Inteligência Artificial: onde fica o profissional de Marketing?
Por Ana Barros, da Martech Digital
Sim, é verdade, mais um artigo sobre inteligência artificial. ChatGPT, Siri, entre tantos outros, a verdade é que ninguém consegue escapar ao impacto desta tecnologia que entrou nas nossas vidas e está a revolucionar o nosso quotidiano. Para os departamentos de marketing, a IA tornou-se uma poderosa aliada que influencia as interacções com clientes e potenciais clientes. Mas, no meio de tanta revolução, onde fica o profissional de marketing?
Quando temos tantas ferramentas à nossa disposição e que nos facilitam a vida, é normal que fiquemos mais exigentes com o que consumimos e em quem confiamos. Para as empresas, tornou-se imperativo captar a atenção do target desde o início. Para os departamentos de marketing, a IA é um “braço direito” que executa tarefas mais táticas e que exigem menos intervenção humana.
Está claro que IA desempenha um papel essencial na forma como auxilia os profissionais de marketing a se conectarem com os clientes. Digamos que a IA é expert em relacionamentos, além de atender clientes como um assistente pessoal supereficiente, ajuda a entregar mensagens personalizadas em pontos estratégicos da jornada de compra. Esta tecnologia consegue identificar clientes em risco e direccioná-los de volta para as nossas empresas.
E quando digo ajuda, não é substitui. Acima de tudo a IA deve trabalhar a favor do marketing e ajudar a orientar, a estruturar e a organizar as ideias para que o marketeer, com a sua pitada de criatividade, dê de facto o valor acrescentado e a diferenciação para o cliente.
Com a IA, conseguimos medir literalmente tudo! O marketeer não tem de esperar até ao final de uma campanha para tomar decisões, pois pode utilizar análises em tempo real que permitem ajustar o conteúdo. Adicionalmente, as plataformas e ferramentas de marketing de IA, conseguem gerir dados e obter insights valiosos das nossas personas.
Enfim, podíamos ficar aqui até amanhã, mas penso que já é evidente a influência desta tecnologia no mercado. Empresas como a Hubspot estão a liderar o caminho e a desenvolver maneiras inovadoras de combinar a realidade e os chatbots. Os chatbots da Hubspot recolhem informações preliminares, como o e-mail e a disponibilidade do cliente para uma reunião com um assistente, até que este esteja disponível para assumir a conversa e resolver o problema. Já a Dell, está a usar a IA para identificar dinamicamente vários perfis de clientes e personalizar o assunto e o conteúdo apresentado em campanhas B2B e B2C. Resultado: taxas de cliques incríveis! Presenciámos também mais recentemente o lançamento do Microsoft 365 Copilot, o verdadeiro assistente virtual do marketeer.
Em suma, as ferramentas de marketing de IA usam dados e perfis de clientes para aprender como comunicar melhor e enviar mensagens personalizadas no momento certo, sem que seja necessária a intervenção de uma equipa de marketing. E não vai parar por aqui! Então, permitam-me a ironia, ainda precisamos de profissionais de marketing?
A resposta parece-me óbvia e não podemos ser hipócritas. É claro que a tecnologia facilita, mas o ser-humano deve ter atenção para que não fique refém da mesma. Nestas situações lembro-me sempre do filme de animação WALL-E, que faz uma abordagem importante sobre a relação entre tecnologia e o ser-humano. WALL-E permite-nos reflectir que acções individuais podem fazer uma grande diferença, e isto também se aplica à IA, já que cada pessoa e empresa pode tomar medidas para garantir como é utilizada esta tecnologia.
A IA é um “mega-brain” que processa uma quantidade incrível de dados, mas não tem o factor humano que os profissionais de marketing trazem para a mesa quando se trata de pensar fora da caixa e gerar ideias inovadoras. A IA também pode ser a rainha da análise de dados, mas não pode competir com os profissionais de marketing quando se trata de entender as emoções e nuances dos seus clientes. Ainda! Cabe-nos a nós, humanos, dosear e fazer da tecnologia o lado bom. Caso contrário, poderá ter exactamente o efeito contrário e acabarmos todos obesos, obsoletos, sem agilidade e capacidade de adaptação, tal como acontece com os humanos do WALL-E.
Com “mãos de fada”, os marketeers devem gerir esta dualidade, para não descurar a produtividade que esta tecnologia oferece, mas também para não perder algo que nenhuma máquina pode dar: a intuição e o instinto, que são cruciais numa área tão criativa e imprevisível como o marketing. A era MarTech está aí, portanto, vamos dar-lhe um bom uso.