Hermès levada a tribunal. E a culpa é das malas Birkin

Certamente já terá ouvido falar nas malas Birkin da marca de luxo Hermès, se o mundo da moda é algo que lhe suscita curiosidade. Nesse caso saberá também que o acessório não só tem um preço bastante elevado, como é de difícil acesso à maioria dos interessados em comprar. Parece estar perpetuamente esgotada e isso levou dois consumidores a avançar com um processo judicial contra a insígnia num tribunal da Califórnia.

De acordo com a CNN Business, os queixosos acusam a Hermès de explorar o “incrível poder de mercado” que advém da “conveniência única, da incrível procura e da baixa oferta” da sua mala mais prestigiada para fazer subir os preços e aumentar os seus próprios lucros.

Alegam que o acesso à mala Birkin da Hermès está dependente da compra de outros produtos, o que resulta num “acordo ilegal de venda subordinada” que viola a legislação antitrust dos EUA.

Em 2022, a marca disse à Business of Fashion que “proíbe estritamente qualquer venda de determinados produtos como condição para a compra de outros”. A distribuição controlada (e a escassez) ajudou a fazer da Birkin um dos produtos mais cobiçados do mundo da moda e uma classe de activos por si só – os preços podem mais do que duplicar na revenda.

As práticas enigmáticas de venda da Hermès, em que os artigos mais desejados, como as malas Birkin e Kelly, são oferecidos de forma intermitente e, normalmente, a clientes que já têm um historial de compras na marca, têm sido dissecadas nos círculos da moda. Mais recentemente, tornaram-se tema de vários vídeos do TikTok e tópicos do Reddit sobre como jogar “o jogo da Hermès”, com os criadores das redes sociais a oferecerem dicas sobre como deitar as mãos a artigos de prestígio da insígnia através de interacções coordenadas com os vendedores.

A acção judicial alega que os compradores são obrigados a comprar produtos auxiliares (artigos como lenços, almofadas ou sapatos) antes de serem autorizados a comprar uma mala Birkin. Os vendedores são «instruídos a oferecer bolsas Birkin apenas a consumidores que tenham estabelecido um ‘histórico de compras’ ou ‘perfil de compras’ suficiente», afirma o advogado do queixoso na queixa.

A queixa realça ainda a estrutura de comissões da empresa – em que os funcionários alegadamente não recebem pela venda de uma Birkin, mas recebem por outros bens – como prova do esquema.

Agora, a Hèrmes terá de responder à queixa. Se o processo avança para julgamento ou não depende, em parte, do tempo e dinheiro que os queixosos queiram investir na recolha de provas e testemunhos, de acordo com a CNN Business.

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