Ir a um centro comercial para ver arte? “Feedback tem sido extremamente positivo”, diz Catarina Tomaz, diretora de marketing dos centros VIA Outlets
A exposição Contra/Tempo, que celebra a produção artesanal e reúne o trabalho de 45 artistas e artesãos portugueses ou residentes em Portugal, foi prolongada até 30 de março, após ter recebido três mil visitantes. Organizada pela Portugal Manual, a mostra explora o tempo e dedicação envolvidos no artesanato, apresentando obras em materiais diversos como têxtil, cerâmica, madeira e vidro.
Instalada no Freeport Lisboa Fashion Outlet, a exposição reflete a crescente aposta dos centros comerciais no apoio e promoção da arte, desde a ilustração à fotografia e instalação, com especial destaque para a produção nacional e local. Tornar estes espaços pontos de encontro entre o público, os artistas e a sua arte é o grande objetivo da iniciativa, que conta com entrada gratuita.
A propósito desta crescente aposta na arte como parte da experiência de ir a um centro comercial, a Marketeer falou com Catarina Tomaz, diretora de marketing dos centros VIA Outlets em Portugal, que destacou que esta aposta visa enriquecer a experiência dos visitantes, transformando os centros em espaços de descoberta e inspiração.
Segundo a responsável, a promoção da arte local e nacional fortalece a identidade dos centros comerciais e cria uma ligação emocional com o público. Além disso, iniciativas como a Contra/Tempo geram impacto positivo na perceção do público.
1. O que motivou os centros Via Outlets a apostar na arte como parte da experiência de visita?
Os centros VIA Outlets em Portugal têm um percurso consolidado na valorização da arte como parte integrante da experiência de visita. Acreditamos que a arte tem o poder de transformar espaços e de enriquecer a relação dos visitantes com o centro, tornando cada visita mais inspiradora.
Temos investido de forma contínua na promoção de diversas expressões artísticas, seja através de exposições temporárias ou de instalações permanentes, como a Memórias do Mar, de Cristina Rodrigues, no Vila do Conde Porto Fashion Outlet.
A exposição Contra/Tempo insere-se neste mesmo propósito: proporcionar um espaço onde a arte e a cultura tenham um papel ativo na experiência de compra, criando um ambiente diferenciador, estimulante e com significado para quem nos visita.
2. De que forma a promoção de arte local e nacional contribui para a identidade e o posicionamento dos centros?
A estratégia Beautiful Local da VIA Outlets assenta num compromisso forte com a cultura e identidade dos mercados onde estamos presentes. Este compromisso reflete-se não só na arquitetura e decoração dos nossos centros, mas também nas experiências que proporcionamos.
Acreditamos que um centro comercial pode ser muito mais do que um espaço de compras. Pode e deve ser um espaço de descoberta e inspiração. Ao promovermos a arte local e nacional, damos palco a criadores talentosos e oferecemos um novo motivo para os nossos convidados regressarem, fortalecendo a sua ligação emocional com o espaço.
A mostra Contra/Tempo é um reflexo deste posicionamento: uma celebração do artesanato contemporâneo e da criatividade portuguesa, que enriquece a experiência de visita e reforça a nossa identidade como destino inovador e culturalmente envolvente.
3. Que impacto têm sentido na perceção do público e no envolvimento dos visitantes com estas iniciativas?
O feedback tem sido extremamente positivo. A arte surpreende e cria momentos inesperados no percurso dos visitantes, despertando emoções e incentivando uma interação mais profunda com o espaço. Muitos visitantes e parceiros partilham connosco o quanto valorizam estas iniciativas e como sentem que tornam o centro mais acolhedor e inspirador.
Além disso, temos observado um aumento na interação digital, com mais partilhas e comentários sobre a exposição nas redes sociais. Isso demonstra que estas iniciativas não só captam a atenção, como também geram conversas e ampliam o alcance do centro além do espaço físico.
Os próprios lojistas também reconhecem o impacto positivo destas exposições, pois contribuem para um ambiente mais dinâmico e sofisticado, promovendo um tipo de visita diferenciado.
4. Acredita que a arte nos centros comerciais pode influenciar o comportamento do consumidor ou mesmo atrair novos públicos?
Sem dúvida. O nosso objetivo é proporcionar uma experiência de visita que vá além do ato de compra. Queremos criar um ambiente rico em estímulos e emoções, que valorize o tempo passado no centro e que convide a voltar.
A arte tem esse poder de transformar um simples momento num instante memorável, tornando a visita mais agradável e cativante. Para além disso, pode atrair novos públicos que podem não frequentar habitualmente um espaço comercial.
Ao trazer a arte para o centro, criamos um diálogo entre diferentes universos, abrimos novas perspetivas e fortalecemos o nosso papel enquanto espaço de encontro e de partilha cultural.
5. Existem planos para tornar estas iniciativas artísticas uma presença permanente nos centros?
Apostar em arte como parte permanente dos nossos centros faz parte do nosso ADN e já o temos feito com sucesso. Um exemplo disso é a exposição Memórias do Mar, no Vila do Conde Porto Fashion Outlet, uma instalação artística impactante que homenageia a tradição piscatória local.
Além disso, em 2022, demos um passo além e adicionámos uma experiência multissensorial à exposição, através de uma composição sonora de Manuel Faria, que transporta os visitantes para o universo marítimo. Esta aposta reflete a nossa visão de integrar a arte de forma imersiva e inovadora.
Por isso, consideramos sempre novas oportunidades para consolidar estas iniciativas e garantir que a arte tem um papel contínuo nos nossos espaços, seja através de novas exposições, seja pela incorporação de elementos artísticos permanentes na identidade dos centros.
6. Como surgiu a parceria para a exposição Contra/Tempo?
A nossa colaboração com a SOTA – State of the Art já tem vários anos e tem sido uma parceria essencial, em que nos desafiamos mutuamente, para trazer propostas artísticas inovadoras aos nossos centros. A exposição Contra/Tempo nasceu desse compromisso de surpreender e de criar um espaço onde a arte e o artesanato contemporâneo se encontram, valorizando a identidade e a cultura portuguesas.
Foi também um privilégio trabalhar com a Filipa Belo, fundadora da Portugal Manual e curadora desta exposição. A sua visão e dedicação foram fundamentais para materializar esta mostra de forma tão autêntica e inspiradora. E não vamos ficar por aqui. Esperamos em breve poder revelar novos projetos em conjunto.
7. O que diferencia esta exposição de outras iniciativas artísticas já promovidas pelos centros e o que destacaria nela?
A Contra/Tempo distingue-se, antes de mais, pela sua escala e pela diversidade de artistas envolvidos. Até agora, temos trabalhado sobretudo com artistas individualmente, apresentando obras criadas especificamente para os nossos centros. Desta vez, reunimos 45 artistas num único espaço, proporcionando uma experiência mais abrangente e multifacetada, onde diferentes estilos, técnicas e materiais se cruzam num mesmo diálogo.
Outro fator diferenciador é a forma como a exposição foi integrada no centro. Dedicámos a esta mostra um espaço nobre, que estava temporariamente desocupado, e investimos na construção de uma galeria com a mesma qualidade de qualquer outra inserida em locais culturais de referência, como o CCB. Esta decisão reflete o nosso compromisso em proporcionar uma experiência artística imersiva e de excelência, garantindo que a arte é apresentada num ambiente digno e inspirador.
Além disso, a exposição reforça a nossa visão de que os centros comerciais podem – e devem – ser espaços de cultura, contrariando a ideia de que a arte pertence apenas a museus e galerias convencionais. Ao trazer uma mostra desta dimensão para o Freeport Lisboa Fashion Outlet, estamos a democratizar o acesso à arte e a criar novas interações entre os visitantes e o universo artístico contemporâneo.
8. A exposição já recebeu cerca de 3 mil visitantes. Que feedback têm recebido do público e dos próprios artistas?
O feedback tem sido muito positivo, tanto por parte do público como dos artistas. Os visitantes mostram-se surpreendidos com a qualidade e diversidade das peças expostas.
Muitos dos artistas destacam a importância desta iniciativa, para dar visibilidade ao seu trabalho e a satisfação de verem as suas obras apreciadas por um público tão diversificado. Para muitos, esta exposição é uma oportunidade de interação com um público que, de outra forma, poderia não ter acesso ao seu trabalho.