Grande Consumo cresce em ano de pandemia: gastos sobem 12% em Portugal

Desde o início do ano, os lares portugueses gastaram mais 12% (valor) em Grande Consumo do que em 2019, verificando-se também um aumento de 8% nas compras (volume). Os dados são da Kantar e mostram como o mercado de FMCG é capaz de resistir às dificuldades, “confirmando-se como um motor do País, crescendo a um ritmo elevado, mesmo após o confinamento”.

Olhando para a evolução da pandemia de COVID-19 em Portugal, a Kantar nota que se registou um salto significativo entre o pré-COVID e o Estado de Emergência, quando se verificaram comportamentos de açambarcamento. As compras começaram a diminuir no confinamento e no chamado “novo normal”, mas, mesmo assim, sempre acima do registado antes da crise sanitária.

Embora estejam a comprar mais e a gastar mais, a Kantar sublinha que ir às lojas se tornou uma actividade que os consumidores procuram reduzir. Nesse sentido, a frequência de compra caiu 4% desde o início do ano. No período de confinamento, esta descida chegou mesmo aos 12%. Esta mudança de comportamento é compensada pelo aumento das cestas, que estão cada vez maiores para evitar mais idas aos supermercados.

Discount, tradicionais ou ecommerce?

O mesmo estudo da Kantar mostra que as lojas Discount ganharam 0,5 pontos de quota até agora, em 2020, ao passo que as lojas Tradicionais cresceram 0,6 pontos. Em ambos os casos, explica a empresa de estudos de mercado, o crescimento de produtos frescos tem sido fundamental.

“Por se tratar de lojas onde o comprador se desloca regularmente, a percepção de que pode continuar a fazer as suas compras habituais e o número significativo de lojas por habitante ajudaram ao crescimento de ambos”, refere a Kantar.

Verifica-se também um salto no comércio electrónico. Tal como aconteceu um pouco por todo o Mundo, os consumidores procuraram soluções online para garantir as suas necessidades de retalho alimentar: uma em cada três lares portugueses já comprou produtos de grande consumo online em 2020 e 45% deles repetiu este canal de compras pelo menos uma vez. “Em 2020, deu-se um desenvolvimento que seria expectável acontecer nos próximos três ou quatro anos.”

Intermarché e Lidl sobem, Jerónimo Martins e Sonae descem

2020 arrancou com quotas de mercado semelhantes às verificadas no final de 2019, mas a pandemia alterou as contas. Em Março, verificou-se um forte crescimento do Intermarché, que manteve depois esta trajectória positiva. O Lidl também conquistou os melhores números do ano.

Por outro lado, nota-se uma queda na quota da Jerónimo Martins. A Sonae também perdeu alguma quota durante o período de confinamento, mas “sem comprometer a liderança”. Porém, quem mais sofre é mesmo o Dia/Minipreço, que, embora tenha ganho alguma quota durante a quarentena, está agora a perder terreno de novo.

“No período acumulado de 2020 (de Janeiro a Agosto), verifica-se que as insígnias líderes, apesar de cederem alguma da sua quota de mercado, mantêm as suas posições com muita solidez. Um fenómeno que tem ocorrido igual em todos os países e que responde à lógica de um mercado maior, mas, ao mesmo tempo, mais distribuído entre os diferentes agentes”, explica a Kantar.

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