FOMO

Judite Mota_140x180

Esqueçam a Ablutofobia – medo de tomar banho – ou a Narigofobia – medo de narizes.

A fobia da moda é o Fear of Missing Out e foi definida como uma ansiedade social resultante de não estar permanentemente online. Vá lá confessem, todos já a sentiram ou viram alguém a sofrer uma crise. A mais clássica é estar a jantar com amigos e haver sempre alguém a verificar o feed do Facebook ou do Instagram. Ou seja, a perder um momento real com pessoas de quem supostamente se gosta para não perder um momento virtual de outros amigos ou conhecidos que estarão, ou talvez não, a fazer alguma coisa mais interessante do que nós. Paradoxal? Bastante.

As formas mais agudas de FOMO aparecem nos adolescentes –um dos meus dorme com o telefone ao lado da almofada com a desculpa “eu adormeço a ouvir música”. Sim, ouvir a “música” das notificações do Snapchat e do whatsApp e do imessage até adormecer de estafa virtuo-social.

E o que é que isto tem a ver com comunicação perguntam vocês? Tudo – respondo eu. Esta necessidade quase patológica de estar sempre actualizado e a actualizar também afecta as marcas. E sendo a nossa uma era de transição, ainda ninguém sabe muito bem como se comportar. Resulta melhor ser fiel a um posicionamento sólido e insistir nele em todas as interacções com o público da marca ou traz mais resultados estar permanentemente on com coisas novas e efémeras? Ou será que o melhor mesmo é fazer ambas as coisas em simultâneo?

É um longo namoro ou um speed date? Este dilema vale sobretudo para a media, seja ela tradicional ou digital. Quantas vezes posso suportar ver determinada peça de comunicação? Porque a comunicação comercial ainda não se move à mesma velocidade da nossa necessidade de coisas novas, sejam elas posts, vídeos de gatos ou anúncios. A síndrome “vi uma vez, está visto” vai rapidamente afectar mesmo a comunicação mais tradicional.

Como podem as marcas tirar partido desta nova realidade comportamental? Produzindo não só peças de comunicação que queiramos muito ver (e não ver muito) mas também de as produzir em quantidade suficiente para que o público da marca tenha um valente ataque de FOMO.

Texto Judite Mota

Fotografia Paulo Alexandrino

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