ISAG – European Business School: Os nómadas vieram para ficar

Se existiam dúvidas acerca da capacidade de o sector do Turismo recuperar após a pandemia de Covid-19, essas incertezas podem acabar. O sector recuperou, atingiu números superiores aos de 2019 e podemos afirmar que 2023 se apresenta como um ano excepcional. E Portugal passou a atrair os chamados nómadas digitais. Se, ainda recentemente, eram vistos como uma minoria, sem relevância para a economia dos destinos, representam hoje uma comunidade que, embora esteja sempre em movimento, adopta um estilo de vida que faz parte do ideal de muitos dos jovens das gerações Y (1980-1995) e Z (1996-2010) e encarnam um novo paradigma profissional.

Portugal foi rapidamente seleccionado por esta comunidade como um destino perfeito para se instalar e comunicar com outros pontos do mundo. De forma a direccionarmos a oferta para este nicho de mercado, importa compreender quem são eles e o que os atrai no nosso País. Tudo o que tem sido dito sobre Portugal, no que diz respeito ao turismo, aplica-se neste segmento. O clima, os preços, a segurança, as diversidades naturais e culturais, a famosa gastronomia e vinhos portugueses são essenciais quando se trata de escolher onde se instalarem. Portugal, em apenas 92 212 quilómetros quadrados, reúne um conjunto de recursos que consegue atrair pessoas de todo o mundo. Claro que o facto de termos uma costa repleta de praias apetecíveis representa valor acrescentado para quem nos procura.

Outro aspecto fundamental nesta decisão está relacionado com questões mais legais e a famosa lei portuguesa de vistos para nómadas digitais é, sem dúvida, o factor principal para esta escolha. Esta lei permite que os estrangeiros permaneçam em Portugal usufruindo de um conjunto de condições bastante convidativas. O visto permite aos profissionais estrangeiros, que prestam os seus serviços de forma remota, viver em Portugal durante o período de um ano, podendo posteriormente submeter o pedido de autorização de residência (até cinco anos). Actualmente, um dos requisitos deste visto é o comprovativo de que o nómada digital possui um salário base de 3.040 euros brutos.

Se já reunimos as condições que nos permitiram abrir a porta a estas comunidades, temos agora de trabalhar as competências que nos permitam receber ainda melhor. A formação e a retenção de recursos humanos capazes de receberem diferentes culturas, com conhecimentos acerca das diferenças culturais e das regras de protocolo de quem nos visita, são fundamentais. Uma das coisas que os nómadas digitais procuram é a aproximação com as comunidades locais e, para que esta exista, temos de investir na criação deste tipo de experiências. Cabe às instituições de ensino actualizar os seus currículos de forma a estudar estas novas formas de praticar turismo e ir ao encontro das necessidades do novo turista que nos visita.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Turismo”, publicado na edição de Agosto (n.º 325) da Marketeer.

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