Humanizar para inovar: uma boa estratégia de design?

Texto de opinião de Patrícia Soares Digital Designer Bliss Applications

Falemos do cenário atual, onde o mundo digital evolui constantemente e a tecnologia está presente na vida de praticamente todas as pessoas. As marcas anseiam por se destacar, serem vistas, ouvidas e ficar na memória dos consumidores. Como designers devemos projetar produtos e comunicações com base na diversidade humana, e garantir que todas as pessoas tenham igualdade de acesso ao nosso conteúdo ou produto.

O design inclusivo é assim um forte aliado do marketing digital — e as razões vão muito além de alcançar um público maior. Melhorar a experiência do utilizador ou fortalecer a reputação das marcas, podem ser alguns dos resultados que teremos.

Ao iniciar o processo criativo, os designers têm o objetivo de desenvolver soluções que respondam a necessidades físicas, psicológicas ou emocionais dos utilizadores. Perceber que problemas enfrentam e criar novos produtos ou soluções acessíveis a todos.

A tecnologia evolui constantemente, mas devemos garantir que vivemos numa sociedade justa, inclusiva e, acima de tudo, mais humana.

A campanha da Nike para o lançamento dos FlyEase – ténis projetados para pessoas com mobilidade reduzida – em 2021, é um óptimo exemplo da combinação entre inovação e acessibilidade. Além do design inovador que permite calçar e descalçar sem o uso das mãos, os ténis têm um sistema de dobradiça que facilita a entrada do pé.

“Honestamente, reinventamos a mecânica do sapato” – A Nike permitiu que uns ténis de design apelativo pudessem ser usados por todas as pessoas, com ou sem alguma limitação física.

Na campanha de marketing digital, a marca implementou algumas estratégias de acessibilidade ao utilizar textos alternativos em imagens, o que permite que leitores de ecrã descrevam as imagens para pessoas com deficiência visual. Na divulgação da campanha ofereceu diferentes formatos de interação que se adaptam aos dispositivos de cada consumidor – dispositivos móveis, desktops e nas plataformas de redes sociais.

Outro exemplo de inovação bem conhecido na acessibilidade digital é a Apple. Ao desenvolver os seus produtos, a marca tem em conta as possíveis limitações dos seus consumidores. Utiliza diversos recursos de acessibilidade integrados de referência, como a função VoiceOver, que lê o ecrã em voz alta para utilizadores com deficiência visual , ou o Switch Control, que permite controlar dispositivos com movimentos simples.

Para muitos designers, a inovação inclusiva pode parecer uma lista interminável de regras e restrições que limitam a criatividade. No entanto, a Nike provou que é possível utilizar essas diretrizes e limitações para elevar um produto tão simples como um sapato. No caso da Apple, a empresa é considerada uma referência nos recursos de acessibilidade que utiliza.

Humanizar é uma boa estratégia?

Sem dúvida! A humanização oferece uma vantagem competitiva porque cria uma identidade única e uma conexão emocional com o público, fortalecendo a relação de confiança com a marca. As marcas devem combinar o poder da tecnologia com uma abordagem humana e emocional.

Vivemos num mundo repleto de interações digitais automatizadas, onde os consumidores procuram cada vez mais marcas que demonstram empatia e valores humanos. Ao desenvolvermos soluções inovadoras com foco na acessibilidade, como interfaces intuitivas e adaptáveis a cada dispositivo, as empresas podem criar produtos que democratizam o acesso à informação e às oportunidades.

Quando as marcas oferecem experiências mais humanas criamos uma ligação mais forte e autêntica com o consumidor.

Mais do que uma estratégia, a chave é Humanizar!

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