Há 40 anos, Portugal começou a separar o vidro. Hoje, ainda não chega
O primeiro sistema nacional de recolha de embalagens usadas acaba de fazer 40 anos. A indústria do Vidro de Embalagem, através da sua associação sectorial, a AIVE (Associação dos Industriais de Vidro de Embalagem), começou em 1983, numa actuação voluntária, a desenvolver um programa nacional pioneiro de recolha das embalagens de vidro usadas em colaboração com autoridades camarárias e associações locais.
No entanto, a associação alerta agora que Portugal continua abaixo do esperado para conseguir alcançar as metas de reciclagem deste material de 70% em 2025 e 75% em 2030, definidas para os Estados Membros da EU, quando de acordo com os últimos dados oficiais do Eurostat, referentes a 2021, esta taxa foi de 55% em Portugal. Além disso, em 2023 os portugueses encaminharam para reciclagem menos 6.264 toneladas de vidro, ou seja, uma quebra de 3% na taxa de recolha, face ao ano anterior.
«Quanto mais embalagens de vidro usadas forem recolhidas selectivamente, maior será a incorporação de vidro reciclado na produção de novas embalagens, uma vez que todas as embalagens de vidro colocadas no mercado poderão ser recicladas, se forem recuperadas. Mas para isso temos muito para melhorar, nomeadamente reforçar a recolha por parte dos prestadores de serviço municipais, com uma melhor adaptação à sazonalidade nas épocas de produção de resíduos mais elevadas, desenvolver soluções de recolha adaptadas ao canal Horeca e a locais de difícil acesso mas com alta concentração de vidro, incluir mais estabelecimentos Horeca na recolha porta-a-porta e, naturalmente, criar um de serviço de apoio ao cliente, ainda inexistente», salienta, em comunicado, Sandra Santos, presidente da AIVE.
A AIVE alerta ainda para a necessidade de criar mecanismos de monitorização e acompanhamento do desempenho do sistema, reforçando uma abordagem de proximidade que apoie os utilizadores domésticos e os estabelecimentos Horeca no esforço de reciclagem, assim como de aumentar a fiscalização e aplicação de penalizações por comportamentos de não separação neste canal.