IA: o novo ‘braço direito’ dos profissionais de marketing?
Por Humberto Ayres Pereira, CEO e fundador da Rows.com
A discussão em torno da Inteligência Artificial (IA) está na ordem do dia, muito potenciada pelo surgimento de um modelo avançado de linguagem, o ChatGPT. Tem-se especulado acerca do que estas novas ferramentas poderão significar, nomeadamente para o futuro do trabalho. É difícil antecipar quais serão os impactos reais de ferramentas como esta durante a próxima década. Mas, dada a sua versatilidade, não há dúvida de que serão adoptadas de forma transversal a todas as actividades, lúdicas e profissionais. O marketing é, claramente, uma das áreas que mais pode beneficiar desta revolução.
Como um bom assistente virtual, a IA vai permitir aos profissionais de marketing fazer tudo de forma mais célere, seja na fase de ideação (blogposts, keywords para ads, planos de marketing), na fase de construção (artigos, descrições de produto, queries de SQL para análise de dados), ou na fase de transformação (sumarizar conteúdo para posts nas redes sociais, resumir feedback de utilizadores para análise e/ ou segmentação de mercados). Aqui, não se trata de desvalorizar a componente humana. O pensamento crítico, as ideias e o trabalho serão sempre mais importantes que a IA. Mas esta estará embutida nas ferramentas que utilizamos e, por essa razão, será fundamental para quase todos os negócios.
As soluções de IA podem ser facilmente automatizadas, contribuindo de forma contínua para os objectivos de uma empresa ou marca. Como exemplo, se ligarmos as funcionalidades da IA a um sistema de importação de dados, podemos de forma muito rápida categorizar o sentimento dos clientes que falam sobre uma marca online. Isto leva a um ciclo de feedback mais rápido e, consequentemente, a decisões mais rápidas. E é aqui que reside o verdadeiro valor da IA.
Se pensarmos no mundo antes do computador versus depois do computador, teremos uma analogia bastante apropriada em relação àquilo que a IA poderá implicar: muitas tarefas que já eram feitas passam a ser mais eficientes e muitas que não eram feitas passam a ser possíveis. Com isto, os profissionais poderão concentrar-se mais noutros aspectos do marketing e das suas estratégias, nomeadamente aqueles em que a interacção e a nuance humana são fundamentais.
A IA vai também abrir caminho para novas competências humanas. Uma das áreas que será mais afectada será o SEO (Search Engine Optimization). Uma vez que criar conteúdo se torna cada vez mais fácil e rápido, será necessário alterar as competências de quem trabalhar com avaliação, classificação (rankear) e promoção de conteúdo online. Portanto, é bastante natural que o SEO seja um domínio do marketing que mais irá mudar.
O que podemos, então, esperar nos próximos anos? Primeiro, a sociedade vai focar-se no tema da IA com afinco, e vai haver muito mediatismo em torno deste tópico, com os media, agentes sociais e políticos a trazerem o debate para a ordem do dia. Imagino que vamos assistir a uma proliferação de negócios exploratórios, que irão desde informação sobre a matéria (cursos, livros, podcasts), às agências de consultoria e criação de conteúdo, até aos assistentes virtuais e pequenos plugins que serão simples máscaras em cima destes poderosos algoritmos e serviços (APIs) de IA. Muitas soluções irão nascer e desaparecer nos próximos dois a três anos, mas as que ficarem terão, sem dúvida, um impacto extraordinário na forma como trabalhamos no nosso dia-a-dia.
Diria que, neste momento, a questão já não passa por avaliar os benefícios da adopção da IA por parte das empresas e das marcas. Devemos expor este novo software às diferentes equipas de cada organização, de forma transversal, para estas se manterem na linha de evolução. Tal como aconteceu com os computadores nos anos 80 e 90, quem desconsiderar esta tendência irá perder muitas oportunidades, e poderá ficar irremediavelmente para trás. Quem conseguir introduzir esta inovação nos seus processos, irá ficar melhor preparado para crescer.