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Hermès entra numa nova era de luxo, a alta costura
Axel Dumas, líder da Hermès, já tinha dado a entender que haveria mudanças em breve. No final de 2024, numa entrevista, mencionou a possibilidade de expandir a marca para o universo da alta-costura. Esta decisão surge num contexto de crescimento significativo da sua linha de pronto-a-vestir nos últimos anos.
Durante uma conferência com analistas realizada a 14 de fevereiro, Dumas expressou entusiasmo pelo projeto, salientando que este não foi impulsionado por razões estratégicas ou de marketing: “O que nos atrai na alta-costura é o savoir-faire. Possuímos um padrão de qualidade elevadíssimo, especialmente no trabalho do couro, e perguntámo-nos: por que não?”
Embora não estivesse inicialmente no plano estratégico do grupo, a ideia já vinha sendo discutida internamente há bastante tempo. Dumas reconheceu que este passo trará desafios, mas também grande satisfação. O objetivo da empresa é estabelecer esta atividade até 2026 ou, caso necessário, até 2027.
A incursão na alta-costura, que exige um elevado nível de criatividade e execução artesanal, reforçará o posicionamento da Hermès no segmento de luxo extremo, consolidando a sua imagem de exclusividade e mestria artesanal. No entanto, trata-se de uma mudança significativa na história da marca e requererá um investimento substancial, especialmente porque a Hermès privilegia o controlo total sobre a sua cadeia de produção. Ademais, para obter a distinção oficial de casa de alta-costura, é necessário cumprir requisitos rigorosos.
Com os recursos financeiros adequados para esta empreitada, a Hermès poderá expandir a sua clientela, captando consumidores da elite mundial, e incrementar significativamente as suas receitas, dado que as peças de alta-costura atingem valores elevados no mercado.
Este anúncio ocorre num período de forte crescimento da divisão de pronto-a-vestir da marca, que se tem aproximado do negócio principal da empresa: os Artigos de Couro e Selaria, que geraram 6,4 mil milhões de euros em 2024. No mesmo período, a divisão de Vestuário e Acessórios representou quase um terço do volume de negócios total da empresa, atingindo 4,4 mil milhões de euros, um crescimento de 15% a taxas constantes.
Dumas destacou o pronto-a-vestir como um dos três pilares da diversificação da marca, juntamente com o calçado e a joalharia. O desempenho das linhas masculina e feminina tem sido notável, com uma base de clientes leal e resiliente. “O nosso pronto-a-vestir distingue-se por atrair uma clientela exclusiva e fiel, que tem vindo a crescer”, concluiu.