Inteligência Artificial (IA): Futuro de oportunidades ou oportunidades de futuro?

Por Mário Barros, Cluster Operations manager da Ingka Centres para o Sudoeste da Europa e presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Portuguesa de Centros Comerciais

Chegou a Inteligência Artificial. Vivemos oficialmente no futuro! Pelo menos, foi essa a sensação geral desde que, em 2022, a primeira versão do ChatGPT foi lançada. De repente, passámos a interagir com uma entidade capaz de gerar conteúdo em tempo real. Magia!

Na realidade, não é bem assim. Este tipo de “magia” já cá anda há bastante tempo. A inteligência artificial começou a dar os seus primeiros passos nos anos 40 e foi formalmente estabelecida como uma disciplina académica nos anos 50. Como uma área multidisciplinar, a IA combina Filosofia, Matemática, Neurociência, Psicologia, Engenharia de Computadores, entre outras. No entanto, foi apenas a partir da década de 2010 que começou a resolver problemas práticos, especialmente no mundo dos negócios. Hoje em dia, vemos este tipo de inteligência aplicada em inúmeras áreas – um exemplo notável é a condução assistida, com táxis autónomos já em funcionamento em algumas zonas dos Estados Unidos da América.

O que realmente testemunhámos em 2022 foi um salto qualitativo significativo: a democratização de uma vertente relativamente recente da IA — a IA Generativa. Diferente dos sistemas tradicionais de IA, que seguem padrões e regras pré-definidas pelos programadores, a IA Generativa tem uma habilidade única: criar. Pode gerar áudio, arte, texto e, mais impressionante ainda, aprender a partir de grandes conjuntos de dados, sem a necessidade de instruções explícitas.

Spoiler alert: estamos apenas no início. A tecnologia vai continuar a evoluir a um ritmo cada vez mais acelerado, e estes avanços extraordinários tornar-se-ão cada vez mais frequentes.

No retalho, como noutras áreas, já vemos um futuro repleto de oportunidades que a IA nos traz: predição de tendências, personalização de anúncios e ofertas, definição de preços em tempo real, assistentes virtuais, e, em breve, a integração da IA no Microsoft Office (adeus minutas de reuniões, olá respostas automáticas a e-mails).

Imagine um cliente que compra um produto online e, ao detetar um defeito, apresenta uma reclamação. Automaticamente, o sistema analisa o problema, verifica as imagens enviadas, aprova o reembolso e responde de imediato ao cliente. Não vejo nada impossível neste cenário.

Com os meus 44 anos, ao olhar para trás, vejo inúmeros avanços que, nos anos 80, teria descrito como magia. Mas, olhando para a frente, é evidente para mim que a IA Generativa vai continuar a moldar a nossa sociedade de formas que eu nem consigo imaginar. Acredito que esta tecnologia seguirá o caminho da colaboração com os humanos, unindo e amplificando a criatividade humana com ideias geradas pela IA. Pela primeira vez, temos a oportunidade de criar futuros ilimitados.

O desafio agora é compreender como utilizar estas novas possibilidades. Para tal, é essencial começar por entender o que é a IA e onde nos pode ajudar. O ChatGPT mudou o mundo, mas pode não ser exatamente o que precisamos no nosso modelo de negócio. A nível da gestão, o primeiro passo é conhecer a tecnologia para identificar os casos de uso certos para os problemas ou oportunidades. Afinal, como referi no início, a IA já cá anda há muito tempo.

Espero que ainda vá a tempo de adicionar à sua lista de prioridades para 2025, juntamente com ir ao ginásio, aprender sobre IA: dedique tempo a compreender o impacto e as possibilidades da inteligência artificial. Vai valer a pena!

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