Futuro do Marketing: da revolução do preço às vendas directas
Hiperindividualização e storytelling, ascensão da impressão 3D, revolução do preço e um novo paradigma legal são alguns dos temas que irão marcar 2020. Segundo o “European Marketing Agenda 2020”, são 10 as tendências que as marcas e negócios devem ter em atenção se querem sobreviver a um mundo em constante mudança.
O estudo, que este ano assume o tema “Me.Unlimited”, contou com a colaboração da APPM – Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing. Liderado pela European Marketing Confederation, reflecte a visão de 10 países, fruto da participação de mais de mil directores de Marketing.
Segundo o relatório, a digitalização obriga a enfrentar desafios cujo impacto não se cinge a unidades individuais das organizações. Geralmente, sente-se por toda a cultura e estrutura corporativa. “É de realçar que o futuro do marketing enquanto interface entre os negócios e os consumidores, num contexto de gestão orientada para o marketing, será caracterizado por um número de tendências-chave que poderão ser resumidas nas seguintes 10”, lê-se no estudo:
1 – Hiperindividualização e storytelling. A comunicação de massas com determinados públicos-alvo será definitivamente substituída por uma abordagem personalizada e assente em storytelling. Na base, esta estratégia terá dados fundamentados sobre a audiência;
2 – Inteligência Artificial para uma melhor interacção. Os chatbots são vistos como peças essenciais, uma vez que representam um ponto inicial de contacto que pode mesmo redefinir as interacções automatizadas entre marcas e clientes;
3 – Novos parâmetros legais. Com o advento do RGPD, chegam também novas questões no que respeita a recolha e armazenamento de dados, especialmente dados pessoais. O desafio será perceber como continuar a conhecer os consumidores sem colocar os seus dados nas mãos da Google, Facebook ou Amazon;
4 – O problema do programático. Segundo o estudo, os ecossistemas do tipo walled garden (como a Google ou Facebook) sempre recorreram a técnicas de programática para vender publicidade e estão a tornar a vida mais difícil a fornecedores independentes. E o RGPD não vem ajudar, uma vez que tende, indirectamente, a promover estruturas do tipo oligopólio, restringe a utilização de cookies de terceiros e exige a gestão sistemática de conteúdos;
5 – A ascensão da impressão 3D. A agenda para 2020 aponta também para uma nova fase da impressão 3D, que parece ter deixado para trás os anos verdes. A tendência será para massificar esta tecnologia, colocando-a à disposição de marcas que queiram oferecer personalização aos seus clientes;
6 – Revolução de preço. Diz o estudo que a diferenciação de alta resolução permitida pelo crescimento dos dados e dos algoritmos também se estende ao preço. Pode resultar, por exemplo, em comunicação altamente direccionada, apresentando preços específicos a determinados clientes;
7 – Marca versus Vendas. Nos últimos anos, grande parte dos departamentos de Marketing deu prioridade ao desempenho em termos de vendas, às custas da construção de marca. Agora, a aposta deverá ser no sentido contrário;
8 – Direct-to-consumer. Outra tendência para este ano passará pelas vendas directas entre marca e cliente, sem passar por intermediários ou retalhistas (supermercados, por exemplo). Na base desta mudança está a necessidade das marcas recolherem dados sobre os consumidores;
9 – Insourcing. Há sinais de abrandamento no recurso a outsourcing para resolver as questões de marketing de um negócio ou marca. Segundo o “European Marketing Agenda 2020”, há cada vez mais departamentos nas próprias empresas dedicados a esta área;
10 – MarketingTech. Para dar vida a “sonhos digitais” é preciso apostar em tecnologia e em recursos humanos capazes de tornar realidade aquilo que as marcas imaginam. O Marketing Tecnológico deverá ser uma prioridade.