empresa, neste momento, não tomou qualquer decisão. A administração está a analisar no seu processo de reflexão da estratégia, como é habitual todos os anos – e, este ano, tem de considerar a aplicação do Contracto Colectivo de Trabalho (CCT), ao que acresce a quebra de receitas na edição impressa”, afirma Cristina Soares, citada pela CT.

A empresa “está a analisar quais são as iniciativas possíveis para fazer face a essa realidade e qual será a melhor estratégia digital para assegurar o futuro do Público, pelo que não posso acrescer mais nada”, refere a administradora no comunicado da CT.

Cristina Soares disse à CT que a empresa está “focada no futuro do Público e em desenhar uma estratégia com foco no digital e na sua sustentabilidade” e o que está a ser feito, “neste momento, é a análise de cenários” e as “únicas pessoas a trabalhar com a administração no desenho deste novo plano estratégico são os membros da direcção editorial”.

O plano estratégico será comunicado em Outubro, o mais tardar em Novembro, quando estiver concluído.

Num comunicado da CT de Julho, a que a Lusa também teve acesso, a administradora tinha avançado que tinha sido apresentado o relatório com recomendações sobre os caminhos a seguir pela equipa contratada do Financial Times e que a administração estava a analisá-lo em conjunto com a direcção editorial.

Adiantou, na altura, que o estudo aborda o lado da receita e da despesa e que “vai ser preciso fazer diferente” do que estão a fazer actualmente.

Ainda no comunicado de Julho, Cristina Soares tinha referido que a portaria de extensão do Contracto Colectivo de Trabalho dos Jornalistas irá ser aplicada, mas que as medidas têm um impacto estimado de cerca de 500 mil euros.

A administradora referiu que 40% a 50% deste montante “se resume a 35 pessoas, com particular incidência em editores ou equiparados a cargos de chefia”, lê-se neste documento.

Entretanto, as receitas com papel sofreram uma queda de 500 mil euros no primeiro semestre, segundo o comunicado da CT de Julho, tendo a administradora referido não ter como “acautelar um impacto de um milhão de euros”.

A isto somava-se um “colapso da publicidade na parte digital” e um “cansaço dos leitores com a leitura de notícias”, referiu na altura. As assinaturas do Público estabilizaram, mas “cada vez é mais difícil angariar novos assinantes”, prosseguiu.

Acresce que o preço da publicidade “está em declínio com o aumento do peso do programático”, o que afecta o sector a nível internacional.

Entretanto, no comunicado da CT desta semana, e questionada sobre o aumento da circulação total paga e do número de assinaturas no primeiro semestre, para uma média de 47.707 assinantes [dados da Associação Portuguesa para o Controlo da Tiragem e Circulação (APCT)], a administradora afirma que estes números são relativos a junho e que, agora, “o número de assinantes está novamente a decrescer”.

Nesta reunião, a administração anunciou a intenção de introduzir um sistema de avaliação de desempenho até ao final deste ano.

O Público é detido pela Sonaecom.

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