Grande Circo de Feras

Xutos e Pontapés – grupo de culto do rock português e donos de um acervo de clássicos que atravessa gerações – contam já com cerca de duas centenas de músicas, distribuídos pelos 12 álbuns de originais; tournées com vários quilómetros de estrada; muita tarimba de palco; um clube de fãs; três DVDs: “Ao Vivo no Pavilhão Atlântico” (o DVD mais vendido em Portugal, 60 mil exemplares e 6º platina), “Circo de Feras ao Vivo no Campo Pequeno” e “Ai a P… da Minha Vida”; “Fotobiografia dos Xutos & Pontapés”; um site remodelado este ano já com 65 mil visitas; um universo de merchandising (online e nos concertos); alguns patrocínios e a distinção, em 2004, com o grau de Comendador da Ordem do Mérito pelo então Presidente da República Jorge Sampaio.

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Marca em construção

 

«A marca, em alguns aspectos, acaba por ultrapassar os próprios Xutos», aduziu Kalú. Através de um levantamento de mercado descobriram que era importante e rentável a exploração da marca X. Assim, criaram a empresa Xutos & Pontapés Produções Comerciais, juntamente com Duarte Vasconcelos, amigo e advogado da banda, que esclarece: «O objectivo é o de centralizar a actividade não musical, tudo o que passa pela negociação de patrocínios, a gestão dos direitos de imagem, a promoção da marca, acrescentando valor económico à própria marca através de uma estrutura autónoma.»

Este posicionamento é comum a vários artistas – escalonados a nível internacional – de várias áreas, que acabam por se associar a produtos, como os 50 Cent à água Bling ou o cineasta Francis Ford Coppola com o vinho Coppola.

Por cá, os Xutos desvendam que tencionam apostar na moda, na restauração e na área dos livros, ressalvando que podem ainda entrar noutras áreas, mas tal como esclarece Duarte Vasconcelos «tem que ser tudo feito através de uma estratégia com novos ângulos e de forma a não desvirtuar a marca». Há ainda outra preocupação por parte dos Xutos: «Temos que contornar o aspecto do nome e centrarmo-nos mais na marca em si, porque o nome acaba por ser “agressivo”.» Há ainda algumas reticências, a determinadas áreas visto que, como definem os próprios Xutos, são «como o Tintim dos 8 aos 88 e desta forma convém ter uma abordagem diferente, por exemplo, na área das bebidas alcoólicas.»

Confirmam, também, que a partir do concerto no estádio de Alvalade abrem uma nova página na vida da marca e aí sim será tudo desvendado.

 

Casos de parcerias

 

Se se tiver em conta os anos de história dos Xutos & Pontapés, ao nível de parcerias e patrocínios, estas têm sido áreas pouco exploradas. Kabeca, manager da banda há poucos anos, mas amigo de longa data, esclarece que resolveram investir em co-branding, porque querem que este seja um ano especial. «O concerto no estádio do Restelo envolve muito dinheiro na produção. E para se dar mais alguma coisa às pessoas que gostam de nos acompanhar é preciso ter outros meios e senão nos juntarmos a alguns parceiros acaba por ficar complicado financeiramente. Não podemos dar concertos ao nível dos U2 se não tivermos alguém a apoiar-nos».

A banda, há uns, teve patrocínios pontuais com marcas como a Caixa Geral de Depósitos, a Phillips e a Sumol, mas todas a uma escala menor da que se vai verificar este ano. Por exemplo, com a CGD Kabeca acredita que «a maior parte das pessoas nem se apercebeu. O acordo era que os Xutos levassem uma faixa a dizer Caixa Geral de Depósitos para o palco durante os concertos».

Actualmente a história escreve-se de forma diferente este ano e já dentro da umbrella Xutos e Pontapés Produções Comerciais, firmaram duas iniciativas: a Optimus como main-sponsor e a parceria com a Super-Bock enquanto bebida oficial da banda.

Com a Optimus, a parceria, será ao longo de todo o ano. Susana Marques, responsável pelos patrocínios e activação da marca Optimus esclarece que «os Xutos e Pontapés materializam na perfeição os valores fundamentais da marca, que são essencialmente a qualidade – e estes 30 anos estão a mostrar o extraordinário valor de um projecto que nos continua a surpreender todos os anos –  e a juventude, não sabia que entre a faixa dos 14 aos 19 anos os X&P são a banda preferida, de acordo com o resultado do estudo All About Teens, da Brand Key, que envolveu bandas internacionais.»Esta parceria, para além de construir valor para ambos, abrange a criação da identidade corporativa dos 30 anos dos X&P, o acompanhamento e dinamização da tournée, com especial destaque para o concerto que se vai realizar no Estádio do Restelo; alinharam uma campanha publicitária e o lançamento no passado dia 13 de Abril de dois telemóveis exclusivos, de edição limitada, com imagens da banda, autógrafos dos músicos e com conteúdos exclusivos dos Xutos, incluindo toda a discografia de álbuns originais dos Xutos, o DVD “Ao Vivo no Pavilhão Atlântico”.

Com a Super-Bock serão criadas acções de apoio e de presença da marca nas várias iniciativas e concertos de homenagem que vão ocorrer durante 2009.

O merchandising, área que tem sido forte na carreira dos Xutos, com várias vendas em concertos e algumas casuais no online, terá também uma maior aposta. Aqui, tem havido a preocupação de todos os anos existir novidades nos diferentes tentáculos, incluindo discos, t-shirts, lenços vermelhos, bonés, pulseiras, palhetas, porta-chaves, fitas, blocos, canetas, dados viciados, relógios e artigos de colecção como a agenda de 2004 com as respectivas datas relevantes. Kabeca conta que esta área não é lucrativa, «em Portugal só há quatro bandas com merchandising, porque as pessoas não querem gastar 10 euros numa t-shirt, mas se for da Madonna já gastam 40.»

Os Xutos & Pontapés continuam a arrastar multidões aos concertos, verdadeiros animais de palco, revelam que o segredo da longevidade é a honestidade dos músicos. «Sempre acreditámos num sonho que à partida era impossível de concretizar e hoje em dia vivemos desse sonho! Portanto somos uma prova viva que vale a pena acreditar nos sonhos e nas suas potencialidades. Esta é a nossa força maior.»

Por Titiana Amorim Barroso

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