ISAG: Turismo: a retoma será progressiva, interna e digital
O sector que, há meros meses, debatia o overtourism (o excesso de Turismo) vê agora as suas preocupações invertidas pela pandemia da Covid-19.
A cooperação e o diálogo entre instituições governamentais e organizações de Turismo, a nível nacional e internacional, darão início a uma nova era e será um caminho comum a percorrer. No imediato, restabelecer a força do sector passa pela união de esforços em torno de associações que o representam, que estão a acompanhar as empresas neste momento de incerteza. Através dos meios digitais, há plataformas de debate, difusão de informação e esclarecimento de dúvidas.
Portugal nos últimos anos desenvolveu um trabalho exemplar na promoção do país, sendo que o sector do Turismo representou, segundo o INE, 14,6% do PIB nacional em 2018. Este trabalho deve ser continuado e potenciado pelos profissionais do sector. Segundo um estudo realizado pela revista “Forbes”, Portugal foi apontado como um dos destinos de eleição para se viver pós-Covid. As infra-estruturas do país, o clima, a segurança, a “alta qualidade” nos serviços de saúde, são algumas das vantagens destacadas no estudo desenvolvido.
Paralelamente Portugal deverá continuar a promover-se junto dos turistas nacionais. Nesta tarefa de conquista do consumidor interno, um sector que vivia já na era 4.0 deverá renovar a aposta na digitalização. «No curto prazo, o contacto presencial terá ainda algumas restrições, pelo que o digital será fundamental para continuar a chegar aos consumidores na promoção dos destinos, mas também será essencial na prestação dos serviços. A rápida adaptação à era digital é fundamental para o sucesso do sector», avança o professor Bruno Vieira, do ISAG – European Business School. O docente, que coordena uma Pós-Graduação em Digital Marketing Strategy e um Curso Técnico Superior Profissional em Gestão de Marketing Digital, reconhece ainda que «será essencial não abandonar as boas práticas que foram criadas durante a pandemia, como o boom do e-commerce, proveniente da adaptação das marcas à situação actual, através da disponibilização dos serviços pelos canais digitais (encomendas e vendas), ou os conteúdos destinados ao consumo online ou streaming».
Numa realidade totalmente nova para o sector, será mais do que nunca necessária a adaptação e formação de profissionais, qualificando-os para este “novo normal”. Do online, com formação na área de Marketing digital, e do offline, com a formação na área do Turismo, da Gestão Hoteleira ou as Relações Empresariais, sairá reforçada a necessidade de inovar e de repensar o sector de forma estratégica, sustentável e baseada em algo que sempre o caracterizou: a sua resiliência.
É inquestionável que os meios tecnológicos e digitais vão assumir um papel de extrema importância e serão o factor diferenciador na divulgação e promoção dos destinos turísticos. Só assim será possível restabelecer a confiança dos consumidores nacionais e internacionais e, por conseguinte, começarmos uma retoma e recuperação do sector.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Turismo”, publicado na edição de Junho (n.º 287) da Marketeer.