Gastos em roupa afundam 50%. Para onde vai a Moda?
A crise sanitária e a pandemia não pararam o consumo, mas mudaram a direcção dos gastos das populações. No caso do sector do vestuário e acessórios, verifica-se uma quebra de 50,5% nas vendas nos Estados Unidos da América, de acordo com dados da Março divulgados pelo Census Bureau. Foi mesmo a categoria com a maior descida.
No geral, as vendas caíram 8,7% no país liderado por Donald Trump, sendo o maior recuo desde que há registo – perto do triplo do pior mês anterior, que tinha tido lugar em 2008. Estes números serão resultado do confinamento e de uma alteração às proridades: menos vestidos, mais papel higiénico.
«Existe muita incerteza e ansiedade sobre o futuro. (…) As pessoas estão a redireccionar os seus gastos de modo a focarem-se nas coisas de que precisam realmente e a cortar os seus orçamentos para bens menos essenciais», explica Andrew Lipsman, analista da empresa de estudos de mercado eMarketer.
Citado pela Fast Company, o especialista nota que as categorias de vestuário dedicadas a actividades ou locais públicos – como fatos ou outras peças mais formais – são as que estão a sofrer mais. Por outro lado, marcas que apresentem sugestões confortáveis e que podem ser usadas em casa não são tão atingidas.
Insígnias que tenham muitas lojas físicas também estão entre as mais afectadas pelo novo coronavírus. De portas fechadas, têm mais dificuldades em comportar todos os custos sem dinheiro a entrar, ao contrário do que acontece com marcas que assentem essencialmente num modelo digital.
Segundo a Fast Company, a quebra registada em Março poderá ser o ponto de partida para uma revolução da indústria. Algumas marcas não sobreviverão à pandemia e outras terão de mudar os modelos de negócio, de modo a responder a um novo consumidor com novas preocupações, necessidades e exigências.
O que reserva, então, o futuro? No curto prazo, analistas citados pela mesma publicação antecipam que a quebra no sector da moda seja ainda mais acentuada, especialmente se o confinamento for para lá de Maio.
No longo prazo, poderemos estar perante um novo paradigma. O novo coronavírus terá vindo acelerar uma mudança que já estava em curso e que já deu origem, por exemplo, a experiências imersivas, eventos dentro das lojas e outras actividades para atrair clientes aos pontos de venda físicos.