Gastos em cafés e restaurantes aumentam, mas entregas ao domicílio dominam

O estudo “Como a entrega de refeições transformou o sector de restauração”, da Kantar, especialista no comportamento do consumidor, revelou quem são os grandes vencedores da pandemia, dando algumas pistas sobre como o comportamento dos consumidores de produtos de grande consumo (FMCG – Fast Moving Consuming Goods) pode ter alterado de forma permanente.

As conclusões mostram que, apesar de um aumento nos gastos fora de casa durante a primeira metade de 2021, os serviços de entrega de refeições e o comércio electrónico continuam a mostrar um crescimento sustentado em todos os mercados – 150% e 24%, respectivamente, a nível mundial.

Já o gasto fora de casa em três mercados-chave (Reino Unido, França e Espanha), no segundo trimestre de 2021, foi mais do dobro, comparado com o mesmo período em 2020. Contudo, está apenas a 75% dos níveis registados em 2019.

Representando a maioria das vendas no auge da pandemia, a entrega de refeições e take-away atraíram mais compradores em todos os mercados, com o maior aumento em Portugal, onde houve um crescimento de 16% em comparação com o ano anterior. O maior crescimento neste sector vem de pessoas com 50 anos ou mais, verificando-se um aumento de 43% relativamente a 2020.

Baseado nos painéis OOH (Out of Home) em dez mercados, num inquérito a mais de 15 mil consumidores e no Relatório Omnichannel, este estudo conclui ainda que os gastos com saúde e beleza recuperaram, passando de contribuir apenas 3% para todo o crescimento de produtos de grande consumo, em 2020, para 36%, em 2021, reflectindo o gradual levantamento de restrições à vida social.

No que diz respeito ao comércio electrónico, verificou-se um crescimento em quase todos os mercados, acelerado pela pandemia, com o gasto a crescer 24% no ano a terminar em Junho de 2021. Ainda assim, de 2020 para o presente ano, a quota deste mercado caiu ligeiramente, passando de 14,5% para 14,2%.

O crescimento mais forte acabou por se dar na China, com uma taxa de crescimento de 28%, apesar das altas taxas de vacinação e levantamento de restrições. A Europa tem uma taxa de crescimento muito mais lenta, com as vendas online a crescerem cerca de 13% no Reino Unido e apenas 3% em Espanha, impulsionadas por compradores mais velhos, que voltaram às lojas.

«2021 foi um ano interessante para o FMCG. Adaptámo-nos aos confinamentos e às fortes restrições até voltarmos a padrões de comportamento mais normais. Por isso, esperávamos ver um aumento nos gastos fora de casa para reflectir isso», explica Javier Sanchez, Global Business Development director OOH & Usage Food da Kantar.

«No entanto, o crescimento contínuo nas entregas de refeições e do comércio electrónico destacou a importância da adaptação ao desconhecido para encontrar novas oportunidades de crescimento. O facto de ainda estarmos a recorrer a refeições entregues em casa tanto quanto fazíamos no auge da pandemia, aponta para uma mudança de comportamento a longo prazo, que apresenta oportunidades para marcas que são mais capazes de responder às novas necessidades dos consumidores.»

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