Há um novo restaurante em Lisboa onde pode comer à beira-rio
Um restaurante com vista para o Tejo? Check. Numa das zonas mais trendy da capital? Double check. Se a isso juntarmos o bom gosto na decoração, uma chef de mão-cheia e uma óptima relação qualidade-preço, a receita do novo Rio de Prata tem tudo para ser um sucesso no panorama gastronómico lisboeta.
De portas abertas desde Novembro passado, o Rio de Prata fica localizado junto aos Jardins de Braço de Prata, mesmo de frente para um pontão que convida a admirar de perto o Tejo – quando o bom tempo o permite, também é possível fazê-lo a partir da esplanada do restaurante. De resto, uma das preocupações dos promotores do projecto foi a de não destoar do ambiente circundante. E isso foi conseguido com mestria: a decoração interior do restaurante dá destaque a materiais como a madeira ou o aço corten (em alusão ao facto de estar localizado numa antiga área industrial desactivada), as cores em tons terra e verde que dominam o espaço conferem-lhe um aspecto sóbrio e natural, e salta à vista uma escultura prateada ondulante, assinada pelo artista Valentim Quaresma (que tinha um estúdio neste mesmo espaço), que simboliza o rio, reforçando essa ligação orgânica entre o restaurante e o ambiente exterior.
O design do espaço ficou a cargo do proprietário, Bernardo Ventura, de apenas 29 anos, que durante a pandemia de Covid-19 abandonou a carreira de piloto comercial para se dedicar à paixão pela gastronomia. Depois de ter decorado outro projecto de restauração em Lisboa, o “bichinho” cresceu de tal forma que decidiu avançar para o seu próprio negócio. Nesta nova aventura, tem como braço-direito a chef Carla Sousa, que já passou por locais como o restaurante Sítio, do Valverde Hotel, o Darwin’s, na Fundação Champalimaud, ou o restaurante Flores, no Bairro Alto Hotel.
Em termos de menu, o Rio de Prata apresenta uma fusão entre a comida portuguesa e cabo-verdiana – em homenagem às origens da chef Carla Sousa -, mais subtil nuns pratos, mais evidente noutros, como é o caso do Atum braseado com xérem e berbigão, que tivemos oportunidade de provar e aprovar – mas já lá vamos. Ocasionalmente, e mesmo que não estejam no menu, é possível experimentar outros pratos mais tradicionais de Cabo Verde, como a Cachupa. Contudo, de uma forma geral, são o peixe e o marisco – como não poderia deixar de ser – que dominam a carta.
Começámos a refeição por um tridente de entradas composto por Ovos rotos com duo de batata (inclui batata doce), Chamuça de pato e laranja caramelizada e Croquete de alheira e compota de pimentos. Todas são boas opções para abrir o apetite, mas temos a destacar o Croquete de alheira – uma pequena grande bomba de sabor – como o nosso preferido. Experimentámos ainda a Couve-flor assada na lenha e tomate concasse, capaz de surpreender pela positiva mesmo quem por norma não prescinde da proteína animal.
Nos pratos principais, já não é surpresa: destacamos o Atum braseado com xérem e berbigão, a estrela de toda a refeição, não só em termos de textura como dos próprios sabores – o salgado do atum casa na perfeição com o lado mais adocicado do xérem. Nada disso retirou, no entanto, brilhantismo aos restantes pratos, nomeadamente o Lombo de Garoupa com arroz de tomate e as Bochechas de porco – que se derretem na boca – estufadas com puré de castanhas e maçã, duas opções de pratos mais caseiros e que personificam a o tipo de cozinha autêntica com que o Rio de Prata quer conquistar os seus visitantes.
Para terminar a refeição, chegaram à mesa duas sobremesas: as Farófias e crocante de canela, ideal para os mais gulosos; e um Mil-folhas de pistachio e sorbet, mais equilibrado na escala calórica. Entre as duas, sugerimos, sem dúvida, o mil-folhas. Além de deslumbrar pelo aspecto, a massa fina que separa as camadas desta sobremesa demonstra toda a perícia da chef pasteleira Ângela Sousa (irmã da chef Carla Sousa), que prepara diariamente à mão todas as massas que são servidas à mesa.
O Rio de Prata está aberto de quarta-feira a domingo. O preço médio por pessoa ronda os 30-35 euros.
Texto de Daniel Almeida