«Hotelaria vive crise sem precedentes», alerta a AHP
A Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) alertou para a gravidade da situação que o sector atravessa, com as dormidas de não residentes a recuarem, em 2020, para mínimos históricos de 1984.
De acordo com a associação, os dados provisórios divulgados pelo INE – Instituto Nacional de Estatística sobre os resultados da actividade turística no ano passado «não surpreendem o sector hoteleiro e vão, infelizmente, ao encontro do que a associação já antevia». Os dados do INE revelam que, em 2020, os estabelecimentos de alojamento turístico registaram 10,5 milhões de hóspedes e 26 milhões de dormidas, correspondendo a diminuições de 61,2% e 63%, respectivamente, face ao ano anterior.
Ainda segundo a AHP, entre as várias formas de alojamento, a hotelaria e os hostels são os que sofreram as quebras mais «brutais» no ano passado, com reduções anuais de 64,5%, e 66,4%, respectivamente, «muito superiores às registadas pelo alojamento local e pelo turismo no espaço rural e de habitação».
«2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984! Mas 2021 não será melhor. A situação da hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes – é importante que se perceba isso. As empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes, e neste momento não conseguem honrar os seus compromissos com os ordenados, os fornecedores e os impostos», sublinha em nota de imprensa Raul Martins, presidente da AHP, lembrando que o sector emprega 90 mil profissionais. «Se não existirem apoios urgentes, não será “apenas” o sector hoteleiro, empresas, trabalhadores e famílias que sofrerão, mas toda a economia», reitera.
A AHP revela ainda que já solicitou ao Governo a criação de uma linha específica de apoio para a hotelaria e medidas financeiras e fiscais exclusivamente dirigidas às empresas hoteleiras, bem como a isenção da TSU (Taxa Social Única), e entretanto «aguarda prorrogação urgente das moratória dos reembolsos de capital e juros das linhas de financiamento COVID-19 e dos demais créditos bancários». «Sem as empresas hoteleiras, não haverá retoma do turismo, e o turismo pode voltar a ser o motor da retoma da economia portuguesa», conclui.