ISAG: Desafios da Gig Economy

Os negócios 100% digitais abrangem uma vasta gama de actividades, desde o comércio electrónico até ao marketing digital, passando por serviços baseados na nuvem, desenvolvimento de software e diversas plataformas. Em Portugal, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2023, cerca de 60% das empresas utilizam meios digitais de comunicação (social media) e a quase totalidade destas empresas utiliza as redes sociais (99%). As vendas através do comércio electrónico representaram 19% do total do volume de negócios (em 2022), atingindo os 68 mil milhões de euros (+36,3% face a 2021). Este crescimento reflecte-se globalmente, com um aumento contínuo no número de empresas que operam exclusivamente no ambiente digital.

Nesta conjuntura, as profissões e os modelos de organização do trabalho também estão a mudar. A Confederação Empresarial de Portugal prevê que até 2030 se assista ao fim de 1,1 milhões de empregos, ao mesmo tempo que irão ser criados perto dos mesmos 1,1 milhões: especialistas em blockchain, gestores de comunidades online e developers de inteligência artificial são alguns exemplos. Surge, assim, a gig economy como uma das principais consequências da digitalização, e também das novas formas de encarar o trabalho – sem horários definidos, sem contratos e com múltiplos empregadores.

A gig economy associa-se a plataformas digitais onde os consumidores encontram prestadores de serviços pagos por tarefa. Esta é uma realidade que veio para ficar, e com tendência para crescer, onde o novo modus operandi exige novas competências e uma abordagem flexível.

Assim, para implementar estes novos modelos de negócio e aproveitar as vantagens que daí advêm, é essencial que haja a formação adequada. Além das competências técnicas, é também vital apostar na formação em soft skills. A capacidade de adaptação, pensamento crítico, resolução de problemas e comunicação são competências que complementam o conhecimento técnico e são essenciais no ambiente digital.

Os líderes são, por seu lado, os principais responsáveis por criar uma cultura de inovação e desenvolvimento, promovendo a formação contínua das equipas, assegurando que estão actualizadas com as tendências, oportunidades e desafios do sector.

Por outro lado, os negócios digitais também trazem à tona a necessidade de incorporar princípios sustentáveis na actuação digital, pois estes negócios podem reduzir a sua pegada de carbono através do uso de data centers eficientes em termos energéticos, promover a economia circular ao minimizar o desperdício electrónico, e adoptar políticas de responsabilidade social corporativa. Ao mesmo tempo, é crucial uma gestão intercultural para criar ambientes de trabalho inclusivos.

Finalmente, ressalto o papel das instituições de ensino no acompanhamento e resposta a estas novas tendências. Para o efeito, o ISAG tem vindo a desenvolver o Smart ISAG. Este projecto assenta na visão estratégica de capacitar o ISAG para um futuro digital e inclusivo, com ênfase na sustentabilidade. O seu propósito é proporcionar uma experiência educacional única e enriquecedora, alargar o seu alcance internacional e enfrentar com sucesso os desafios do Ensino 5.0, através da criação de um Campus ISAG virtual, no qual os utilizadores podem interagir e participar em experiências de ensino-aprendizagem imersivas. Este projecto tem potencial para ser escalado no tempo e abrir caminho, no futuro, para a presença da instituição no Metaverso.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Negócios 100% digitais”, publicado na edição de Junho (n.º 335) da Marketeer.