Johnson & Johnson: «Mudámos para liderar o rumo da Medicina»

A norte-americana Johnson & Johnson tem vindo a proceder a uma reorganização interna que passou por unir os segmentos farmacêutica e dispositivos médicos sob uma marca única. Agora, os dois segmentos da empresa estão mais ligados à marca Johnson & Johnson: a Janssen, o braço farmacêutico, passou a ser denominada Johnson & Johnson Innovative Medicine; e o segmento de tecnologia médica continuou a ser chamado de Johnson & Johnson MedTech.

Presente em Portugal há mais de 60 anos, em 2018 o País conseguiu voltar a ser core country para a Johnson & Johnson em termos de I&D, trazendo uma relevância acrescida para a companhia em Portugal e um ganho para os doentes portugueses, nomeadamente com o aumento do número de ensaios e de recursos humanos dedicados a I&D.

Mais recentemente, mesmo no final de 2023, conseguiu trazer para o País o Global Medical Safety Hub, que é um serviço global de apoio à utilização e segurança dos medicamentos que até aqui estava disperso pelo Mundo e agora passa a estar concentrado e prestado a partir de Portugal. Esse serviço será composto por Investigadores, PhDs e Profissionais de Saúde altamente especializados. «A J&J está com Portugal para a vida toda e é essa confiança que também queremos reforçar junto dos portugueses», garantiu João Condeixa, External Affairs director da empresa.

À Marketeer, o profissional sublinhou a importância destas conquistas para o País e explicou a mudança da Janssen para Johnson & Johnson Innovative Medicine. Acompanhe a conversa.

Aquela que nos habituámos a denominar Janssen Pharmaceutical Companies of Johnson & Johnson é agora J&J Inovative Medicine. O que ditou esta mudança?

João Condeixa, External Affairs director

A Janssen fez parte do Grupo Johnson & Johnson durante mais de 60 anos. Durante todos esses anos, foram várias as transformações no sentido de reforçar o nosso compromisso com o doente. E este foi mais um passo nessa direcção.

Até 2023, o Grupo Johnson & Johnson esteve no mercado com três negócios distintos: produtos farmacêuticos, dispositivos médicos e consumo.

Com a saída da área de consumo, agora Kenvue, empresa totalmente independente, surgiu a oportunidade de nos focarmos exclusivamente na nossa capacidade única de reinventar os cuidados de saúde através de inovação transformadora e de responder aos mais importantes desafios da medicina, como nenhuma outra companhia no mundo consegue.

Os cuidados de saúde irão mudar mais nos próximos anos do que em todo o século passado e a Johnson & Johnson vai liderar essa mudança. Consolida agora numa única marca forte a ciência, a tecnologia, o conhecimento e a experiência necessários para liderar esse processo. No fundo, mudámos para liderar o rumo da medicina.

De que forma a pandemia desgastou a anterior marca?

Na verdade, pelo contrário, a pandemia reforçou a nossa marca. No sector da saúde, a Janssen já era bastante reconhecida e com uma sólida reputação. Com mais de 80 medicamentos desenvolvidos, 21 dos quais considerados essenciais pela Organização Mundial de Saúde, temos um dos pipelines mais robustos da indústria farmacêutica, o que, entre outros palmarés reputacionais, nos tem valido o primeiro lugar como Most Admired Pharma Company nos últimos nove anos consecutivos de acordo com a Fortune. Mas foi com a pandemia, e com o desenvolvimento de uma das vacinas que ajudaram o mundo a libertar-se e a voltar a viver em normalidade, que o público em geral conheceu a nossa marca.

Que trabalhos têm vindo a ser feitos no mercado português para dar a conhecer a mudança da marca junto dos vários públicos da empresa?

A mudança de uma marca global é algo que requer uma grande coordenação entre países, seguindo as directrizes da casa mãe. E é um processo gradual. Depois do anúncio mundial no ano passado, cada mercado foi preparando a sua implementação local. Em Portugal, iniciámos esse processo em meados de Janeiro, com comunicação dirigida aos nossos principais stakeholders, clientes, parceiros e fornecedores.

O principal foco foi junto dos profissionais de saúde, assegurando que esta mudança de branding em nada impacta os nossos produtos e que, mantendo o nosso propósito de fazer a diferença na vida de cada vez mais doentes, reforçamos esse compromisso e entramos numa nova era.

A comunicação com o público em geral tem de ser mais direccionada. Não somos uma empresa de grande consumo, comunicamos a mudança de marca abordando a nossa pegada social e económica e contribuindo para uma maior literacia em saúde nas nossas plataformas digitais dedicadas a doentes, no site institucional e no conjunto de iniciativas que desenvolvemos e participamos. 2024 vai ser o ano, em que a nossa comunicação de marca vai estar em todos esses momentos. Para explicar que este rebranding em nada muda o nosso propósito, foco e determinação em trazer inovação para os doentes.

A empresa ambiciona ser uma love brand?

Como dizia, não somos uma marca de consumo, somos uma marca de inovação transformacional que desenvolve medicamentos que fazem a diferença na vida de milhões de doentes em todo o mundo. No VIH, contribuímos para que uma doença que era mortal seja hoje tida como crónica, nas neurociências, orgulhamo-nos de ter contribuído para a desinstitucionalização de doentes psiquiátricos, de contribuir para vidas funcionais e capazes de serem incluídas em sociedade e mais recentemente na libertação de quem pela depressão perdia uma vida. E em áreas tão difíceis como a Oncologia, a Imunologia ou a Hipertensão Arterial Pulmonar, os ganhos em anos de sobrevivência com qualidade de vida são conquistas que muito nos orgulham. E queremos chegar ainda mais longe e fazer da doença algo do passado. Se ambicionamos ser uma love brand? Não. Mas não há nada mais apaixonante do que o que fazemos.

Como empregadora (RH), já conquistou esse capital de marca apaixonante?

Faz parte da cultura da Johnson & Johnson procurar o melhor talento e desenvolvê-lo. Procuramos todos aqueles que podem aportar valor à nossa empresa e que queiram crescer connosco, desenvolvendo todo o seu potencial. Ambicionamos ser a empresa mais saudável do mundo e o nosso investimento nos colaboradores já nos permitiu alcançar o primeiro lugar no Great Place to Work, na categoria de 100-500 colaboradores. Externamente, o que temos vindo a constatar, também fruto das parcerias que temos com a Academia, é que atraímos não só os futuros profissionais das áreas das ciências da vida, como acontecia antigamente, mas também outros profissionais de áreas como a gestão e engenharias, que veem na J&J um grupo que lhes permitirá crescer profissionalmente, seja em Portugal, seja internacionalmente.

Desde a pandemia de Covid-19 a saúde tornou-se, ainda mais, uma preocupação a nível global e Portugal não é excepção. De que forma tem a J&J aproveitado para reforçar o seu capital de confiança juntos dos portugueses?

A confiança é reforçada diariamente com os nossos medicamentos a demonstrarem o seu valor terapêutico. Mas há uma confiança reputacional, que resulta do nosso compromisso para com o País, que tem vindo a ser reforçada nos últimos anos.

Em 2018, conseguimos que Portugal voltasse a ser core country para a Johnson & Johnson em termos de I&D, em 2021 conseguimos captar para Portugal um Centro de Contacto dedicado à Covid-19 e mais recentemente, mesmo no final de 2023, conseguimos trazer para o nosso País o Global Medical Safety Hub, que é um serviço global de apoio à utilização e segurança dos medicamentos de toda a Johnson & Johnson Innovative Medicine e que será composto por Investigadores, PhDs e Profissionais de Saúde altamente especializados. A J&J está com Portugal para a vida toda e é essa confiança que também queremos reforçar junto dos portugueses.

Muitos são aqueles que recorrem ao dr. Google quando surge uma dúvida da área da saúde. Que trabalhos tem a J&J vindo a desenvolver no sentido de aumentar a literacia de saúde dos portugueses?

Três em cada dez portugueses têm baixo nível de literacia em saúde. Isto tem impacto sobre a sua própria saúde, sobre a saúde pública e sobre a economia. Para nós a literacia dos doentes é, por isso, uma prioridade.

Colaboramos com todas as associações de doentes para entender melhor as necessidades e desenvolver iniciativas e projectos que possam servir para aumentar o conhecimento nas diferentes áreas terapêuticas onde actuamos. Desenvolvemos iniciativas como “As Tripas Coração”, destinada aos doentes com Doença Inflamatória do Intestino, ou o “Na Tua Pele” para doentes com Psoríase, e todos os anos várias campanhas na área da Saúde Mental e do Cancro da Próstata para esclarecer e informar doentes e cuidadores. Às vezes em grandes superfícies, outras com media partners, sempre com parceiros institucionais, científicos e representantes de doentes.

Mas deixem-me destacar um especial: recentemente, com as três associações de doentes ligadas aos cancros do sangue, com a associação de enfermeiros e o grupo português de mieloma lançámos um livro infantil que explica o Mieloma Múltiplo de forma simples para ajudar doentes e cuidadores. É um livro com uma história incrível escrita pela escritora Sara Rodi e ilustrado por mim próprio, e que tem feito sucesso. Já estivemos em várias escolas, vamos na segunda edição e a procura tem sido tal que lançámos o audiobook. Mas quisemos fazê-lo com vozes de colaboradores da companhia. É um projecto genuíno feito por muitos com enorme carinho e que nos permitiu descobrir verdadeiros talentos internamente.

Os portugueses estão cientes da importância da J&J no que à investigação clínica diz respeito e nos investimentos que a empresa tem feito no País?

Cada vez mais. Em Portugal, estão actualmente a decorrer 44 ensaios da J&J, envolvendo mais de 400 doentes. Como dizia, desde que Portugal voltou a ser core country para a J&J em termos de I&D, aumentámos o número de ensaios e de recursos humanos dedicados a I&D.

Os ensaios clínicos têm benefícios vários: para os doentes e profissionais de saúde que assim têm acesso precoce e gratuito à inovação, para hospitais que reduzem a sua despesa e para Economia e para o Estado.

E por isso queremos continuar a contribuir para que o Portugal passe a ser mais competitivo na atracção de ensaios para o nosso País.

Quais os cinco principais marcos da J&J no mercado português em toda a sua história?

A Johnson & Johnson está em Portugal há mais de 60 anos, e a companhia farmacêutica há 40 anos. Em conjunto das duas companhias somos perto de 400 colaboradores, o que só por si já é uma grande pegada económica. Cinco grandes marcos que destacaria de entre vários:

1.               A nossa primeira mulher no board, logo em 1985, quando o sector era composto maioritariamente por homens de fato e gravata. Houve uma grande evolução no País, ainda há muito por fazer, mas a J&J tem sido sempre um exemplo;

2.               Em 2018, conseguimos que Portugal voltasse a ser core country para a Johnson & Johnson em termos de I&D, isto traz uma relevância acrescida para a companhia em Portugal e um ganho para os doentes portugueses;

3.               Termos alcançado o primeiro lugar no Great Place to Work na categoria de 100-500 colaboradores. Queremos ser a empresa mais saudável do mundo e atrair os melhores e tenho a certeza que este reconhecimento ilustra bem esse foco;

4.               Já que estamos numa publicação de Marketing, termos vencido o Prémio James Burke Award a nível Mundial em 2022 – este é o prémio da J&J à escala global e foi a primeira vez que recebemos esta distinção com um projecto disruptivo na área de Cancro da Próstata;

5.               E mesmo no final de 2023, termos conseguido trazer para o nosso País o Global Medical Safety Hub, que é um serviço global de apoio à utilização e segurança dos medicamentos que até aqui estava disperso pelo mundo e agora passa a estar concentrado e prestado a partir de Portugal.

Texto de Maria João Lima

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