
Francisco Rodrigues, CEO da Bloop: “Mais do que uma plataforma de e-commerce, somos uma rede social de compras”
O conceito de Social Shopping está a transformar a forma como se compra online, e há uma startup portuguesa a querer liderar esta mudança a nível global. A Bloop apresenta-se como a primeira rede social de compras do mundo, onde qualquer utilizador pode partilhar as suas aquisições e ser recompensado por isso, sem precisar de ser influenciador ou ter milhares de seguidores.
Com uma abordagem inovadora, a Bloop pretende democratizar o e-commerce, oferecendo incentivos diretos a todos os clientes e criando um ecossistema onde compras, recomendações e interação social andam de mãos dadas. Além disso, a plataforma aposta na diversidade de produtos, experiências e serviços, tornando-se um espaço central para todas as necessidades do consumidor.
Nesta entrevista exclusiva à Marketeer, Francisco Rodrigues, o CEO da Bloop, revela a estratégia ambiciosa da empresa portuguesa para atingir 2 milhões de clientes ativos até 2026, os desafios de competir com gigantes como a Amazon, e o impacto que este novo modelo poderá ter no mercado global.
O conceito de Social Shopping está a crescer globalmente. O que diferencia a Bloop de outras plataformas que também procuram integrar redes sociais com e-commerce?
No mercado, os modelos de social shopping que existem estão desenhados e pensados para os influenciadores. Os negócios existentes estão pensados para que a plataforma fique com uma percentagem considerável das comissões de vendas, partilhando uma pequena parte com o influencer, havendo a obrigatoriedade (para que o negócio se torne sustentável, rentável e viável) de que este tenha uma base grande de seguidores. E um dos principais pontos em que nos diferenciamos dos demais players da indústria é este: a Bloop está desenhada a pensar em todos, independentemente do número de seguidores ou da rede de contatos que tenham. Não há barreiras à entrada.
Ao abandonarmos o negócio tradicional de marketplace e entregarmos as comissões diretamente a qualquer cliente que queira partilhar as suas compras com a comunidade, estamos a promover um modelo de negócio em que todos os utilizadores da Bloop beneficiam das mesmas condições, democratizando assim as compras online. Este modelo circular permitiu-nos desenvolver um programa de incentivos totalmente revolucionário no mercado do e-commerce, para todos os clientes, em créditos diretos e imediatos na plataforma que, com facilidade, poderão ser convertidos em novas compras.
Além desta inovação no modelo de negócio, a Bloop é, também, a primeira plataforma a combinar no seu marketplace, produtos, experiências e serviços, das mais variadas áreas, tais como restauração, saúde e bem-estar e viagens. Esta integração total dos serviços permite que o cliente faça uma completa imersão na plataforma e que os créditos gerados sejam reutilizados em outros produtos ou serviços para que nenhum valor se perca e todas as compras sejam úteis para o produto/experiência seguinte.
Estas diferenças fazem da Bloop uma rede social de compras onde os clientes aliam a componente de interação com a comunidade com a conversão direta das suas compras.
A Bloop pretende faturar mais de 40 milhões de euros até 2026 e alcançar 2 milhões de clientes ativos. Quais são as principais estratégias para atingir estas metas ambiciosas?
Sabemos o quão ambiciosas são as nossas metas, mas também acreditamos no valor que conseguimos acrescentar ao mercado. O negócio da Bloop está estruturado, acima de tudo, com base na retenção do cliente, através da retenção do seu valor. O nosso sucesso residirá na nossa capacidade de manter os clientes e os vendedores ativos na plataforma.
O modelo de incentivo da plataforma redistribui parte das comissões aos utilizadores. Como asseguram que este sistema seja sustentável a longo prazo, tanto para a empresa como para os vendedores?
Esse é o segredo do negócio. A Bloop assenta totalmente num modelo de gestão 360º que compreende bem as margens do negócio em todas as fases da jornada do cliente, tornando assim o negócio autossuficiente a médio e longo prazo. O modelo de distribuição das comissões é sustentável porque assenta num modelo de gestão que considera as taxas de publicação e a utilização de créditos. Para ser sustentável e escalável, a Bloop tem de preservar uma margem positiva de segurança com as comissões, que tentamos que seja a menor possível. Controlamos estas taxas de sucesso de perto, o que nos permitirá aumentarmos o nível de incentivos sempre que as nossas margens o permitam.
O facto de a plataforma estar constantemente a gerar novas compras e vendas, permite-nos ter um fluxo constante de entrada e saída de fundos. O nosso objetivo não é enriquecermos à custa dos nossos clientes, mas sim dar-lhes as ferramentas que precisam para conseguirem capitalizar as suas compras, experiências e partilhas.
A vossa estratégia prevê uma fase beta exclusiva para embaixadores. Como selecionaram estas primeiras comunidades e qual o papel que desempenham no lançamento da plataforma?
A fase beta da Bloop foi desenhada para dar origem a uma comunidade exclusiva e interligada, refletindo o nosso posicionamento como a primeira rede social de compras. Selecionamos os nossos primeiros beta Bloopers com o objetivo de criar um ambiente no qual as interações sejam naturais e orgânicas, permitindo que os utilizadores explorem a plataforma num contexto real. Esta fase inicial será direcionada para a nossa audiência-alvo, garantindo que estamos alinhados com as preferências e expectativas das gerações que acreditamos serem o nosso core target.
Para dar início a esta comunidade, a base de beta Bloopers será formada por pessoas do nosso círculo de contatos, incluindo familiares, investidores e conhecidos, que posteriormente poderão convidar amigos para se juntarem à plataforma. Este modelo de crescimento controlado permite-nos testar funcionalidades, recolher feedback fundamental e, simultaneamente, incentivar o crescimento orgânico através de um sistema de convites que recompensa tanto quem convida, como quem adere.
Além de explorar a plataforma, os beta Bloopers terão um papel importante na criação de conteúdos de qualidade, ajudando-nos a estabelecer a identidade da Bloop antes do lançamento oficial. Acreditamos que esta abordagem contribuirá para um ecossistema mais envolvente e autêntico, preparando o terreno para uma transição mais ampla quando a plataforma for disponibilizada ao público.
O mercado do e-commerce está altamente competitivo, com gigantes como a Amazon. De que forma a Bloop pretende competir e posicionar-se num setor tão dominado por grandes players?
Aquilo que nos distingue da concorrência, é também o que nos irá tornar mais fortes e atrativos para os clientes e vendedores. Não só somos a primeira rede social de compras, somos a plataforma que reinventou a experiência das compras online, combinando o melhor do comércio online com a dinâmica das redes sociais. Na Bloop, os utilizadores podem adquirir produtos, interagir e partilhar recomendações, descobrindo novas tendências de uma forma envolvente e personalizada.
Além disso, colocamos o cliente no centro da experiência de e-commerce, através do melhor sistema de incentivos do mercado. Com o nosso modelo inovador de recompensas, os utilizadores beneficiam de vantagens exclusivas, tornando cada compra mais vantajosa e interativa. Os vendedores, por sua vez, ganham maior visibilidade e fidelizam clientes de forma orgânica, potenciando as suas vendas de uma forma sustentável.
A Bloop é mais do que uma plataforma de compras – é uma comunidade onde marcas e consumidores se conectam de forma autêntica e transparente. Ao unirmos comércio e interação social, criamos um ecossistema novo que responde às novas expectativas do consumidor digital, proporcionando uma experiência diferenciadora que nos posiciona como uma alternativa competitiva num setor dominado por grandes players.
Criámos esta plataforma a pensar em todos os consumidores. Afinal, a Bloop é para todos, não apenas para influenciadores, mas para todos os que gostam de partilhar com as suas comunidades.
A internacionalização está nos vossos planos a partir de 2026, com uma entrada nos EUA em 2027. Que mercados acreditam ter maior potencial para o modelo da Bloop e como planeiam adaptar-se a diferentes realidades culturais?
A Bloop foi desenvolvida desde a sua raiz para ser altamente escalável. Aliás, essa é a principal razão pela qual levantámos uma ronda tão grande de capital e pela qual recrutámos uma equipa de trabalho tão sénior.
Sabemos que estamos a lançar um modelo de negócio revolucionário, naquela que é a indústria mais competitiva do mundo: o e-commerce. Face a estas condicionantes, temos de ter a capacidade de escalar rapidamente, até porque a Bloop é um negócio que, na sua génese, é orgânico. A plataforma é um espaço onde os utilizadores podem crescer a sua marca pessoal, promovê-la e ao promoverem-se, promovem também a Bloop.
Nesse sentido, nós vemos a Bloop como um grupo de marketplaces de diferentes geografias, conectados por uma rede social partilhada e comum, onde os utilizadores podem descobrir e comprar produtos, cruzando a localização, geografia e informação do produto.
A diversidade de culturas que integram a plataforma, é o que mais valoriza a Bloop. O nosso objetivo é de facto tornar o mundo mais conectado e amplificar a rede de influência positiva entre as pessoas.
A Bloop apresenta-se como a “primeira Rede Social de Compras do mundo”. Como foi desenvolvido o posicionamento da marca e de que forma pretendem educar o mercado sobre este novo conceito?
O nosso posicionamento como a primeira Rede Social de Compras surgiu naturalmente enquanto conversávamos com o nosso público-alvo por meio de pesquisas de mercado e focus groups. Durante estas conversas, identificámos um tema recorrente: os nossos utilizadores-alvo viam a Bloop como uma mistura de interação social e compras. Isso confirmou a nossa ideia inicial: estávamos a construir algo único e que se tornou a base do que hoje definimos ser a Bloop. Sabemos que temos em mãos um produto que é muito mais do que um comum marketplace.
Foi curioso que, aquando do estudo de mercado que realizámos, perguntámos aos inquiridos se estariam interessados em publicar com base neste sistema de incentivos, e cerca de 70% a 80% responderam positivamente. Isto deve-se ao facto de que nem todos os utilizadores são consumidores de redes sociais e pretendem partilhar a sua vida. Mas quando perguntámos aos utilizadores se iriam ser clientes da Bloop, a resposta foi unânime. Surpreendentemente, a totalidade dos nossos entrevistados respondeu afirmativamente quanto a aderirem e serem utilizadores da Bloop, justificando que onde viam mais valor era em manterem-se informados sobre as compras e atividades dos seus amigos, para além de a maioria dos interessados referir também como interesse, sentirem-se relevantes para a sua comunidade.
Depois deste estudo, percebemos qual é o nosso principal objetivo no mercado. Queremos responder às necessidades dos consumidores que procuram centralizar as suas compras e dos seus amigos, aproveitar a vida através das experiências que lhe são sugeridas e sentirem-se mais próximos e conectados com as pessoas de quem gostam.
Este estudo mostrou-nos claramente um espaço vazio no mercado que os consumidores querem ver preenchido, uma plataforma centralizada de compras, onde possamos ver o que os nossos círculos andam a comprar de produtos e serviços, ou seja, uma rede social de compras.
Num ecossistema digital saturado, onde a atenção do consumidor é um bem escasso, quais são as principais estratégias de marketing da Bloop para captar e reter utilizadores de forma orgânica?
A Bloop vai muito além de um simples sistema de incentivos. O que realmente nos distingue é a capacidade de criar uma comunidade onde os utilizadores se podem conectar com pessoas que partilham os mesmos interesses, interagir com amigos e familiares e descobrir produtos e experiências que realmente lhes interessam. Esta dimensão social transforma a experiência de compra numa jornada envolvente e personalizada, reforçando o sentimento de pertença à plataforma.
Este modelo gera um ciclo natural de retenção: quanto mais os utilizadores exploram, interagem e recomendam, mais enriquecedora se torna a experiência, ampliando o efeito de bola de neve e incentivando um crescimento orgânico. Assim, não só oferecemos as melhores recompensas do mercado, como também proporcionamos um ambiente dinâmico e emocionalmente cativante, onde cada compra é mais do que uma transação – é uma experiência social.
É esta combinação entre incentivos atrativos e um forte envolvimento emocional que fará com que os utilizadores permaneçam na Bloop. Mais do que uma plataforma de e-commerce, somos uma rede social de compras, onde cada interação conta e onde a conexão entre pessoas e produtos é o que realmente impulsiona o sucesso.
Sabemos que o ecossistema digital está saturado e que a atenção do consumidor é um bem escasso, e, por isso mesmo, iremos implementar uma estratégia de marketing assente na valorização das vantagens únicas da plataforma e na criação de uma comunidade ativa e conectada. O comportamento orgânico da plataforma levar-nos-á onde pretendemos chegar.
A nossa principal aposta é a experiência única da Bloop para atrair e reter utilizadores de forma orgânica. A interação entre consumidores e vendedores, aliada ao nosso sistema de incentivos inovador, tornará a plataforma naturalmente apelativa e sustentável a médio e longo prazo.
Criámos e pensámos ao detalhe este produto para que ele seja benéfico para o mercado e, acima de tudo, seja autossustentável. O nosso compromisso é proporcionar um espaço democrático e transparente, onde clientes e vendedores – independentemente da sua dimensão – tenham as mesmas oportunidades. Acreditamos que o valor da Bloop está na liberdade que oferece ao mercado, permitindo que as dinâmicas de compra e venda se desenvolvam de forma natural, sem interferências desnecessárias. No entanto, estaremos sempre atentos ao comportamento dos utilizadores para garantir uma experiência otimizada e ajustada às suas necessidades.
Com um modelo free float, a Bloop adapta-se às tendências e preferências dos seus utilizadores, evoluindo de forma orgânica e sustentável. Estamos entusiasmados por acompanhar esse crescimento e por descobrir, juntamente com a nossa comunidade, o impacto que a plataforma terá no futuro do e-commerce.