Álvaro Sobrinho assume que é acionista do fundo que controlava a Global Media

Por Marketeer em 10:15, 31 Jan, 2025

Após quase um ano de especulações, levanta-se agora uma pontinha do véu sobre uma das maiores dúvidas que ensombraram a comunicação social portuguesa nos últimos tempos. Numa investigação levada a cabo pelo jornal Expresso e a SIC revela que Álvaro Sobrinho, ex-presidente do BES Angola, está ligado ao fundo World Opportunity Fund (WOF), que controlou a Global Media.

A participação de Sobrinho neste fundo foi confirmada pelo próprio em declarações à SIC e ao Expresso, embora sem detalhar a dimensão do seu envolvimento. O WOF, sediado nas Bahamas, adquiriu uma posição de 51% na empresa Páginas Civilizadas, proprietária da Global Media, em 2023, assumindo 25,6% dos direitos de voto do grupo, o que levou a ERC a investigar a opacidade do fundo.

Álvaro Sobrinho admitiu ter sido abordado por Luís Bernardo e José Paulo Fafe, então gestores da Global Media, para ajudar a resolver problemas financeiros da empresa.

Inicialmente hesitante, acabou por indicar José Paulo Fafe ao WOF, que assumiu a presidência do grupo em Portugal. Contudo, durante audições no Parlamento, Fafe declarou desconhecer a identidade dos investidores do fundo, remetendo apenas o nome de Clément Ducasse, administrador da gestora UCAP Bahamas Limited, como o único beneficiário.

A investigação da ERC concluiu pela suspensão dos direitos de voto do fundo devido à falta de transparência, o que culminou na venda da posição a Marco Galinha, atual maior acionista do Diário de Notícias. Os restantes ativos da Global Media, como o Jornal de Notícias e a TSF, foram adquiridos por outro grupo empresarial.

Sobrinho já tinha histórico de investimentos em órgãos de comunicação em Portugal, como os jornais Sol e i, além de possuir 30% da SAD do Sporting, operação que foi investigada por suspeitas de desvio de dinheiro do BESA.

O empresário enfrenta acusações de branqueamento de capitais agravado, tendo também as contas bloqueadas pela justiça, o que levou à insolvência da gráfica Printer, outra empresa onde tinha investido.