Já ouviu falar de JOMO? O movimento anti redes sociais que já é uma tendência global

As redes sociais criam um mundo falso, onde as pessoas só publicam coisas boas, o que, por sua vez, gera um círculo vicioso em que cada utilizador se questiona porque é que a vida dos outros parece tão maravilhosa e a sua não, quando a realidade da pessoa que publica é muito diferente.

Por outro lado, parece que se não publicarmos tudo o que fazemos, não fazemos nada da nossa vida.

Isto levou a duas consequências principais: por um lado, passar demasiado tempo nestas plataformas pode levar a problemas de saúde mental como a depressão, a ansiedade e os complexos. Em simultâneo, provoca o que é conhecido como FOMO (Fear of missing out), que se traduz como o medo de ficar de fora, que é uma patologia psicológica que gera uma sensação constante de que os outros estão a divertir-se enquanto a pessoas se sente ausente.

O FOMO tem-se multiplicado nos últimos anos, fazendo com que muitas pessoas sofram desta ansiedade constante e não queiram perder um momento, só para o caso de ser um momento memorável. É impossível viver com esta inquietação, uma vez que não se pode estar sempre em todo o lado e a toda a hora, e é por isso que cada vez mais jovens estão a cunhar uma nova postura em torno das redes sociais e deste mundo constantemente ligado, chamada JOMO.

JOMO significa Joy of missing out, o antónimo de FOMO, e traduz-se como a alegria de não estar presente. Esta abordagem propõe abraçar a desconexão intencional e aproveitar os benefícios de estar ausente em determinados momentos. Face a esta pressão social que os jovens adotaram (devido a necessidades psicológicas de pertença e de autoafirmação) para não serem excluídos de experiências significativas ou valiosas nas suas vidas, o JOMO surge como um movimento de contracorrente.

A ideia atual é que não estar presente ou “faltar” não só é aceitável, como pode tornar-se uma fonte de bem-estar pessoal.

A verdade é que esta ideia já existe há muito tempo, e já em 2014 a autora Christina Crook no livro The Joy of Missing Out: Finding Balance in a Wired World propõe este modelo de vida.

Os benefícios do JOMO:

  • Reduz o stress e a ansiedade: ao libertar-se da pressão de estar constantemente ligado e atualizado, reduz os níveis de cortisol, a hormona do stress.
  • Melhora o sono: ao reduzir a utilização de dispositivos eletrónicos antes de dormir, adormece mais facilmente e dorme melhor.
  • Promove hábitos saudáveis: ao ter mais tempo livre, pode dedicá-lo a atividades que beneficiam a sua saúde, como fazer exercício, cozinhar alimentos saudáveis ou passar tempo na natureza.
  • Aumenta a concentração: ao eliminar as distrações, concentra-se melhor nas suas tarefas e é mais produtivo.
  • Estimula a criatividade: ao ter tempo para reflexão e introspeção, estimula o pensamento criativo e a geração de novas ideias.
  • Melhora a autoestima: permite-lhe concentrar-se nas suas próprias necessidades e desejos, sem se comparar com os outros.
  • Fortalece as relações reais: ao passar tempo de qualidade com as pessoas de quem gosta, sem distrações, cria ligações mais profundas e significativas.

Como aplicar o JOMO à sua vida:

  • Reduzir o tempo nas redes sociais: Estabeleça limites de tempo, desligue as notificações e crie espaços livres de redes sociais, por exemplo, nada de redes sociais depois das 21:00.
  • Dê prioridade a experiências reais: em vez de ficar em casa sentado no sofá, planeie atividades que impliquem sair, mesmo que seja apenas para dar um passeio, ou que não exijam a utilização de tecnologia, como ler, cozinhar ou desenhar.
  • Aprecie o que tem e não seja invejoso: Este pode ser o mais complicado, mas aprenda a apreciar o que tem em vez de se queixar do que não tem, e lembre-se sempre que nas redes sociais nem tudo o que aparece é real ou o que parece.

Lembre-se que o JOMO é um processo gradual. Não se trata de desistir de tudo ou de se isolar do mundo, mas de encontrar um equilíbrio saudável entre a ligação e a desconexão, porque se algo não lhe está a fazer bem, é melhor parar.